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CARNES: Mato Grosso deve confinar 618.360 bovinos em 2023 – Imea

15 de agosto de 2023
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Porto Alegre, 15 de agosto de 2023 – O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea)
realizou durante o mês de julho/23 o segundo levantamento das intenções de confinamento de Mato
Grosso para 2023. A pesquisa contou com a participação de 104 confinadores do estado, do total de
153 da amostra, obtendo uma representatividade de 67,97% do total amostrado.

Quanto à perspectiva de confinamento para 2023, 78,85% dos informantes disseram já ter
decidido confinar – aumento de 10,88 p.p. em relação ao resultado obtido no levantamento de
abril/23. Logo, o número de confinadores que haviam optado por não confinar reduziu 17,25 p.p.
ante a abril/23 e fechou em 15,38% nesse levantamento.

O maior número de pecuaristas decididos a realizar a engorda em confinamento refletiu no
aumento do rebanho confinado, que passou de 479,79 mil cabeças no levantamento de abril/23 para
618,360 mil cabeças em julho/23 – aumento de 22,41% para o período. No entanto, o volume ainda é
4,47% menor que o mesmo período do ano anterior e quando comparado com o consolidado de 2022
(realizado em outubro), a redução foi de 12,20%.

Dentre as principais preocupações dos pecuaristas para a tomada de decisão, 76,92% dos
entrevistados destacaram o preço do boi gordo, devido a intensa desvalorização do animal no
último ano. Em números, no indicador Imea, o boi gordo à vista passou de R$ 286,65/@ em julho/22
para R$ 212,35/@ em julho/23, o que representa uma expressiva queda de 25,92% para o período, R$
74,30 a menos por arroba de boi gordo vendida. Essa forte desvalorização afetou diretamente a
lucratividade do produtor, que foi o segundo maior item apontado por eles no levantamento quanto às
preocupações (17,31%).

O percentual de informantes que relatou preocupação com o preço dos insumos no 2o
levantamento foi de 10,58%, queda de 3,71 p.p. em relação ao 1o levantamento deste ano. Esse
movimento foi reflexo da forte desvalorização nos preços do milho, principal insumo utilizado
como fonte energética na alimentação de bovinos confinados. Para se ter ideia, o preço do milho
disponível para compra ficou na média de R$ 32,97/sc em julho/23, recuo de 44,24% ante a julho/22.

Assim, um dos efeitos dessa desvalorização do cereal foi a redução no custo da diária
confinada no estado, que saiu de R$ 15,71/cab/dia do levantamento anterior para R$ 14,75/cab/dia no
levantamento realizado em julho/23. Apesar de ser o menor valor dos últimos 2 anos, ainda está
acima do observado em 2020, quando o custo médio da diária confinada, em Mato Grosso, estava em R$
9,27/cab/dia (valor levantado em outubro/20). Desse modo, apesar da redução no valor de venda do
boi gordo, a maior retração nos preços do cereal favoreceu o poder de compra do pecuarista, no
qual a relação de troca entre boi gordo e milho ficou em 6,44 sc/@ em julho/23.

Entretanto, cabe ressaltar que o custo na diária confinada em Mato Grosso apresenta margem para
redução, uma vez que alguns confinadores ainda possuem estoque de milho “caro” em suas
propriedades. Sendo assim, a tendência é de valores menores para os próximos meses.

A reposição seguiu o mesmo viés de baixa dos preços dos insumos e do boi gordo, o que
favorece o confinador. Se em julho/22 o pecuarista precisava desembolsar R$ 3.781,62 para a compra
de um boi magro de 12 @, em julho/23 o valor passou para R$ 2.807,86/cab. Assim, a redução nos
preços dos animais de reposição contribuiu para o aumento na perspectiva de bovinos confinados,
uma vez que apresenta um peso relevante no custo de produção. O percentual de animais negociados
aumentou, de maneira que durante o 2º levantamento, 91,22% do total de bovinos estimados para o
confinamento já havia sido negociado, avanço de 45,92 p.p. frente ao volume levantado em abril/23.

Quanto a entrega desses animais, a previsão, segundo os informantes, é que os abates se
concentrem entre os meses de julho/23 e novembro/23, com 71,08% do total dos bovinos sendo abatidos
nestes meses, com destaque para setembro/23 com 14,65% e novembro/23 com 14,61%. Em geral, a entrada
de bovinos em confinamento costuma concentrar-se nos meses de seca, uma vez que a redução nas
chuvas diminui o aporte na produção de forragem e a qualidade nutricional das pastagens,
prejudicando a capacidade de lotação do pasto.

Desse modo, a terminação de bovinos em confinamento, além de aliviar a pressão no pastejo,
reduz também o tempo de engorda dos bovinos.

A adoção da gestão de risco por meio de mecanismos de travamento de preços, juntamente com o
planejamento estratégico eficaz, pode diminuir os riscos que as oscilações de preços geram na
rentabilidade da propriedade, uma vez que a negociação prévia permite que o pecuarista se proteja
das flutuações do mercado pecuário, principalmente em anos de baixa do ciclo. O contrato com
vencimento para outubro na B3 (BGIV23), por exemplo, foi cotado na média de R$ 299,84/@ em
fevereiro/23 e em julho/23 a média do mesmo contrato foi de R$ 246,48/@. Embora não tenha havido
avanços significativos no percentual de confinadores que utilizaram esses metódos de proteção de
preços, observou-se uma mudança na preferência pelo tipo de mecanismo. Enquanto a maioria dos
pecuaristas utilizou contratos futuros na B3 no primeiro levantamento (13,79%), em julho/23 a
preferência foi por contrato a termo com o frigorífico (12,66%).

Considerações finais

O 2o levantamento das intenções de confinamento de 2023 em Mato Grosso registrou aumento de
22,41% ante ao 1o levantamento do ano, e a perspectiva é que sejam confinados 618.360 bovinos pelos
os participantes da pesquisa.

No entanto, apesar do aumento em relação ao 1o levantamento, o volume ainda está abaixo no
observado no último ano, sendo 4,47% menor que julho/22 e 12,20% menor que o consolidado de 2022.

O preço do boi gordo ainda é o principal fator de preocupação na tomada de decisão entre
pecuaristas e lideranças do setor, sendo apontado por 76,92% dos participantes.

Apesar da redução no valor de venda do boi gordo, a maior desvalorização do milho favoreceu
o poder de compra do pecuarista e reduziu o custo da diária confinada, que ficou em R$ 14,75
cab/dia na média do estado. No entanto, cabe ressaltar que o indicador ainda apresenta margem para
maiores reduções, uma vez que muitos confinadores ainda possuem um estoque alimentar caro em suas
propriedades.

O percentual de animais já garantidos ficou em 91,22%, aumento de 45,92 p.p. em relação ao
último levantamento, reflexo da maior certeza dos confinadores em realizar a terminação
intensiva.

Ainda, a previsão de entrega dos bovinos confinados para as indústrias deve se concentrar
entre os meses de julho/23 e novembro/23, com 71,08% do total dos bovinos sendo abatidos nestes
meses, com destaque para setembro/23 (14,65%) e novembro/23 (14,61%). As informações partem do
Imea.

Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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