Porto Alegre, 14 de julho de 2023 – Para conter o avanço da influenza aviária, no Brasil,
auditores fiscais federais agropecuários atuam na identificação, no diagnóstico e no
sequenciamento genético do vírus H5N1 no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA), em
Campinas (SP), ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). De acordo com a
Organização Mundial de Saúde Animal, a unidade é referência no diagnóstico da doença, na
América do Sul.
O trabalho consiste inicialmente na coleta de amostras em aves suspeitas de terem contraído a
doença, em qualquer região do país. “O procedimento é realizado por fiscais estaduais
agropecuários que vão verificar se as aves estão com sintomas comuns da H5N1, como pescoço
torto, se estão cambaleando, com dificuldade respiratória, e, em seguida, coletar amostras do
sistema nervoso, digestivo e respiratório do animal para enviar ao laboratório de referência, que
é o de Campinas”, explica a auditora agropecuária Dilmara Reischak, responsável pela unidade de
diagnóstico e identificação genética animal do LFDA-SP.
No LFDA, o material passa por análises de PCR em tempo real, procedimento que detecta o RNA do
vírus. Após confirmar a presença de H5N1, os auditores federais agropecuários iniciam o
sequenciamento genético. “É nessa fase que a gente consegue identificar se o vírus que está
circulando naquela região do país onde foi coletada a amostra é de alta ou baixa patogenicidade”,
afirma a médica veterinária.
O vírus de alta patogenicidade, segundo a especialista, é aquele que tem potencial de causar
alta mortalidade em aves e grandes prejuízos socioeconômicos. Por isso, os órgãos de defesa
agropecuária precisam definir rapidamente ações para coibir a disseminação da doença. Já o de
baixa patogenicidade precisa ser monitorado, pois pode sofrer mutações e se transformar num vírus
de alta patogenicidade.
Migração do vírus
O primeiro caso confirmado de gripe aviária no país ocorreu em maio deste ano, no Espírito
Santo, em ave silvestre. Até esta sexta-feira (13), cerca de 1,5 mil casos foram investigados,
sendo que em 328 houve a necessidade de coleta de amostras para testes laboratoriais. Dessas
amostras, 63 apresentaram resultado positivo para vírus da influenza aviária de alta
patogenicidade. Outros 6 casos estão em análise. O Mapa conta com um painel on-line que atualiza
em tempo real os números. (Acesse aqui)
Segundo Reischak, a chegada da gripe aviária já era esperada no Brasil. “Nós já tínhamos
certeza de que o vírus entraria no país, pois começaram a ter ocorrências em países próximos,
como a Colômbia. Então, já vínhamos nos preparando para isso”, conta a auditora.
A médica veterinária, que desde 2002 atua na unidade, explicou que o vírus H5N1 se hospeda
naturalmente em aves silvestres migratórias, como aves costeiras. Uma das explicações para a
introdução da patologia no Brasil é que as aves saem do inverno no hemisfério norte para
aproveitar o verão no hemisfério sul, onde se reproduzem. Antes de chegar na Colômbia, focos da
doença já haviam sido detectados na América do Norte e Central. “O vírus foi ‘descendo’, junto
com as aves migratórias, até chegar aqui, no Brasil. O problema maior é a disseminação dele
dentro do território nacional e uma eventual entrada em granjas comerciais”, alerta Reischak.
Dos 63 casos confirmados, 62 foram verificados em aves silvestres e um em ave de subsistência.
“Já identificamos a presença do vírus em aves como gavião-preto e carcará, por exemplo, que
são animais que se alimentam da carcaça de outras aves. “O objetivo agora é manter a vigilância,
detectar novos casos com rapidez e, na medida do possível, conter o avanço da doença”, ressalta a
auditora. Segundo a especialista, qualquer pessoa que observe um comportamento estranho em aves deve
acionar a unidade veterinária local ou o órgão de defesa agropecuária estadual.
Defesa agropecuária
O trabalho dos auditores fiscais federais agropecuários, em conjunto com o setor produtivo e a
carreira fiscal estadual, tem mantido o controle da influenza aviária no país. Além do
diagnóstico e do sequenciamento genético em laboratório, existe a atuação nas agroindústrias,
principalmente na prevenção da entrada do vírus em granjas comerciais. Até o momento, não há
confirmação de casos da patologia na produção comercial.
Para o presidente do Anffa Sindical, Janus Pablo Macedo, a defesa agropecuária é de extrema
importância para a manutenção do agronegócio brasileiro. “Sem o trabalho da defesa
agropecuária, poderíamos ter inúmeros prejuízos socioeconômicos. Temos uma grande
contribuição na barreira zoossanitária do país, evitando a introdução de doenças e pragas em
nosso território”, afirma Macedo. As informações da assessoria de imprensa do ANFFA Sindical.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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