Porto Alegre, 27 de fevereiro de 2015 – A situação dos setores de
produção animal do Rio Grande do Sul está no limite em função dos bloqueios
nas rodovias do Estado. Indústrias paradas, animais em sofrimento, produtos
estragando, alimentos descartados e problemas ambientais pela frente.
As agroindústrias, cooperativas e produtores já contabilizam prejuízos
de milhões de reais. O corte no fluxo comercial compromete, já para a
próxima semana, o cumprimento de compromissos como pagamento de fornecedores,
tributos e salários.
Entidades representativas dos quatro principais setores de produção
animal do Rio Grande do Sul – aves, suínos, pecuária de corte e de leite –
se uniram para pressionar o Governo e os parlamentares gaúchos estaduais e
federais para que façam cumprir as liminares de desbloqueio de rodovias já
emitidas pela Justiça Federal e pela Procuradoria-Geral do Estado.
Uma nota conjunta oficial foi enviada para o governador José Ivo
Sartori e também aos deputados, na expectativa de uma rápida solução para o
problema. “Até segunda-feira, a maioria das indústrias estará parada, caso
a situação não se normalize imediatamente”, diz a nota.
“Precisamos de uma posição sobre as liminares. A Justiça Federal
nem aceita novos pedidos já que os anteriores ainda não foram cumpridos. Temos
que, ao menos, fazer chegar ração às granjas, pois os animais estão
morrendo de fome”, desabafa Rogério Kerber, do Sindicato das Indústrias de
Produtos Suínos.
No setor de laticínios, as indústrias deixaram de receber nos últimos
dias mais de quatro milhões de litros de leite. “Além da falta do produto,
já não temos mais embalagens e outros insumos necessários à produção”,
lamenta Darlan Palharini, do Sindilat.
Na avicultura, que embarca diariamente 2,5 mil toneladas para diversos
países, os prejuízos comerciais – além dos financeiros – são muito
grandes. “Estamos deixando de cumprir compromissos contratuais com nossos
compradores”, afirma Santos, da Asgav. O setor de aves abate, diariamente,
três milhões de cabeças.
As indústrias de suínos foram as primeiras a sentir os efeitos dos
bloqueios. Animais sem ração nas granjas dos integrados começam a passar fome
e mortalidade já é registrada. Sem condições de irem para o abate, os
suínos terão que ser sacrificados na propriedade, causando um sério problema
ambiental, pois não há local para o descarte ou enterro dos animais.
“Nas indústrias, faltam embalagens, condimentos e espaço no estoque
para continuar as atividades”, lamenta Rogério Kerber.
No segmento de carne bovina, os frigoríficos já estão praticamente
parados. “Os caminhões de graxarias e couros não conseguem chegar nas
plantas e, sem eles, o abate para”, explica Zilmar Moussale, diretor do
Sicadergs. Além disso, cargas de carne não estão chegando às indústrias
processadoras, que também já suspenderam a produção.
Moussale afirma que nos próximos dias o abastecimento de carne para o
consumidor gaúcho deve ficar comprometido, pois o produto que estava vindo do
Paraná e do Tocantins não consegue entrar no Estado. “Apesar de serem
caminhões refrigerados, já temos cargas condenadas, paradas nas rodovias.”
As informações partem da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Agricultura,
Pecuária e Abastecimento do Rio Grande do Sul.
Revisão: Carine Lopes (carine@safras.com.br) / Agência Safras
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Atualizado em: 17/06/2025 09:45