Porto Alegre, 9 de dezembro de 2022 – O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal
(Sindirações) divulga o balanço do setor de alimentação animal em 2022, com estimativa final de
crescimento de 1,3%. Os resultados apurados até este momento apontam para produção de
aproximadamente 82 milhões de toneladas de rações.
Os segmentos com perspectiva de melhor desempenho do setor são suínos, com crescimento de 4%;
gado de corte, aumento de 3%; e cães e gatos, com avanço de mais de 6,0%. Poedeiras e leite seguem
com desempenho negativo quando comparadas ao exercício anterior, e poderão retroceder até 4% e
3%, respectivamente.
Para Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações, “o ambiente inflacionário que afligiu toda cadeia
produtiva global de proteína animal comprometeu os resultados dos produtores brasileiros de carnes,
ovos e leite, sejam eles verticalizados ou independentes, impactando os índices do setor. Ainda
assim, é louvável o desempenho do setor diante da escassez de insumos e da inflação cambial, as
quais continuam turbinando os custos de produção e os preços de produtos e serviços que
corroeram o poder de compra dos consumidores”, diz.
Para 2023, a projeção de desempenho está além dos fatores de risco ou sucesso inerentes do
mercado, aponta Ariovaldo: “Apesar da aflitiva instabilidade geopolítica e fragilidade
socioeconômica contemporânea, a projeção que posso fazer é sobre o invejável desempenho do
Brasil como protagonista global na produção e exportação de gêneros agropecuários, em boa
parte pela inovação e pelo robusto potencial energético renovável, necessário ao combate dos
indesejáveis efeitos das alterações climáticas”, complementa.
O CEO do Sindirações também fez uma análise setorial para o setor, conforme consta abaixo.
ANÁLISE SETORIAL, Por Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações
CERTEZA DA INCERTEZA
“Uma coisa é certa: o fato de não podermos dar nada por certo; sendo assim, não é certo que
não podemos dar nada por certo”
A projeção de crescimento do PIB brasileiro não deve superar 1% em 2023 (incremento de 0,7%,
segundo Boletim Focus de novembro), apesar da contribuição do agronegócio (atividade responsável
por 25% do PIB que avançou 2,8% em 2022), setor reconhecido como modelo de sucesso para gestão,
inovação tecnológica e incremento da produtividade.
Não obstante, é louvável ressaltar a invejável resiliência do empreendedor brasileiro
frente ao minguado avanço de produtividade da mão de obra, da contração da oferta pela escassez
de insumos e da inflação cambial, as quais continuam turbinando os custos de produção e os
preços livres de produtos e serviços que corroem o poder de compra dos consumidores.
Os indicadores continuam apontando para a alta no custo do capital, valorização do dólar e
incremento nas transações comerciais, combinação circunstancial, que no curto prazo, deve manter
o cenário tão conturbado quanto o verificado até agora. Essa possibilidade segue contextualizada
à conjuntura econômica internacional atrelada à previsão de apagão na Eurozona, à contração
até mais branda nos Estados Unidos, e à China, abalada pela forte desaceleração do seu mercado
imobiliário e fraqueza nas transações internacionais.
A compreensão exata da futura política econômica a ser praticada, no entanto, somente poderá
ser desvendada depois de vários meses da posse do novo Governo eleito, pois o desdobramento
dependerá do antigo modelo econômico calcado no voluntarismo exagerado ou alternativamente
modulado por política sólida e previsível.
Por enquanto, o cenário revela queda dos ativos em bolsa de valores e alta do dólar, muito
embora, não se descarte a possibilidade do ingresso de mais dólares para compra de ativos baratos
e alguma valorização da moeda local, dependendo do sentido e direção dos movimentos durante a
fase de transição no Executivo Federal.
Além disso, a hipotética ausência da decisiva guinada em direção às necessárias reformas
administrativa e tributária, poderá alimentar as limitações ainda sustentadas na inflação e
pressão fiscal, baixa competitividade e infraestrutura deficiente, inércia da produtividade e
elevação do custo, ineficiência pública e regulação inadequada, insegurança jurídica,
somadas à extemporânea diplomacia comercial internacional.
Diante das conjecturas e à despeito dos inevitáveis conflitos institucionais, continuaremos
reivindicando atenção dos governantes no tocante à implementação das políticas públicas,
necessárias à sustentabilidade e prosperidade da cadeia produtiva, com prioridade para a
Regulamentação do Autocontrole (Fiscalização baseada no risco); da Reforma Tributária
(isonomia, produtividade e competitividade); da Diplomacia Comercial (acordos gerais de
preferência, fortalecimento da exportação de manufaturados); e do Equilíbrio do Investimento e
Planejamento Agropecuário (balanceamento justo da destinação dos recursos e incentivos).
A sinergia entre as principais lideranças do agronegócio será fundamental para estimular os
novos agentes públicos na elaboração de programas, ações e atividades desenvolvidas direta ou
indiretamente pelo Estado, constituídas preferencialmente por instrumentos de planejamento,
execução, monitoramento e avaliação, com a contribuição popular e do segmento envolvido, de
maneira que o exercício da cidadania e os direitos econômicos sejam preservados, conforme assegura
a Constituição Federal.
Apesar da aflitiva instabilidade geopolítica e fragilidade socioeconômica contemporânea,
conforta saber que o invejável desempenho de um Brasil protagonista global na produção e
exportação de gêneros agropecuários, continuará garantido, em boa parte pela inovação e pelo
robusto potencial energético renovável, necessário ao combate dos indesejáveis efeitos das
alterações climáticas.
ANÁLISE POR SEGMENTO
FRANGOS DE CORTE
A demanda de rações para frangos de corte de janeiro a setembro alcançou 26,7 milhões de
toneladas e avançou 0,5% em resposta ao maior ritmo de alojamento de pintainhos. A previsão é
produzir 35,8 milhões de toneladas ao longo de 2022 e ainda avançar 1%.
POEDEIRAS
A produção de rações para poedeiras de janeiro a setembro somou quase 5,1 milhões de
toneladas, um recuo de 5%, quando comparado ao mesmo período do ano passado. Apesar de alguma
reação no alojamento das poedeiras em meados do ano, a demanda não deve superar os 6,9 milhões
de toneladas, e assim, retroceder 4% ao longo de 2022.
SUINOS
Segundo o IBGE, o abate de suínos de janeiro a setembro superou em 4,5% aquele contabilizado no
ano passado. Em resposta, a demanda de rações avançou 3,6% e atingiu 14,6 milhões de toneladas.
Apesar do descompasso entre o custo de produção e o preço pago/kg vivo ao produtor, é possível
alcançar durante todo o ano de 2022, cerca de 20,5 milhões de toneladas de rações para suínos e
ainda avançar 4% em relação ao que foi produzido em 2021.
BOVINOS DE LEITE
O custo de produção para os produtores de leite e a fraca demanda por lácteos no varejo
determinaram razoável retrocesso na atividade, principalmente durante o primeiro semestre. A
melhora nas pastagens com a chegada das chuvas e, principalmente no incremento do preço do leite
pago ao produtor a partir de julho, redundou na demanda de 4,5 milhões de toneladas de rações,
montante quase 3,5% menor quando comparado àquele produzido no mesmo período do ano passado.
Apesar da forte competição imposta pelo leite importado e interrupção na valorização do preço
do leite cru, a melhora nas pastagens por conta das chuvas poderá ainda minimizar as dificuldades
da atividade e culminar na produção de 6,2 milhões de toneladas de ração.
BOVINOS DE CORTE
A produção de carne bovina continua sustentada na expedição aos clientes estrangeiros,
enquanto prevalecem baixas perspectivas de avanço na demanda doméstica por conta da fragilidade
econômica dos consumidores.
De janeiro a setembro foram produzidas mais de 4,5 milhões de toneladas de rações para bovinos de
corte e, somado ao previsto para o último trimestre, pode resultar no montante de 5,9 milhões de
toneladas, ou seja, um avanço de 3% durante o ano de 2022.
PEIXES E CAMARÕES
A produção de rações para peixes e camarões somou pouco mais de 1 milhão de toneladas de
janeiro a setembro, quantidade modulada pela queda no consumo pelos peixes por conta do atípico e
persistente clima mais frio nas regiões produtoras, muito embora, moderada recuperação deve se
dar nos últimos meses do ano e permitir a produção de aproximadamente 1,4 milhão de toneladas de
rações, ou seja, avanço da ordem de 3% em todo o ano de 2022.
CÃES E GATOS
Segundo as previsões do Instituto Pet Brasil, as vendas de alimentos para animais de
companhia/pet food poderão superar R$ 33 bilhões no ano corrente e crescer algo em torno de 18%.
Apesar do forte incremento no custo de produção (macro e micro ingredientes, embalagens, energia,
folha salarial, etc.) e de algum repasse ao preço praticado no varejo, a demanda de alimentos para
cães e gatos aproximou-se de 2,5 milhões de toneladas, de janeiro a setembro. A previsão é que
durante o ano de 2022 o avanço alcance 6,5% e totalize o montante de 3,7 milhões de toneladas.
As informações partem da assessoria de imprensa do Sindirações.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/08/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,81Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.675,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.400,00Milho Saca
R$ 69,88Preço base - Integração
Atualizado em: 19/08/2025 08:45