Porto Alegre, 20 de maio de 2022 – O IBGE publicou no dia 11 os dados
preliminares de abate do primeiro trimestre de 2022. Mesmo com a crise da
suinocultura, que se iniciou no ano passado, o abate de suínos de janeiro a
março de 2022 foi maior que o mesmo período do ano passado (+6,73% em
toneladas e +7,20% em cabeças), e maior que o último trimestre de 2021 (+2,12%
em toneladas e +4,58% em cabeças). Ainda em relação ao primeiro trimestre do
ano passado, quando comparada com as demais carnes, a proteína suína foi a
que mais cresceu.
Mantida esta média do primeiro trimestre para o restante do ano de 2022,
projeta-se um aumento da produção da ordem de quase 2%, podendo chegar à
marca de 5 milhões de toneladas. Mas é pouco provável que este crescimento
continue no mesmo ritmo, pois há indícios de que, desde o final do ano
passado, houve redução de matrizes que certamente impactará a produção do
segundo semestre deste ano com queda nos volumes produzidos.
Os números do início deste ano são muito significativos e se
descontarmos as exportações, fica mais evidente a sobre oferta no mercado
doméstico, determinando preços pagos ao produtor bem abaixo de todo ano
passado. O consultor de mercado da ABCS, Iuri Pinheiro Machado, explica: “Se
analisarmos mês a mês, em março foram 4.946.445 cabeças. Extrapolando esse
número para o ano daria 59,3 milhões de cabeças, sendo que no ano passado
foram pouco menos de 53 milhões de cabeças. Tudo indica que o ponto de
equilíbrio do mercado doméstico é com disponibilidade interna de pouco mais
de 300 mil toneladas por mês. Em março foram ofertadas 371 mil toneladas.”
No mês de abril houve uma “bolha” de demanda por carne suína na segunda
quinzena que se manteve até a véspera do dia das mães, mas que logo em
seguida se desfez para novo viés de queda de preço nos últimos dias.
Conforme já relatado, as exportações de carne suína in natura
acumuladas até abril de 2022 estão abaixo do mesmo período do ano passado em
quase 17 mil toneladas, sendo que a China, o maior mercado para o Brasil,
reduziu em quase 67 mil toneladas a compra nestes quatro meses, quando comparado
com o primeiro quadrimestre de 2021.
Os dados de embarques até o dia 14, indicam que o mês de maio não será
favorável às exportações de carne suína in natura. No acumulado deste mês
com 10 dias úteis apurados, foram exportadas somente 33,4 mil toneladas, média
de 1 mil toneladas a menos por dia (-31%) que maio de 2022. O único fato
positivo das exportações de maio/22 é o preço do kg embarcado que acumula
média de US$ 2,353, pois desde setembro/21 não ultrapassava a marca de US$
2,30.
Custo reduziu em abril, mas suinocultor continua contabilizando prejuízos
De novembro de 2021 a março de 2022 os custos de produção da
suinocultura vinham em uma escalada de crescimento ininterrupta, com milho
passando de 100 reais a saca de 60 kg e o farelo de soja a mais de 3 mil reais a
tonelada em algumas regiões, determinando um custo por quilograma de suíno
vivo próximo a 8 reais em março na região sul.
Em abril esta escalada no custo foi interrompida com a queda das cotações
dos principais insumos. O aumento da demanda por óleo de soja, impulsionou a
produção de farelo que apresentou recuo nos preços se aproximando de 2.200
reais/tonelada em algumas praças. Já o milho com a aproximação da segunda
safra ao longo de abril e início de maio foi comercializado em Campinas abaixo
de 90 reais a saca (Cepea). Conforme levantamento feito pela ABCS junto a suas
filiadas, em abril as relações de troca do kg do suíno com o kg de milho
(4,26) e com o farelo de soja (2,39) foram as melhores desde outubro de 2021,
mas não chegaram a valores que permitam margem positiva na atividade (com
mínimo em torno de 6 para o milho e 3,5 para o farelo).
A Conab divulgou no dia 12 de maio, o último levantamento de projeção da
safra 2021/22, mantendo a previsão de safra recorde de milho com um total de
114,6 milhões de toneladas (tabela 5), sendo 87,7 milhões na segunda safra,
cuja colheita se inicia neste mês de maio.
A pequena reação dos preços do suíno ocorrida no final de abril não se
sustentou por mais do que duas semanas e o custo continua em patamar elevado,
em compasso de espera pela concretização da maior segunda safra de milho da
história do país. “Diante disto, é possível afirmar que o primeiro semestre
de 2022 do ponto de vista de rentabilidade, está perdido restando ao setor a
expectativa de um segundo semestre com menos oferta de suínos e insumos em
maior disponibilidade a preços mais acessíveis. Infelizmente a persistência
da crise endivida cada vez mais os suinocultores que precisarão de muitos meses
de mercado favorável para ao menos recuperar o prejuízo acumulado desde o
início de 2021”, explica o presidente da ABCS, Marcelo Lopes. As informações
partem da assessoria de imprensa da ABCS.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 13/06/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,43Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.750,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 66,75Preço base - Integração
Atualizado em: 17/06/2025 09:45