Suinocultura

Contra protecionismo, associações acreditam em Livre Comércio com EUA

9 de novembro de 2016
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Após a declaração do secretário adjunto de Relações Internacionais do Mapa, Alexandre Pontes, que o Brasil pode importar carne suína dos Estados Unidos e que as negociações já estão avançadas muitos questionamento vieram à tona sobre os impactos que a abertura de mercado poderia causar à suinocultura brasileira.

Levando em consideração as diversas vertentes que abraçam a questão, para duas das principais associações do setor, Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o assunto ainda se trata apenas de uma consulta e a declaração diz respeito a uma intenção.

Em resposta ao questionamento da Suinocultura Industrial, a ABPA afirma ter recebido com tranquilidade a informação de que está na meta dos Estados Unidos a abertura do mercado brasileiro para sua carne suína. “Primeiramente por acreditarmos na economia livre. Como se sabe, em termos de comércio internacional, não é possível almejar a abertura de um mercado sem que se abra o seu próprio. A ABPA é contra o protecionismo e respeita o princípio da reciprocidade”, enfatizou a entidade.

A Associação Brasileira ainda frisou que ainda não há tratativas sobre o tema, apenas a declaração de intenção dada pela Embaixadora Norte-americana em evento da CNA. “Ainda assim, quando tais negociações se derem, haverá uma série de tramites a se cumprir como a realização de missões para habilitação de plantas, avaliação de status sanitário e outros. É um longo processo”, expôs.

Na balança, tem que sair mais do que entra – Em contato com o diretor executivo da ABCS, Nilo Sá, este reforçou se tratar apenas de uma consulta, que se estende, por parte do EUA, há mais de dois ano, e precisa ser avaliada com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). “É importante lembrar que o mercado americano está aberto para o mercado brasileiro há quase quatro anos. Desde então eles consultam também sobre a possiblidade do Brasil abrir o mercado. O comércio internacional espera ser uma via de mão dupla”, entende.

Ponderando que, assim como os Estados Unidos, o Brasil é um país de excedente de produção e custo muito competitivo, Nilo entende que mesmo com o mercado aberto não significa que vão haver negócios, transações entre países e em volume significante. “Basta ver o contrário, nós exportamos quase nada para os EUA e o mercado lá é aberto para nós. A recíproca é verdadeira, então o fato do Brasil ser um país muito competitivo em no custo , ter excedente de exportação isso certamente limita potenciais exportações para o Brasil, salvo alguns produtos específicos.
Nilo lembra que atualmente os Estados Unidos são os maiores exportadores mundiais de carne suína e também são os maiores importadores de carne suína. “Isso mostra muito claramente que no todo o jogo tem sido muito positivo para eles, abrem o mercado para 400 mil/t mas acessam mais de 2 milhões/t; então, sob essa ótica o Brasil precisa avaliar o nosso potencial. Na hora que eu por na balança, tem que sair mais do que entra, não pode aumentar a disponibilidade interna mas, sim, diminuir.

Recusa por uma medida protecionista pode levar a reação – Certamente o Governo vai considerar o quanto isso pode impactar o mercado interno, entende Nilo. “Outra coisa importante, que certamente o Governo precisa considerar é se a recusa do Brasil por uma medida simplesmente protecionista, sem um embasamento técnico ou sanitário, por exemplo, pode levar a algum tipo de reação do mercado internacional sobre nossos produtos, não só carne suína”, pondera. “Precisa avaliar se a recusa protecionista não pode levar algum tipo de embargo e o efeito disso pode ser tão ruim quanto importar um grande volume, dá na mesma eu não importar nada mas também deixar de exportar”, justifica.

Questionado se esse seria o melhor momento para abrir o mercado de carne suína para os americanos, Nilo analisa que do ponto de vista do mercado interno, não existe momento bom. “É claro que isso aumenta a disponibilidade interna e pode prejudicar o preço, mas a questão é, efetivamente, abrir mercado significa importar? O milho, por exemplo: se a gente não vai importar carne suína, também não podemos importar milho dos EUA?”, questiona.

O impacto negativo para Nilo é obvio: abaixar o preço do mercado interno, “isso é claro, não tem discussão. Isso preocupa? Preocupa. Só que é aquela história de avaliar o tabuleiro todo, não só uma peça. O governo tem que avaliar se no todo do jogo nos vamos ganhar. O que a gente vem acompanhando é que o governo quer aumentar a participação do Brasil no mercado mundial, mas é impossível fazer isso só abrindo mercado externo sem abrir o interno”, conclui.

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