Agroindústrias e Cooperativas

Cooperativas gaúchas buscam novas tecnologias no Vale do Silício

25 de setembro de 2019
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O faturamento do setor cooperativista gaúcho em 2018 (último dado disponível) foi de R$ 48,2 bilhões. Representa aumento de 12,3% na comparação com o ano anterior. Só para se ter uma ideia do bom desempenho, a economia gaúcha teve tímido crescimento de 1,2% no mesmo período. Mas nem mesmo os constantes resultados positivos têm acomodado as cooperativas. A busca por inovação, novas tecnologias e aperfeiçoamento têm sido um mantra dessas entidades.

O setor cooperativista organizou a chamada Missão Vale do Silício. As entidades de saúde foram as primeiras a viajar 10,5 mil quilômetros — entre os dias 29 de abril e 3 de maio — em busca de novidades no ramo que possam ser aplicadas no país e proporcionar o bem-estar aos pacientes. Mais recentemente, viajaram representantes de cooperativas agropecuárias.

A imersão no mundo tecnológico foi organizada pela Escoop – Faculdade de Tecnologia do Cooperativismo.

— As mudanças tecnológicas e comportamentais que a gente vem observando na sociedade têm impactado todas as áreas. E as cooperativas também fazem parte desse contexto. Entendemos que a inovação é um caminho para que a gente consiga manter as cooperativas operantes e crescendo — destaca Carlos Alberto Oliveira de Oliveira, professor e coordenador da instituição.

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Engenheiro agrônomo, com mestrado em Agronegócios e doutorando na área de administração com foco em inovação, tecnologia e sustentabilidade, Oliveira conta que a missão começou a ser pensada ainda no ano passado. Para ele, mesmo diante dos constantes resultados positivos, o futuro do setor precisa ser projetado.

— A sustentabilidade das cooperativas vem sendo tratada por meio da inovação — defende.

Para o professor, a missão superou as expectativas do grupo.

— Além de sensibilizar os participantes, nós já observamos iniciativas e ações que foram incentivadas a partir desse momento da missão. A gente vê o processo de intercooperação, que é um dos princípios que temos no cooperativismo, sendo incentivado por meio da inovação — conclui Oliveira.

Missão Saúde
Participaram da primeira missão médicos cooperados da Unimed e dentistas associados à Uniodonto, os dois maiores sistemas cooperativistas do ramo no Rio Grande do Sul. O setor de saúde possui 58 cooperativas, 23,7 mil associados e 10,6 mil empregados em solo gaúcho.

O cardiologista Aldo Pricladnitzki, presidente da Unimed Vales do Taquari e Rio Pardo, foi um dos que participaram da missão. Ele comanda uma equipe responsável por atender 236 mil usuários.

— Já faz um bom tempo que eu venho muito interessado nessa área de inovação. E está faltando no nosso sistema cooperativo Unimed do Rio Grande do Sul uma forma de ter acesso melhor, mais direto a respeito do que está acontecendo nesse mundo que envolve startup, inteligência artificial e biotecnologia — destaca.

Para o médico, foi uma grande oportunidade para ver in loco os avanços da tecnologia.

— Tudo que nós vimos lá, sem nenhuma exceção, mexeu com a nossa cabeça. Nós viemos de lá com uma forma diferente de pensar. E com uma missão forte que nós somos hoje os agentes, dentro do sistema Unimed, responsáveis pelo futuro do que vai acontecer — ressalta.

O doutor em Medicina e Ciências da Saúde e professor na Escola de Medicina da PUCRS Salvador Gullo Neto foi responsável por ciceronear a missão brasileira na área de saúde ao Vale do Silício.

— O sistema cooperativo como um todo não está preparado para esse novo mindset (mentalidade) que a gente vê que está inundando os diversos setores da economia. Existe toda uma outra forma de pensar, de fazer gestão — disse o médico, que atualmente faz pós-doutorado nos Estados Unidos e mora em San Diego.

Salvador foi diretor da Unimed Porto Alegre até decidir viajar para os Estados Unidos para fazer o seu pós-doutorado, que tem como foco a segurança do paciente. Ele, inclusive, é CEO do aplicativo Dr. Rafael, pioneiro no mundo, segundo ele, em que o paciente ou seu familiar avaliam as condições dos hospitais, pelo celular ou tablet, sem a necessidade de preencher formulários e com fácil utilização.

O aperfeiçoamento nos tratamentos da saúde bucal também estava entre os objetivos da Missão Vale do Silício. Para o diretor do ramo saúde do sistema Ocergs/Sescoop e presidente da Federação das Uniodontos do Rio Grande do Sul, Irno Augusto Pretto, a concorrência é mais um item que impulsiona a busca pelo novo.

— Estão começando a entrar multinacionais na área da saúde. Tanto odontológica, quanto médica. E com valores muito baixos. Então, o desafio nosso era saber com quem vamos lidar no futuro — sustenta o dentista.

Segundo Irno, os dentistas ficaram deslumbrados com o que viram de novas tecnologias.

— Uma coisa impressionante. Desconstrói toda a tua linha de pensamento — conta.

Júlio Cesar Cordova Maciel, presidente da Uniodonto Porto Alegre, diz que o Rio Grande do Sul também possui uma série de startups e é celeiro de inovação, mas ainda distante do que existe em território americano.

— O que a gente ouviu lá é a necessidade do que a gente precisa. Tem que ter conhecimento da necessidade. Se a gente não tem, a gente vai ficar correndo atrás do rabo sempre.

Para Maciel, já há como aplicar no país algumas das tecnologias utilizadas no setor de odontologia, como “as relativas à inteligência artificial”.

— Através de uma foto é possível fazer o pré-diagnóstico de uma lesão maligna.

Missão Agropecuária

Na semana que passou, também em busca de inovação e novas tecnologias, representantes de 25 cooperativas agropecuárias viajaram ao Vale do Silício. Esse setor possui 128 entidades no Estado, 350 mil associados e 36,6 mil empregados.

— Foi gratificante participar dessa missão ao Vale do Silício. Tivemos o privilégio de ver muito empreendedorismo em um mundo de muita riqueza, mas ao mesmo tempo de tanta simplicidade — destaca Ana Marlize Schreiner, da Cooperativa Cotribá.

Para Martim Fernando Brackmann, da Cooperativa Languiru, o conhecimento adquirido durante a missão é “plenamente aplicável no contexto das atividades já realizadas pelas cooperativas do Rio Grande do Sul”.

— Logicamente, tudo em sua devida proporção de tempo e espaço, mas o legado mais importante deixado pela missão é que existem muitas oportunidades no mercado e que inovar é preciso. E que as empresas que não acompanharem estas transformações terão num futuro próximo grandes dificuldades de se viabilizar economicamente — destaca.

Próxima missão
No dia 28 de setembro, representantes de cooperativas de crédito viajam para a última missão deste ano para o Vale do Silício. O setor possui 86 entidades no Rio Grande do Sul, dois milhões de associados e 10,7 mil empregados.

Cotação semanal

Dados referentes a semana 28/06/2024

Suíno Independente kg vivo

R$ 6,99

Farelo de soja à vista tonelada

R$ 2.205,00

Casquinha de soja à vista tonelada

R$ 1.300,00

Milho Saca

R$ 63,50
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Atualizado em: 02/07/2024 14:00

AURORA* - base suíno gordo

R$ 5,55

AURORA* - base suíno leitão

R$ 5,65

Cooperativa Majestade*

R$ 5,55

Dália Alimentos* - base suíno gordo

R$ 5,50

Dália Alimentos* - base leitão

R$ 5,65

Alibem - base creche e term.

R$ 4,70

Alibem - base suíno leitão

R$ 5,55

BRF

R$ 5,35

Estrela Alimentos - creche e term.

R$ 4,52

Estrela Alimentos - base leitão

R$ 5,60

JBS

R$ 5,30

Pamplona* base term.

R$ 5,55

Pamplona* base suíno leitão

R$ 5,65
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