Porto Alegre, 25 de janeiro de 2021 – A presidente da Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, disse que a instituição negocia com a
AstraZeneca a possibilidade de receber 15 milhões de doses prontas de vacinas
para garantir a imunização até que chegue ao Brasil o Ingrediente
Farmacêutico Ativo (IFA) que vai permitir a produção de vacinas em
BioManguinhos, da Fiocruz.
“Até que esse gap possa ser superado sempre com o objetivo de trazer de
forma mais rápida possível a vacina para nossa população e também de
começar a produzir o mais rápido possível”, informou em entrevista à
imprensa neste sábado (23), logo antes do início da distribuição de 2
milhões de doses de vacina da AstraZeneca pelos estados brasileiros. O
imunizante chegou na sexta-feira (22) ao Brasil, vindo da India.
De acordo com Nísia Trindade, as medidas estão estabelecidas no contrato
de encomenda e tecnologia e também no memorando de acordo geral da AstraZeneca
para encomenda e depois de transferência de tecnologia, quando todas as etapas
serão feitas em BioManguinhos. “Isso tudo é contratual. Estaremos recebendo
inicialmente 15 milhões de doses”, disse, acrescentando que há um aceno da
AstraZeneca para antecipar os envios posteriores, que permitiriam completar até
de 110 milhões e 400 mil doses da vacina. “Um aceno de que possa antecipar,
não agora nesse momento, mas tão logo esse processo da exportação se
resolva, antecipar a vinda de meses seguintes”, revelou.
Para a presidente da Fiocruz, a grande preocupação atual da instituição
é com a chegada mais célere possível do Ingrediente Farmacêutico Ativo para
a produção de vacinas em BioManguinhos da Fiocruz. Segundo Nísia, a
perspectiva é de receber o insumo no início de fevereiro, por volta do dia 8,
mas não há ainda uma data definida. A presidente disse que o processo passa
por muitas etapas na China, além de por questões diplomáticas, e por isso
não é possível saber quanto tempo vai levar para ser concluído.
Ainda na entrevista do sábado, o diretor de BioManguinhos, Maurício Zuma,
informou que pelo contrato, a Fiocruz vai receber por mês insumos referentes a
15 milhões de doses em dois lotes equivalentes a 7,5 milhões de vacinas, com
intervalo de duas semanas em cada lote. “Se ele [IFA] atrasar um pouquinho
estamos discutindo a possibilidade de acelerar mais para frente a chegada dos
lotes, para ver se a gente consegue antecipar um pouco, porque certamente
teremos mais capacidade de produção do que esse cronograma de lotes. Se a
gente puder receber mais IFA a gente vai poder produzir mais e entregar mais
rápido”, completou.
Entrega
As vacinas desenvolvidas pela Universidade de Oxford e pela
biofarmacêutica AstraZeneca em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), que chegaram ontem (23) ao Brasil, começaram ontem mesmo a ser
distribuídas aos estados. “A vacina chegou muito tarde aqui, mas conseguimos
executar todas as atividades com bastante velocidade, agilidade e logo no
começo da tarde a gente já estava encaminhando vacinas”, afirmou sobre o
processo que antecedeu a preparação para a distribuição das doses aos
estados.
Nísia Trindade ressaltou que as vacinas saíram da Fiocruz após cumpridos
os procedimentos recomendados de verificação da temperatura e das embalagens,
inclusive as avaliações do Centro de Controle de Qualidade em Saúde da
instituição.
India
O cônsul-geral da India, Leonardo Ananda, que estava ontem na cerimônia
de liberação das vacinas, disse que era uma honra estar presente naquele
momento de extrema relevância para a população brasileira. “Mais um passo
está sendo dado no combate a essa pandemia. É também um marco histórico na
relação entre India e Brasil. Duas nações irmãs que os laços vêm se
fortalecendo a cada dia”, disse.
O cônsul disse que é um momento simbólico onde a India está auxiliando
uma nação irmã. “Temos certeza que em pouco tempo terá milhões de vacinas
produzidas nesta casa. A India se orgulha muito de ter estabelecido esta
parceria muito sólida e muito forte, assim como a do Instituto Serum [da
India] com a Fiocruz e BioManguinhos” concluiu. Com informações da Agência
Brasil.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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