Porto Alegre, 10 de fevereiro de 2021 – A maior safra de grãos da
história será colhida em 2021: a produção deve superar 269 milhões de
toneladas (+4,3% sobre a anterior), mesmo em meio aos desafios impostos pela
pandemia da Covid-19.
O crescimento da agricultura brasileira é resultado de uma série de
fatores, incluindo os investimentos dos produtores rurais na prevenção,
controle e tratamento de problemas fitossanitários (insetos, fungos e plantas
daninhas) que podem derrubar em até 100 milhões de toneladas a safra
brasileira, além de comprometer a oferta regular de alimentos na mesa da
população.
De acordo com o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos
para Defesa Vegetal (Sindiveg), Julio Borges, a alta eficiência dos insumos
aplicados nas lavouras contribuiu decisivamente para que não houvesse explosão
de preços dos alimentos. “A crise econômica agravada pela quarentena
prejudicou todos os setores, mas o empenho do agronegócio e as medidas
implantadas para evitar quebras na produção contribuíram para a segurança
alimentar dos brasileiros. Sem os insumos, a inflação dos alimentos teria sido
muito superior ao registrado.”
Em 2020, os agricultores investiram ainda mais no controle de pragas,
doenças e plantas daninhas. A área tratada com defensivos cresceu 6,9% no
país, chegando a 1,6 bilhão de hectares, 107 milhões a mais que em 2019, de
acordo com levantamento exclusivo encomendado pelo Sindiveg à Spark Consultoria
Estratégica.
“O cálculo de área tratada considera o número de produtos e de
aplicações de insumos, assim como a área cultivada, e ajuda a compreender o
cenário de utilização dos defensivos agrícolas. A concentração da área
tratada em 2020 esteve no quarto e no primeiro trimestre do ano, com 46% e 32%
do total, respectivamente. Esse período coincide com o verão, época ideal
para as principais culturas plantadas no território brasileiro”, analisa
Julio.
Em valor de mercado, o setor de defensivos agrícolas, contudo, foi 10,4%
menor em dólar de produto aplicado – abaixo do que estimava a entidade
(11,8%). Foram US$ 12,1 bilhões em faturamento em 2020, ante US$ 13,5 bilhões
de 2019. O valor em dólar em 2020 é o mais baixo em cinco anos. Em real,
porém, o valor do mercado – medido em produtos aplicados – aumentou 10%,
subindo de R$ 53,8 bilhões para R$ 59,1 bilhões.
“De janeiro a dezembro de 2020, a perda cambial foi de 18,5% para o
setor”, informa o presidente do Sindiveg. “A intensa desvalorização do
real frente ao dólar foi um importante desafio para a indústria de defensivos
agrícolas, que tem a maior parte dos seus custos na importação de insumos e
matérias-primas. Devido à consistente variação cambial, não conseguimos
fazer o repasse integral do aumento dos custos, algo que deve acontecer este
ano.”
Julio Borges ainda destaca outro grande desafio: o aumento de preços de
matérias-primas da China de todos os insumos, bem como o custo da logística,
visto que este dobrou por escassez de contêineres e navios. Como todos os
segmentos da economia, os químicos também sofrem com a dinâmica da crise
logística mundial. Mais um ponto de repasse nos custos dos produtos para a
próxima safra.
Segmentos, culturas e regiões
Assim como nos anos anteriores, o combate aos insetos envolveu maior área
tratada em 2020. Foram mais de 413 milhões de hectares, cerca de 25% do total.
Em seguida, aparecem os herbicidas, com cerca de 401 milhões de hectares (24%).
Os produtores também destinaram fungicidas a 306 milhões de hectares (19%) e
outros 149 milhões de hectares receberam aplicações de produtos para o
tratamento de sementes (9%).
“O ataque de pragas no Brasil é mais severo do que em qualquer outro
país, devido às condições climáticas de um país tropical, com temperaturas
mais altas e ambiente mais úmido, sem inverno rigoroso, característica da
Europa, Canadá e de boa parte dos Estados Unidos que sofrem menos com a
pressão desses detratores de produtividade. Afinal, em regiões de temperaturas
mais baixas há um importante fator (a neve), que impede a reprodução das
pragas”, explica Julio Borges.
Os desafios fitossanitários são vários e variam de acordo com as
diferentes culturas, com destaque para ferrugem asiática, percevejos e daninhas
resistentes na soja, lagartas no milho, braquiária e cigarrinhas na
cana-de-açúcar, o bicudo no algodão, bicho-mineiro e ferrugem do cafeeiro no
café. Esses são apenas alguns exemplos. Qualquer que seja o cultivo, sofre com
o ataque de diferentes pragas e doenças. Apenas no cultivo de grãos, a falta
de insumos preventivos representaria 37% a menos na produção, ocasionando
explosão nos preços de outros setores, como de proteínas animais.
Em 2020, 1.052.520 toneladas de defensivos foram aplicados no país –
volume 6,8% superior em relação ao ano anterior. Contudo, a média de volume
por área diminuiu 0,1%. Em 2019, o índice era de 0,6341 quilos por hectare,
tendo diminuído para 0,6336 kg/ha no ano passado. Cerca de 27% do valor de
mercado está concentrado nos estados de Mato Grosso e Rondônia, e 19% em Minas
Gerais e São Paulo, importantes polos agrícolas nacionais.
Principal cultura brasileira, a soja concentrou 48% do valor investido por
agricultores em defensivos agrícolas: US$ 5,8 bilhões. Em segundo lugar,
aparece o milho, com 13% do total, equivalente a US$ 1,6 bilhão. Na sequência
vêm a cana (11% do valor de mercado), o algodão (10%), as hortaliças e frutas
(4%), a pastagem e o café (ambos com 3%), além do feijão, citros, trigo e
arroz (com 2% cada). As demais culturas têm 1% de participação no total.
“A agricultura brasileira é movida pela busca incansável por maior
produtividade e consequente maior produção. Mesmo sendo um dos maiores
produtores agrícolas mundiais, o Brasil aplica menos defensivos por hectare que
países de clima temperado e que tem apenas uma safra por ano”, destaca o
presidente do Sindiveg. As informações partem da assessoria de imprensa do
Sindiveg.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
Copyright 2021 – Grupo CMA
Cotação semanal
Dados referentes a semana 15/08/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,57Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.665,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.400,00Milho Saca
R$ 68,75Preço base - Integração
Atualizado em: 19/08/2025 08:45