Suinocultura

Demanda ditará preços das carnes no fim de 2016

29 de setembro de 2016
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Tradicionalmente os meses de outubro, novembro e dezembro são marcados pelo incremento no consumo das carnes no mercado interno. O pagamento dos décimos terceiros salários, férias e período festivo, costumam favorecer as vendas do varejo e impulsionar as cotações das matérias primas. Mas, e em anos de descapitalização da população [especialmente quando é decorrente de pelo menos dois anos de problemas econômicos em um país], podemos esperar o mesmo?. Para o pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) Thiago Bernardino de Carvalho, na carne bovina devemos ver uma mudança de corte – optando por dianteiro em detrimento do traseiro – e um recuo em relação ao volume consumido em anos anteriores. “Provavelmente a população vai comer menos traseiro e aumentar a procura por dianteiro e carne de frango [que é mais barato], mas por uma questão cultural o brasileiro não deixa de consumir a carne vermelha”, ressalta Carvalho.

Nas demais proteínas a expectativa é a mesma, de retração no consumo em relação a iguais períodos de anos anteriores, mas elevação se comparado ao andamento da demanda em 2016, fator que se torna positivo para mercado de boi gordo, frango e suíno vivo. E como o ajuste produtivo ocorrido nas granjas não deve se desfazer em curto prazo, já que a pressão de custos deve permanecer sobre estas cadeias. Assim como na pecuária que tem uma perspectiva de redução de 20% no volume de animais confinados no segundo giro, de acordo com dados da Assocon (Associação Nacional dos Confinadores), a tendência é de elevação nos preços das matérias primas por pressão também da oferta. Contudo, a relação de preços das carnes pode acabar favorecendo o consumo de um tipo no período. Com uma concorrência mais acirrada entre as proteínas animais, “ao menos uma parte do consumo pode se deslocar de volta para a carne bovina, contando com uma ajuda da maior demanda sazonal no segundo semestre”, considera o analista da Scot Consultoria, Gustavo Aguiar, caso a relação seja favorável à carne vermelha.

Parte do reflexo disso já foi observado no andamento das vendas internas de carne de frango em agosto e setembro, que ficaram abaixo das expectativas do setor, frustrando uma possível reação do animal vivo no período. O levantamento da Scot aponta que atualmente, a relação de troca entre a proteína bovina e a de frango está em 2,1, ou seja, com o preço de um quilo de boi casado no atacado, é possível adquirir 2,1 quilos de carcaça de frango. Em agosto esta relação era de 1,9. Atualmente a cotação do boi casado de animais castrados no atacado está em R$ 10,18/kg, resultando em uma alta de 16,4% desde o início do mês. Enquanto que a carcaça de frango somente em setembro subiu 6,6%, cotada a R$ 4,52/kg, no atacado paulista. Contudo, os analistas afirmam ser importante acompanhar a capacidade de absorção desses novos patamares na ponta final da cadeia. O varejo não tem conseguido acompanhar o ritmo de alta imposta no atacado nas últimas semanas, situação inversa a observado em agosto para o setor de carne bovina, por exemplo.

A margem dos açougues e supermercados paulistas saiu de 59,5% para 54,0% na última semana, apontou pesquisa da Scot Consultoria. Com cenário um pouco diferente, a carne suína é a que apresenta o pior desempenho de preço e consumo nos últimos meses, já que o “incremento da no final do ano é menor e ela também está menos presente na mesa do brasileiro”, ressalta o pesquisador Carvalho. Atualmente é possível comprar 1,7 quilos de carne suína com um quilo de carne bovina (boi casado) no atacado em São Paulo. Este valor é 28,0% maior quando comparado ao mês anterior, resultado das recentes altas para a carne bovina (16,4%) e queda para a carne suína (9,1%). A pesquisadora do Cepea, Camila Ortelan, explica que o fator que tem dado sustentação ao setor suíno é o bom desempenho das exportações. “Temos um consumo interno bastante fraco, mas as vendas externas têm ajudado no escoamento da produção”, acrescenta.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) divulgados nesta segunda-feira (26) apontam que até a quarta semana de setembro – totalizando 16 dias úteis –, as exportações chegam a 46,9 mil toneladas. Com média diária de 2,9 mil toneladas, há um crescimento de 17,1% na comparação com o volume por dia em agosto, enquanto que em relação a setembro do ano passado o acréscimo é de 36,2%. Em receita, os dados apontam para US$ 110,4 milhões, com valor por tonelada em US$ 2.354,6. A preocupação agora é com o andamento da demanda interna, já que as previsões continuam indicando restrição de oferta. Mas, como ressalta Thiago Carvalho “tudo irá depender do consumo, se tivermos baixa oferta e um ligeiro incremento da demanda será positivo para as matérias primas, mas de nada vai adiantar a baixa disponibilidade de animais se a demanda for mais fraca ainda”, conclui.

Custo de produção – Muito embora os preços das carnes, especialmente a de frango, vem atingido recordes nominais neste ano, as altas não tem sido suficiente para impulsionar as cotações da matéria prima e consequentemente cobrir os custos de produção, principalmente dos criadores de aves e suínos independentes. Assim, a relação de cotação do frango vivo e o abatido, por exemplo, tem apresentado perspectivas opostas. No penúltimo trimestre do ano o ganho no frango abatido foi de 21%, enquanto no vivo a valorização no período foi de 10%. A explicação desse cenário é que com a presente crise de consumo, as integrações recorrerão bem menos ao mercado independente. Com isso, os preços da ave viva devem evoluir de forma bem mais moderada. Já os suinocultores do Rio Grande do Sul atualmente gastam de R$ 3,80 a R$ 3,85 por quilo de animal produzido, ao passo que o valor de comercialização desta semana foi fixado em R$ 3,92/kg, posto indústria.

Mesmo com a recente queda nos preços do milho [sendo cotado a R$ 41,00 a saca], o presidente da ACSURS (Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul), Valdecir Folador, lembra que os suínos comercializados agora são frutos de alimentações onde o cereal chegou a custar R$ 60,00 a saca no estado. Assim, “o alívio do custo só terá reflexo nos animais que serão abatidos no final do ano/início de 2017.” Em outros estados produtores de aves e suínos o cenário não é diferente. “Muitos estão deixando a atividade por não enxergarem um horizonte promissor. Isso preocupa muito o setor, principalmente em Santa Catarina, que é o maior produtor e exportador da proteína. Temos dificuldades em formar sucessores na atividade por conta dessa instabilidade financeira e a falta de políticas públicas para o meio rural”, declarou em nota o presidente da ACCS (Associação Catarinense de Criadores de Suínos), Losivânio de Lorenzi.

Cotação semanal

Dados referentes a semana 22/11/2024

Suíno Independente kg vivo

R$ 9,53

Farelo de soja à vista tonelada

R$ 71,50

Casquinha de soja à vista tonelada

R$ 1.200,00

Milho Saca

R$ 1.975,00
Ver anteriores

Preço base - Integração

Atualizado em: 22/11/2024 17:50

AURORA* - base suíno gordo

R$ 6,35

AURORA* - base suíno leitão

R$ 6,45

Cooperativa Majestade*

R$ 6,35

Dália Alimentos* - base suíno gordo

R$ 6,35

Dália Alimentos* - base leitão

R$ 6,45

Alibem - base creche e term.

R$ 5,55

Alibem - base suíno leitão

R$ 6,30

BRF

R$ 7,05

Estrela Alimentos - creche e term.

R$ 6,10

Estrela Alimentos - base leitão

R$ 6,10

Pamplona* base term.

R$ 6,35

Pamplona* base suíno leitão

R$ 6,45
* mais bonificação de carcaça Ver anteriores

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