‘-ECONOMIA: BOLSAS EUROPEIAS FECHAM MISTAS APÓS INDICADOR DE CONFIANÇA E BOE

SAFRAS (24) – Os principais índices do mercado de ações da Europa
fecharam o pregão de hoje sem tendência definida, com os investidores
digerindo, de um lado, a leitura ruim do índice de confiança do
empresário na Alemanha e, de outro, comentários do presidente do Banco da
Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Mark Carney, de que a taxa de juros do
Reino Unido deve ficar “materialmente” abaixo de 5% nos próximos três anos.
Durante depoimento ao comitê do Tesouro do Parlamento britânico, segundo
informações do periódico “The Guardian”, Carney afirmou que os juros devem
permanecer abaixo da média histórica porque “existem enormes forças que
ainda operam sobre a economia”.
Segundo o dirigente do BoE, entre os acontecimentos que pesam sobre o Reino
Unido estão a fraqueza da Europa, o reajuste dos balanços financeiros de
empresas, o endividamento das pessoas e as mudanças que estão ocorrendo dentro
do sistema financeiro britânico após a crise. “Todos estes fatores
influenciarão o rumo da taxa de juros no médio prazo”, disse ele.
Carney também comentou que o estoque do programa de compras de ativos do
banco, atualmente em 375 bilhões de libras esterlinas, só vai começar a ser
diminuído após a taxa de juros subir acima de 1%. Atualmente a taxa está em
0,5%.
A fala entrou em choque com o que ele havia dito no discurso que fez no dia
13, na Masion House, em Londres, quando disse que o primeiro aumento da taxa de
juros poderia vir antes que o esperado pelo mercado. Questionado sobre a
contradição, Carney respondeu: “Nós queríamos que o mercado se ajustasse
aos dados, assim como nós nos ajustamos aos dados. Ficamos surpresos com o fato
de que ele não estava se ajustando”, disse, acrescentando que o mercado não
estava precificando a possibilidade de um aumento da taxa de juros ainda este
ano.
Por fim, ele lembrou que ainda há capacidade ociosa na economia
britânica, especialmente no mercado de trabalho, e que ela precisa ser
absorvida antes de a política monetária voltar a ser normalizada.
De acordo com o analista de mercado da CMC Markets, Jasper Lawler, “a
mudança de curso no discurso de Carney deixa o investidor com menos clareza
sobre o momento em que as taxas de juros começarão a subir no Reino Unido.
Supunha-se que os comentários na Masion House haviam sido um sinal deliberado
para que os mercados se preparem para uma alta nos juros, mas depois de hoje, o
primeiro comentário soa mais como um acidente”.
O índice FTSE-100, da bolsa de Londres, fechou em baixa de 0,20%, a
6.787,07 pontos. O único indicador do dia no continente europeu também teve
influência sobre o rumo das ações. Segundo informações do instituto de
pesquisas alemão CESifo Group, o índice de confiança do empresário da
indústria e do comércio na Alemanha caiu em junho para 109,7 pontos, ante os
110,4 pontos apresentados em maio.
Segundo a pesquisa, os empresários acreditam que a situação atual está
boa, mas o otimismo para os próximos meses diminuiu, com muitos deles
demonstrando preocupação com possíveis efeitos que as crises no Iraque e na
Ucrânia podem ter na economia.
Ainda assim, o índice DAX-30, de Frankfurt, sustentou uma alta modesta e
fechou com ganho de 0,17%, a 9.938,08 pontos. O índice CAC-40, de Paris, ficou
praticamente estável, com leve alta de 0,06%, a 4.518,34 pontos. Já o índice
Ibex-35, de Madri, fechou em baixa de 0,11%, a 11.105,9 pontos; o FTSE MIB, de
Milão, fechou com queda de 0,25%, a 21.641,24 pontos; e o SMI-20, de Zurique,
fechou em alta de 0,33%, a 8.673,27 pontos.
No setor corporativo o destaque esteva com as aéreas. Na bolsa de Londres,
a EasyJet teve alta de 3,94% e a IAG teve alta de 1,82%. “Até pouco antes
dos conflitos no Iraque, as companhias aéreas estão se beneficiando de um
aumento da demanda por viagens com a recuperação da economia global, menos
competição e pelos preços de petróleo estáveis”, afirmou Lawler. As
informações partem da Agência CMA.

(CBL)