Porto Alegre, 2 de agosto de 2023 – Após três anos sem redução, o Comitê de Política
Monetária (Copom) cortou a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual para 13,25% ao ano, em
decisão que não foi unânime. Cinco membros do colegiado votaram a favor do corte, incluindo o
presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Outros quatro votaram pelo corte de 0,25 ponto.
Em seu comunicado, o Copom informa que, em se confirmando o cenário esperado, os membros do
Comitê, unanimemente, anteveem “redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que
esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o
processo desinflacionário”. O Comitê ressalta ainda que a magnitude total do ciclo de
flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial
dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas
de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do
produto e do balanço de riscos.
O Copom entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da
inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau
menor, o de 2025. “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços,
essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e
fomento do pleno emprego”.
O Comitê reforçou a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até
que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas
em torno de suas metas.
Segundo o comunicado, a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo
desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem
parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.
Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de
Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Gabriel
Muricca Galípolo e Otávio Ribeiro Damaso. Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual os
seguintes membros: Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de
Moura e Renato Dias de Brito Gomes.
Inflação
As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 4,9% em 2023,
3,4% em 2024 e 3,0% em 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 9,4%
em 2023, 4,6% em 2024 e 3,5% em 2025.
O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em
ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de
inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii)
uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do
produto mais apertado. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade
econômica global mais acentuada do que a projetada, em particular em função de condições
adversas no sistema financeiro global; e (ii) os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a
desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
“O Comitê avalia que a melhora do quadro inflacionário, refletindo em parte os impactos
defasados da política monetária, aliada à queda das expectativas de inflação para prazos mais
longos, após decisão recente do Conselho Monetário Nacional sobre a meta para a inflação,
permitiram acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização
monetária”, completou o comunicado.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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