ECONOMIA: Dado dos EUA e percepção de inflação pesam e Ibovespa cai

Porto Alegre, 6 de março de 2015 – O Ibovespa encerrou em queda, após
dados mostrarem que nos 12 meses até fevereiro a inflação atingiu o maior
nível desde maio de 2005 e que o mercado de trabalho dos Estados Unidos
melhorou mais que o previsto no mês passado, aumentando as chances de um aperto
monetário no país.

A economia dos Estados Unidos gerou 295 mil empregos em fevereiro e a
taxa de desemprego do país caiu a 5,5%. O dado veio bem acima da estimativa dos
analistas, que previam criação de 230 mil vagas em fevereiro e queda da taxa
para 5,6%, depois da taxa de 5,7% registrada em janeiro.

“Agora subiram as chances de um aumento de juros [nos Estados Unidos] no
prazo menor, já que o dado veio muito bom. Isso eleva dólar e dólar alto é
ruim para nós, ajuda algumas exportadoras, mas prejudica a maior parte das
empresas. Houve uma realocação de recursos, com saída da renda variável para
a fixa”, afirma José Costa, diretor da Máxima Corretora.

“Logo que saíram os dados dos Estados Unidos, o nosso mercado começou
a sentir. Bradesco e Itaú Unibanco caíram forte, já que são papéis de peso.
Além disso, a percepção de risco para o setor financeiro pela exposição à
operação Lava Jato aumentou nos últimos dias, o que puxa quedas ao setor”,
diz Leonardo Ramos, sócio da DNAinvest.

Além disso, a pressão inflacionária mais forte apontada pelo Indice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) eleva as incertezas do mercado em
relação ao balanceamento da economia. Em meio ao risco, o investidor prefere
evitar os negócios e se desfazer de posições.

Em fevereiro, a alta mensal do IPCA desacelerou para 1,22%, ante 1,24% em
janeiro, mas em 12 meses o índice subiu 7,7%, distanciando-se ainda mais do
limite de 6,5% imposto pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)

O Ibovespa encerrou em queda de 0,76%, a 49.981,19 pontos. Na semana, o
índice recuou 3,10%. O volume negociado foi de aproximadamente R$ 5,305
bilhões.

PERSPECTIVA

Na segunda-feira, dados do saldo comercial da China devem ficar no radar
do mercado, que procura informações sobre o ritmo da atividade do país.
“Isso é importante porque recentemente a China divulgou uma revisão da
projeção de crescimento de 7,5% [no ano passado] para 7% para este ano, então
é importante saber como está a economia”, diz Ramos.

Para Costa, além disso, as dúvidas do lado político e as negociações
do governo para praticar o ajuste fiscal também devem ocupar posição de
destaque no dia. “A parte política é muito séria e ainda pesa muito. O
desenrolar das medidas que englobam o ajuste fiscal ficarão no radar. O mercado
deve seguir volátil”, diz. As informações partem da Agência CMA.

Revisão: Carine Lopes (carine@safras.com.br) / Agência Safras

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