Porto Alegre, 28 de junho de 2023 – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central
norte-americano), Jerome Powell, afirmou que ainda há possibilidade do Comitê Federal de Mercado
Aberto (Fomc, na sigla em inglês) elevar as taxas básicas de juros em reuniões consecutivas.
De acordo com ele, ainda há um longo caminho para conter a inflação já que a política
restritiva não teve “tempo suficiente para fazer efeito”. Powell afirmou que não espera uma
leitura do núcleo da inflação (que exclui alimentos e combustível) a 2% nem nesse, nem no
próximo ano.
“Eu não descartaria a possibilidade de aumentos consecutivos nas taxas de juros”, disse o
presidente do Fed durante painel sobre política monetária realizado pelo Banco Central Europeu
(BCE) em Sintra, Portugal.
Powell estava acompanhado da presidente do BCE, Christine Lagarde, do seu homólgo do Banco da
Inglaterra (BoE), Andrew Bailey, e de Kazuo Ueda, presidente do Banco do Japão (BoJ).
Ele afirmou que mais aumentos nas taxas ainda devem acontecer, explicando que a atual política
monetária restritiva deve ter mais tempo para agir e mostrar efeito. “O mercado tem mudado de
opinião muitas vezes, mas nossas previsões esperam que a inflação se manterá persistente por
algum tempo”, disse.
Em sua reunião de política monetária neste mês, as autoridades do Fed deixaram a taxa de
básica de juros em uma faixa entre 5% e 5,25%, depois de aumentá-la rapidamente em 10 reuniões
consecutivas.
Outro aumento na reunião do Fed de 25 a 26 de julho levaria a taxa básica de juros a seu ponto
mais elevado em 22 anos. A maioria das autoridades projeta mais dois aumentos este ano. Questionado
sobre a decisão de manter a taxa e não a elevar mais uma vez neste mês, Powell explicou que a
ideia é diminuir o ritmo das altas à medida que chegam perto do faixa final ideal.
“Estamos chegando perto do equilíbrio entre os riscos de aumentar de mais ou aumentar de menos,
mas ainda os riscos pendem mais para o de menos”, explicou Powell. “A pausa é para avaliarmos
melhor os dados”.
De acordo com o presidente do Fed, a economia norte-americana tem sido resiliente,
principalmente o mercado de trabalho. “Ainda não vemos uma redução significativa na inflação
dos serviços não imobiliários, que é uma área diretamente relacionada a empregos e salários”,
disse ele.
Segundo Powell, uma redução nos aumentos remunerários e no número de vagas vem sendo visto,
mas nada extremamente significativo. “Acredito na possibilidade de trazermos estabilidade de preços
sem perdas de empregos, apenas um equilíbrio saudável entre a oferta e a demanda de mão de obra”,
afirmou.
Ele ressaltou que há chances grandes de uma crise, mas não acha ela provável. “Estou falando
de uma recessão, não de um hard landing”, esclareceu, se referindo ao termo usado para designar
uma queda inflacionária com redução de crescimento econômico e aumento do desemprego.
“Parte da decisão da última reunião também se deve ao estresse bancário sentido desde
março. Ainda não temos uma ideia clara da extensão do efeito desse acontecimento”, explicou
Powell, citando a falência do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, dois bancos regionais
importantes que despertaram um breve pânico na época de sua derrocada.
O presidente do Fed ressaltou que, no momento, o sistema bancário norte-americano está
resiliente e seguro, com bancos tendo quase o dobro de sua taxa de liquidez após os eventos
recentes. “Vamos fortalecer a regularização de bancos regionais”, acrescentou.
Powell também falou sobre os auxílios fiscais oferecidos pelo governo dos Estados Unidos
durante a pandemia. “Muitos desses estímulos foram para a área de construção, algo que não
vemos afetando muito a inflação atual. A poupança acumulada pelas pessoas de menor renda também
quase toda já se foi”, explicou.
Por fim, Powell disse não prever o núcleo da inflação do país chegando a 2% nem mesmo no
próximo ano. “Mas isso não significa que não mudaremos nossa estratégia até lá. Se vermos os
preços em um caminho concreto em direção a esse objetivo, poderemos considerar uma pausa ou até
mesmo um relaxamento das taxas, mas ainda estamos longe”, concluiu.
As informações são da Agência CMA.
Revisão: Ritiele Rodrigues (ritiele.rodrigues@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Atualizado em: 07/11/2024 17:50