Porto Alegre, 15 de dezembro de 2022 – O Banco Central (BC) elevou a previsão de crescimento do
Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 2,7% para 2,9% na edição de dezembro do Relatório
Trimestral de Inflação (RTI). Para 2023, o BC manteve a previsão de crescimento de 1%.
Segundo o relatório, as alterações em relação às previsões apresentadas no Relatório
anterior foram bastante influenciadas pelo resultado do terceiro trimestre de 2022 e pela revisão
das séries históricas das Contas Nacionais, que elevaram o carregamento estatístico do terceiro
trimestre para o PIB de 2022 e diminuíram o carregamento para o PIB de 2023.
“As projeções atuais refletem a perspectiva de que a desaceleração da atividade econômica
se consolide no quarto trimestre deste ano e ao longo de 2023, sob influência da esperada
desaceleração global e dos impactos cumulativos da política monetária doméstica”, afirmou em
relatório.
Como destacado em relatórios anterior, a incerteza ao redor das projeções de crescimento para
o Brasil, especialmente para 2023, é maior do que o usual, devido tanto a fatores externos como
domésticos. No cenário externo, permanecem desafios para o desempenho da atividade econômica
global, decorrentes de aperto da política monetária em diversos países, da evolução da guerra
na Ucrânia e, na China, da crise no setor imobiliário e da incerteza acerca da política de Covid
Zero. No âmbito doméstico, há elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal. Também
persistem incertezas sobre a magnitude dos estímulos fiscais em 2023 e sobre sua transmissão para
a atividade econômica.
A alta na projeção do PIB neste ano refletiu, sob a ótica da produção, elevação na
previsão para o setor de serviços, parcialmente compensada por recuo nas estimativas para
agropecuária e indústria.
A projeção da agropecuária foi alterada de estabilidade para recuo de 2,0%, refletindo,
principalmente, o resultado do terceiro trimestre. O recuo na comparação com o trimestre anterior
surpreendeu o Banco Central do Brasil (BC), que esperava um resultado positivo, influenciado pela
base relativamente fraca do segundo trimestre – ainda sob impacto da quebra parcial da safra de
soja, cultura com colheita concentrada nos dois primeiros trimestres do ano – e por altas na
produção de laranja e de algodão, culturas com participação expressiva no terceiro trimestre.
Contudo, recuos na produção de cana-de-açúcar e mandioca sobrepujaram esses fatores altistas,
levando a recuo da atividade no trimestre e a piora na estimativa para o ano.
Na indústria, a projeção foi revista de 2,4% para 1,9%, com quedas nas previsões para todos
os setores, com exceção da construção. Dentre as revisões negativas, destaca-se a da indústria
de transformação, refletindo a desaceleração mais intensa do que a esperada no terceiro
trimestre e indicadores já divulgados para o quarto trimestre. Em especial, a produção da
indústria de transformação (Pesquisa Industrial Mensal – PIM) ficou estável em outubro, deixando
carregamento estatístico negativo para o último trimestre. Em sentido oposto, o resultado da
construção no terceiro trimestre excedeu o esperado, levando à alta da projeção para o ano.
Apesar da surpresa positiva, mantém-se a previsão de arrefecimento da atividade ao longo dos
próximos trimestres, em parte como reflexo do ajuste monetário empreendido. Indicadores mensais,
como a produção de insumos para a construção, as vendas de materiais de construção no varejo e
a geração de vagas de trabalho no setor, sugerem que o processo de desaceleração está em curso.
Em serviços, a estimativa de crescimento em 2022 passou de 3,4% para 4,1%, influenciada pelo
resultado do terceiro trimestre e pela revisão da série histórica. O setor terciário tem
mostrado resiliência, voltando a crescer em ritmo robusto no terceiro trimestre. As altas no setor
foram disseminadas e de magnitudes elevadas, iguais ou superiores a 1,0%, exceto pela atividade de
comércio, afetada pelo arrefecimento do varejo e da produção industrial. Contudo, para os
próximos trimestres, espera-se arrefecimento mais disseminado no setor, repercutindo a perspectiva
de desaceleração do consumo das famílias, em ambiente de taxas de juros mais elevadas e de
desaquecimento do mercado de trabalho.
Yasmim Borges (yasmim.borges@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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