São Paulo, 21 de julho de 2017 – O aumento da cobrança de PIS/Cofins que
incide sobre os combustíveis para o valor máximo permitido, de R$ 0,79 na
gasolina e de R$ 0,46 no diesel, por litro, foi uma decisão acertada, na visão
de economistas consultados pela Agência CMA. A avaliação é de que a
dinâmica favorável da inflação é capaz de acomodar um eventual choque de
preços, sem respingar nas expectativas inflacionárias nem na trajetória da
taxa básica de juros (Selic).
“Uma alta da carga tributária pesa sobre os preços, mas não deve
comprometer as expectativas para a inflação”, explica o chefe da mesa de
renda fixa da Mirae Asset, Olavo Souza. Para ele, o aumento anunciado ontem foi
“agressivo” e maior que o esperado, com um reajuste para o teto legal do
tributo, mas que deve ter um “impacto pequeno” na inflação.
Em uma primeira análise, a elevação do tributo sobre os combustíveis
deve provocar um “efeito em cadeia”, com o repasse dos custos ao consumidor
final. Porém, com o índice oficial de preços ao consumidor (IPCA) acumulando
alta ao redor de 3% em 12 meses, a expectativa é de que o impacto negativo não
tenha efeito prolongado.
Contudo, o economista-sênior do Banco Haitong, Flavio Serrano, observa que
a alta do imposto pode impedir novas deflações em índices de preços ao
consumidor no curto prazo. Ainda assim, “a dinâmica de inflação baixa no
país deve continuar”, avalia.
Nesse sentido, diante do cenário benigno da inflação, a equipe
econômica acertou em priorizar as contas públicas. Ou seja, era uma
oportunidade única para o governo do presidente Michel Temer, que encontra
dificuldades em fechar 2017 com um déficit fiscal de R$ 139 bilhões.
Para o economista da Guide Investimentos, Ignácio Crespo, embora a
elevação de impostos possa ter um efeito inflacionário, a medida visa
compensar a frustração com a arrecadação e cumprir a meta fiscal deste ano.
“O ajuste do imposto parece apropriado no momento atual”, diz.
Isso porque o governo estaria aproveitando o cenário de inflação muito
baixa, sem desviar o curso do atual ciclo de cortes da Selic. “Uma alta de
imposto neste momento não influencia a política monetária. A situação segue
favorável para o Banco Central cortar a Selic em um ponto percentual na semana
que vem e estender o ciclo para 8% ou até menos”, diz Serrano, do Haitong.
Porém, por mais que a redução da taxa básica de juros seja favorável
para a recuperação econômica, no longo prazo; no curto prazo, a decisão do
governo de elevar a carga tributária tende a agredir ainda mais a atividade.
Dessa forma, adia-se o já lento e desigual processo de retomada.
Mas o que importa para o mercado financeiro é o rigor fiscal. “Se por um
lado, a notícia é negativa por ser mais um fator jogando contra a
recuperação da atividade; por outro, a decisão reafirma o compromisso da
equipe econômica com o ajuste fiscal”, pondera a analista-chefe da
Coinvalores, Sandra Peres.
As informações são da agência CMA.
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Atualizado em: 07/11/2024 17:50