Suinocultura

Elda Karmen Scheuer, sinônimo de empreendedorismo e coragem

15 de março de 2019
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Prestes a completar 90 anos de vida, Elda Karmen Scheuer, esbanja vitalidade, ânimo e alegria. Mostra com orgulho o armário cheio de prêmios, troféus e distinções, obtidos pela Granja Marquesa e de forma pessoal. Por décadas, a granja instalada em Marques de Souza foi referência regional, estadual e nacional quando o assunto era a produção de suínos.
Se ao longo do tempo a Marquesa e dona Karmen foram sinônimos de sucesso, o início não foi tão simples. A granja começou a se materializar na segunda metade da década de 1950, com duas fêmeas e um macho da raça Duroc. Era conduzida pelo marido, Osvaldo Eugênio Scheuer, com a ajuda do funcionário Ivo Pech. Em 1963, um acidente de trânsito vitimou Osvaldo, de forma precoce, deixando Elda com três crianças pequenas e muitas dívidas em função do investimento na propriedade.
Aos 34 anos de idade e apanhada de surpresa com a nova realidade, foi aconselhada a deixar Marques de Souza e mudar-se com os filhos para Lajeado. Foi então que entraram em cena Aury Ruben Moerschbaecher e Hélio Miguel de Rose ligados à Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS). Em visita à propriedade, disseram que a ajudariam e que ela não devia desistir da Marquesa, pois possuía o perfil para fazer sucesso nos negócios. Encorajou-se e assim o fez. Com a ajuda de Ivo, seguiu na atividade que levou o nome de Marques de Souza pelo Brasil e o mundo.
Nos cerca de 50 anos que conduziu a granja, Karmen passou por todo o tipo de experiências, tanto no lado pessoal como no profissional. Diz que criar e educar os filhos sozinha e ter de pagar as dívidas foi o mais desafiador. Em 1974 viveu mais um momento muito triste, ao perder o filho Elton, então com 11 anos. “Perder o marido é difícil, mas perder um filho é uma paulada”, define ela, que também é mãe de Luzia e Vânia e tem Auri Henicka como filho adotivo.
Se por um lado a vida apresentou dificuldades, por outro apresentou oportunidades. Em 1964 teve início uma crise na suinocultura e a saída foi negociar com mercados ainda não explorados. Naquela época o oeste do Paraná estava iniciando na atividade e a Marquesa se tornou fornecedora, especialmente de matrizes. O resultado foi tão positivo que em 1968 ela conseguiu comprar o próprio caminhão e dois anos depois instalou uma filial da Marquesa em Toledo, que anos mais tarde foi desativada.
No período em que a granja esteve ativa, recebeu mais de 300 prêmios. Foram inúmeras participações em exposições e feiras, e animais comercializados até para fora do país. “Minha maior felicidade era receber o prêmio de Grande Campeã ou Granja do Ano na Expointer”.

Muitas histórias 
As circunstâncias fizeram com que a marquesouzense fosse uma mulher muito à frente da sua época. Quando as mulheres ainda sofriam preconceito para dirigir um automóvel, ela já conduzia o seu caminhão pelas estradas do Brasil. Lembra que precisou ir a Porto Alegre, em 1969, para fazer a carteira de habilitação profissional para o veículo de carga. As idas ao Paraná de Kombi ou de caminhão eram comuns, já que uma vez por mês visitava a granja filial. Para o contexto atual pode parecer algo simples, mas é preciso lembrar que naquela época asfalto era mais sonho do que realidade.
Barro e atoleiro em dias de chuva eram normais. Das muitas aventuras realizadas em nome da suinocultura, enumera a ida até o Recife, em 1993, como uma das maiores. Levou suínos da raça Landrace para uma exposição, a convite da associação de suinocultores daquele estado. Acompanhada de outro motorista e de um tratador, saiu de Marques de Souza com sua “Mercedinha” carregada. “Eu dirigia mais de noite porque o outro motorista preferia dirigir de dia. Paramos muito pouco. Às vezes para descansar um pouco e para comer. Em três dias estávamos lá”, conta orgulhosa. Os suínos expostos foram todos comercializados, rendendo um bom valor. “O dinheiro dava para comprar uma ‘Mercedinha’, conta.
Das estradas dona Karmen guarda boas lembranças e histórias e também uma ideia muito diferente do que se poderia pensar. “Sempre fui muito respeitada na estrada. Piadinha sempre ouvi, mas me respeitavam. Também nunca fui de levar desaforo para casa. Os motoristas me ensinaram muito. Sempre me diziam para não parar ou pernoitar em lugares com poucos caminhões. Se não tinha movimento não era bom e nem seguro”.

Na terra da rainha
No ano 2000 foi convidada a ir prestigiar a exposição Royal Show, na Inglaterra, com todas as despesas pagas. Depois de muita negociação, pois não queria viajar sozinha, embarcou com o então presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) Gilberto Moacir da Silva.
Adorou a viagem, mas ficou frustrada porque ninguém quis acompanhá-la para a festa da Rainha, para qual ela tinha convite. “Não tive coragem de ir sozinha por causa do inglês. Mas fiquei sentida de não ter ido”.

O encerramento das atividades
Parte da estrutura da Marquesa ainda está presente na propriedade da família. A produção foi encerrada há alguns anos. O falecimento do funcionário Ivo e a proximidade com a área urbana fizeram Karmen entender que era a hora de descansar. “Parei porque quis. A suinocultura era a vida do Ivo, me ajudou muito, com tudo. Aí quando ele faleceu decidi parar. O cheiro também incomodava, a área urbana é perto e tem prédios sendo construídos”.
Diz que não foi fácil tomar a decisão, mas era o melhor a fazer. Hoje se mantém ativa, gosta de fazer crochê e bordado e operar a máquina de costura. Tem carteirinha de artesã e exibe com orgulho as toalhas que faz.

Lar dos idosos em Marques de Souza
Com tantas histórias e realizações acumuladas, ainda tem um projeto que deseja ver concluído: o lar de idosos que será construído próximo ao hospital. Só depois da construção pronta e em operação, diz que será uma mulher realizada.

 

 

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