Porto Alegre, 3 de abril de 2023 – A Tereos Açúcar & Energia Brasil, do grupo francês Tereos,
projeta subir mais um degrau em seu trajeto de recuperação operacional na safra sucroalcooleira
2023/24, que começou em abril, e, com isso, aumentando sua fatia nos resultados globais do grupo.
No Brasil, a companhia ainda sente as dores da histórica quebra de safra de 2021/22, mas os danos
já estão cada vez mais distantes.
A companhia deu seu primeiro passo de recuperação na safra passada, que terminou em março, em
que a moagem da empresa cresceu 15,6% em relação ao ciclo anterior, para 17,3 milhões de
toneladas. Na próxima temporada, a expectativa é elevar esse patamar para 19 milhões de toneladas
apenas com ganhos de produtividade, afirmou Pierre Santoul, diretor-geral da Tereos no Brasil.
Embora o aumento entre uma safra e outra seja expressivo, ainda está abaixo do recorde, que foi
de 21 milhões de toneladas de 2020/21 – apenas um ciclo antes da quebra histórica. Neste novo
período, a companhia deve se beneficiar do regime de chuvas favorável do último verão e dos
investimentos em tratos culturais.
“A quantidade de chuvas não foi necessariamente acima do histórico, mas houve uma
distribuição super boa, o que é bom porque aumenta a retenção de água [no solo]. As
perspectivas até agora são boas”, disse o executivo. O regime de chuvas foi favorável nas áreas
de atuação da Tereos, mas tem sido irregular em diferentes regiões do Centro-Sul. Ainda assim, o
nível da produtividade da companhia ainda pode variar, a depender do ciclo das chuvas, entre abril
e junho.
Além do clima, a empresa também vem ampliando a renovação dos canaviais, após os danos
decorrentes da estiagem de 2021. Para a última safra, o plano era renovar 35 mil hectares, mas as
chuvas do verão geraram alguns atrasos. Em paralelo, a Tereos também tem aumentado os
investimentos em tratos culturais, como na aplicação de vinhaça localizada, que já alcança 80%
de sua área de cultivo.
A companhia também prepara para esta safra um investimento para dar escala comercial à planta
de produção de biometano em Cruz Alta (SP), hoje apenas em escala piloto. Por enquanto, a
companhia vem realizando testes em campo substituindo o diesel de máquinas e equipamentos pelo gás
renovável, mas ainda não há escala comercial para a implementação.
A expansão dos investimentos e das operações no Brasil casam com uma visão otimista da
companhia sobre o mercado internacional de açúcar. Na visão de Santoul, os preços do açúcar
demerara ainda deverão continuar acima dos 20 centavos de dólar a libra-peso “por alguns meses”.
Entre os motivos estão as perspectivas de quebra de safra na India, na Tailândia e na Europa,
enquanto a demanda global continua em alta. “Se olharmos os cinco próximos anos, o mundo vai
precisar de 7 milhões de toneladas adicionais de açúcar, e o Brasil é o único país que pode
atender essa demanda”, avaliou.
O crescimento da importância do Brasil no mercado global de açúcar também deve aumentar a
participação do negócio brasileiro nos resultados da companhia, reconhece Santoul. Mas isso não
significa que os negócios na Europa andam mal – pelo contrário, acrescenta. No último mês, a
companhia anunciou a paralisação da produção em duas unidades da França e colocou à venda uma
terceira planta, em decorrência da redução estrutural do cultivo de beterraba no país. Apesar
disso, os preços do açúcar na Europa estão bem mais elevados, a US$ 1 mil a tonelada, mais do
que compensado a pressão do aumento dos custos.
Globalmente, a Tereos acredita que os preços do açúcar vão continuar elevados por mais um
tempo, o que fez a empresa avançar sem pressa nos últimos meses na fixação antecipada de preços
de exportação de açúcar do Brasil, que cobre hoje 60% do volume esperado para esta temporada. A
companhia deve direcionar mais cana para a produção do adoçante, já que o produto continua mais
competitivo do que o etanol no Brasil. Entre 65% e 68% da cana a ser moída nesta safra deve ir para
a produção de açúcar, ante 65% no último ciclo.
O aumento da produção de açúcar da Tereos não gera preocupações na companhia sobre o
escoamento do produto, já que a empresa tem uma parceria com a operadora ferroviária VLI para
transportar seu açúcar diretamente até o porto de Santos. Mas, para Santoul, outras empresas
deverão enfrentar gargalos logísticos por causa da competição com o escoamento de grãos. Os
atrasos, avalia o executivo, podem reduzir ainda mais a oferta de açúcar no mercado físico e
manter os preços da commodity em patamar elevado.
As informações partem do Valor Econômico.
Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) – Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 20/06/2025
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R$ 1.750,00Casquinha de soja à vista tonelada
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Atualizado em: 17/06/2025 09:45