Porto Alegre, 13 de novembro de 2015 – O controle biológico, em
complemento ao químico, é tendência mundial para a estratégia de
sustentabilidade e representa os princípios do Manejo Integrado de Pragas (MIP)
e doenças.
O Brasil é um exemplo de sucesso no uso de biodefensivos, principalmente
com produtos à base de Bacillus thuringiensis, Baculovírus, Metarhizium,
Trichoderma e Cotesia, entre outros. No entanto, este mercado representa menos
de 2% dos produtos de proteção de cultivos, segundo estimativa do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que projeta aumento de participação
do setor para 20% até 2020.
“Os altos investimentos no desenvolvimento de um novo defensivo químico,
estimados em US$ 256 milhões, aliados à maior demanda da sociedade e dos
órgãos reguladores por alimentos sem resíduos, têm aberto um grande espaço
para o mercado de produtos biológicos, cujas vendas devem crescer entre 15% e
20% nos próximos anos”, afirma Pedro Faria Júnior, presidente da
Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio).
O executivo lembra que o controle biológico representa 30% do mercado
mundial de proteção de cultivos. Esse mercado tem crescidoa taxas cinco vezes
superiores à indústria de defensivos químicos. Segundo dados da CPL Business
Consultantes, de 2011 a 2014, a evolução média anual foi de 15,3%.
No ano passado, a receita global de vendas desse segmento alcançou US$ 12
bilhões, segundo Gustavo Herrmann, vice-presidente da ABCbio. Embora não haja
uma estatística sobre o setor, no Brasil, o executivo estima faturamento anual
entre US$ 120 milhões a US$ 150 milhões, o equivalente a 1% do mercado
mundial.
“A expectativa é que nesta safra o setor supere os 15% obtidos nos
últimos três anos”, projeta Herrmann e acrescenta que soja, milho, algodão
e cana-de-açúcar são as culturas que apresentam maior potencial de avanço
dos biodefensivos.
Segundo a ABCBio, 51 empresas são detentoras de registro de 118 produtos
biológicos comerciais no Brasil (incluindo 36 emergenciais), sendo 83
microbiológicos (fungos, bactérias e vírus), e 35 macrobiológicos
(parasitas, predadores e parasitoides).
INTERESSE
O segmento foi favorecido ainda pela grande importância dos produtos de
controle biológico no tratamento de graves problemas fitossanitários surgidos
em algumas culturas no Brasil.
“O exemplo mais marcante foi o aparecimento da Helicoverpa armigera, que
já causou enormes prejuízos aos agricultores brasileiros e cujo controle só
foi conseguido graças à introdução de inseticidas microbiológicos e de
insetos parasitoides no plano de manejo de pragas”, atesta o presidente da
ABCBio.
De acordo com professor do Departamento de Entomologia e Acarologia da
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), José Roberto
Postalli Parra, o relato de Helicoverpa armigera no País, em 2012/2013,
despertou o interesse pelo controle biológico.
“A partir de então, as multinacionais que atuam na proteção de cultivo
começaram adquirir pequenas empresas desse segmento e deverão liderar, em
futuro próximo, o controle biológico de pragas”, prevê.
“Todas as grandes multinacionais estão na associação. Elas (as
multinacionais) compraram empresas e é uma questão de tempo para esse mercado
crescer”, acrescenta Faria Jr.
Conselheiro da associação, Ari Gitz, no entanto, afirma que um dos
entraves para a entrada de multinacionais no setor é a falta de uma
regulamentação eficaz, que impeça a entrada de produtos não registrados
nesse mercado. Mesmo com problemas a serem solucionados, os biodefensivos vivem
uma nova fase no Brasil, com a alteração na legislação de registro, em
janeiro do ano passado, que autorizou a indicação de uso nas bulas e rótulos
apenas do alvo biológico, ampliando o número de culturas que comportam o
manejo biológico.
Faria Jr. lembra que o nível de investimentos em pesquisa e
desenvolvimento é muito baixo comparado aos defensivos químicos. “Essa
virada só virá através de investimento, pesquisa e investimentos”,
argumenta.
MAIOR DO MUNDO
O Brasil possui o maior projeto de controle biológico do mundo, com a
cana-de-açúcar. Atualmente, a Esalq desenvolve um grande programa de controle
biológico nessa cultura e, de acordo com o professor Parra, metade da área com
cana é controlada por insetos, contra a broca (Diatraea saccharalis), e por
fungo, contra a cigarrinha-da raiz (Mahanarva fimbriolata).
“No País, mais de três milhões de hectares de cana-de-açúcar são
tratados com Cotesia flavipes, parasitoide larval de Diatraea saccharalis, e
mais 500 mil ha tratados com Trichogramma galloi, parasitoide de ovos da mesma
praga. Também utiliza-se o fungo Metarhizium anisopliae contra a
cigarrinha-da-raiz, Mahanarva fimbriolata, em cerca de dois milhões de hectares
dessa cultura”, calcula Parra.
DESAFIO
O pesquisador Ivan Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo (MG), afirma que os
biológicos são uma opção, junto com os defensivos agrícolas, com a vantagem
de agir no controle de pragas por meio de inimigos naturais, feromônios,
bactérias, vírus e extratos ou óleos vegetais. Porém, ele credita que um dos
maiores desafios do controle biológico é a sua aplicação em grandes áreas,
“o que está sendo contornado com pesquisas envolvendo liberações por
aviões, motos e drones”.
“Onde há igualdade na eficiência, disponibilidade comercial (ou
produção própria de agentes biológicos) e assistência técnica adequada, os
produtos biológicos representam a melhor opção e ainda têm o apelo de
tecnologia limpa”, comenta Cruz. As informações partem da assessoria de
imprensa da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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