Agroindústrias e Cooperativas

Frigoríficos aumentam leque de serviços oferecidos

10 de setembro de 2015
Compartilhe

A necessidade de assegurar previsibilidade na oferta de gado e diluir riscos inerentes à produção de bovinos em confinamentos está mudando a face das relações, nem sempre amistosas, entre frigoríficos e pecuaristas no Brasil.

Liderado pelas maiores indústrias do País – JBS (São Paulo/SP), Marfrig (São Paulo/SP) e Minerva (Barretos/SP) -, o movimento também é impulsionado pela crescente demanda por cortes ‘gourmet’ e pelos padrões de qualidade exigidos por alguns dos principais importadores de carne bovina brasileira.

Nesse sentido, os frigoríficos vêm ampliando o leque de serviços oferecidos aos pecuaristas, que inclui desde financiamentos para a compra de ração e fomento à inseminação artificial até a oferta de hedge de boi gordo na BM&FBovespa, especialmente por meio do mercado de opções. Com isso, ao menos 10% da demanda dos frigoríficos já é garantida por essas ferramentas.

Proporcionalmente, a Minerva Foods é a mais avançada do trio dos grandes frigoríficos. A empresa já garante em torno de 30% de sua demanda por gado por meio dos serviços que oferece, segundo seu gerente Executivo de compra de gado, Fabiano Tito Rosa. Dentre todos os serviços, o “boi a termo”, contrato no qual o frigorífico “trava” o preço do boi para o pecuarista no mercado futuro ou de opções, é o mais usado.

Na JBS, líder global na produção de carne bovina, o gado adquirido por meio desse tipo de contrato representa 13% (1,1 milhão de cabeças) do total que compra no Brasil. Segundo maior frigorífico nacional, a Marfrig não detalha o percentual, mas informa que comprará 400 mil cabeças este ano por meio dos contratos de “boi a termo”. No primeiro semestre, a Marfrig abateu 1,2 milhão de bovinos.

“A aproximação entre frigorífico e pecuaristas é uma tendência inexorável”, disse o operador da mesa de futuros do BESI Brasil, Leandro Bovo. Segundo ele, serviços como os contratos na BM&FBovespa são positivos para as duas pontas. “O frigorífico deixa de precisar comprar e o produtor deixa de precisar vender”, argumentou.

Para o coordenador de Pecuária da Agroconsult (Florianópolis/SC), Maurício Nogueira, o melhor relacionamento com os frigoríficos é positivo, mas os pecuaristas poderiam conseguir maior poder de barganha caso fizessem por si só as opções de compra na BM&FBovespa. Mas o receio dos produtores em acessar diretamente a bolsa ainda é um entrave.

Paralelamente a esses serviços, o modelo de pagamento aos pecuaristas também vem sendo alterado. Cada vez mais, os frigoríficos tendem a avaliar o gado individualmente, estabelecendo o preço segundo critérios de qualidade da carcaça (como gordura, idade e raça), e não apenas a partir da massa do animal, como tradicionalmente é feito no país.

Antiga demanda dos pecuaristas, o pagamento com base na qualidade da carcaça teve início com os animais produzidos sob encomenda, voltados à produção de carne bovina da raça angus e cortes especiais para churrascarias. O pressuposto é que, se o frigorífico deseja um gado que oferece carne de melhor qualidade, deve pagar mais por isso – o mesmo que acontece com os consumidores interessados em cortes “gourmet” no varejo.

Aos poucos, esse modelo de pagamento começa a se espalhar, e nem mesmo a situação adversa da economia parece limitar ou adiar a mudança. Há duas semanas, a JBS participou do lançamento do “Pacto Sinal Verde”, iniciativa conjunta de representantes de pecuaristas e frigoríficos exportadores cujo objetivo é alterar o modelo de pagamento em Mato Grosso do Sul, Estado que abriga o segundo maior rebanho brasileiro.

No Estado, a JBS se comprometeu a comprar, a partir do fim deste ano, 100% do gado de acordo com os critérios de carcaça. “O Brasil é muito grande e precisávamos começar por algum lugar”, afirmou ao Valor o gerente Regional de Originação da empresa, Eduardo Pedrozo. Atualmente, 80% do gado comprado em Mato Grosso do Sul já segue esse modelo.

Na prática, a JBS oferece um bônus de R$ 2 por arroba para os animais que estiverem acima da qualidade de carcaça estipulada em consenso com os pecuaristas, segundo ele. Em contrapartida, se o gado estiver abaixo do nível de qualidade, há um desconto de R$ 3 por arroba.

Antes de adotar esse sistema, explicou Pedroso, houve um período de testes para que os pecuaristas fizessem a mudança do “modelo mental”. Na avaliação dele, a adequação dos produtores foi rápida. Hoje, 10% dos pecuaristas de Mato Grosso do Sul recebem punição pelo gado fora do padrão, enquanto 30% recebem bônus. O objetivo é reduzir o percentual de punição a 3% em um ano e ampliar o de bônus para 50%.

Na Minerva e na Marfrig, as iniciativas mais recentes envolvem políticas de fomento à produção. Em 2015, a Minerva destinará R$ 10 milhões para financiar pecuaristas na compra de ração, adotando um protocolo de tratamento que acelera o tempo de engorda. Em troca, o pecuarista paga em arrobas, incluindo uma taxa do financiamento.

Também na área de fomento, a Marfrig lançou no ano passado um programa no qual subsidia a inseminação artificial de gado selecionado, também acelerando o abate. Os primeiros bezerros nascerão este ano e a meta é inseminar 150 mil embriões em 2018, de acordo com o diretor de Originação da Marfrig Beef no Brasil, José Pedro Crespo.

Cotação semanal

Dados referentes a semana 22/11/2024

Suíno Independente kg vivo

R$ 9,53

Farelo de soja à vista tonelada

R$ 71,50

Casquinha de soja à vista tonelada

R$ 1.200,00

Milho Saca

R$ 1.975,00
Ver anteriores

Preço base - Integração

Atualizado em: 07/11/2024 17:50

AURORA* - base suíno gordo

R$ 6,35

AURORA* - base suíno leitão

R$ 6,45

Cooperativa Majestade*

R$ 6,35

Dália Alimentos* - base suíno gordo

R$ 6,35

Dália Alimentos* - base leitão

R$ 6,45

Alibem - base creche e term.

R$ 5,55

Alibem - base suíno leitão

R$ 6,30

BRF

R$ 7,05

Estrela Alimentos - creche e term.

R$ 6,10

Estrela Alimentos - base leitão

R$ 6,10

Pamplona* base term.

R$ 6,35

Pamplona* base suíno leitão

R$ 6,45
* mais bonificação de carcaça Ver anteriores

Parceiros da Suinocultura Gaúcha

Parceria