Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o agronegócio nacional vem demonstrando sua essencialidade para a continuidade do abastecimento e também da economia do País. Em meio a isso, campanhas foram realizadas por trabalhadores para enfatizar suas atuações diárias em prol da sociedade.
Na última segunda-feira (18), uma divulgação do Ministério Público do Trabalho (MPT) reforçou, ainda mais, a importância dos cuidados com a saúde destes trabalhadores. No Rio Grande do Sul, segundo o órgão, 19 frigoríficos registraram casos do novo coronavírus. Em Santa Catarina, ao menos 6 também enfrentam ocorrências.
Até a última sexta-feira (15) o Estado catarinense tinha no total 495 casos confirmados do vírus em trabalhadores de estabelecimentos do setor em 16 municípios. Três unidades foram interditadas nos dois Estados.
Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo (Estadão), a procuradora do Trabalho, Priscila Schvarcz, gerente nacional adjunta do MPT para adequação das condições de trabalho em frigoríficos pontua que o Rio Grande do Sul e a região oeste de Santa Catarina respondem pelo maior número de casos de novo coronavírus em frigoríficos no País.
Segundo a procuradora, a vulnerabilidade desse tipo de estabelecimento ao novo coronavírus é um fenômeno mundial. Entre as razões identificadas pelo MPT, estão o grande número de trabalhadores nas plantas, a proximidade na linha de produção e o sistema de refrigeração, que reduz a taxa de renovação de ar.
Interdições e suspensões. No Rio Grande do Sul, dois frigoríficos foram interditados. Em Passo Fundo, uma unidade da JBS suspendeu as atividades por determinação do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região. Em Lajeado, uma planta da BRF teve de fechar as portas por decisão do Tribunal de Justiça (TJ) do Estado.
Ainda na sexta-feira, um acordo entre a BRF e o Ministério Público do Estado previu que o frigorífico volte a operar com redução de 50% no pessoal na linha de produção.
O acerto prevê testagem de todos os empregados para o novo coronavírus, assistência social e de saúde nos bairros de residência dos trabalhadores e doação pela empresa de R$ 1,2 milhão a dois hospitais da região. O acordo depende ainda de homologação pela Justiça do Estado.
Além disso, produtores rurais que fornecem insumos ao frigorífico também receberão da BRF complementação de renda relativa ao período de paralisação das atividades.
Também em Lajeado, um frigorífico da Companhia Minuano reduziu os abates em 50% por decisão do TJ. Em Garibaldi, o frigorífico Nicolini fechou as portas por três dias para higienização e deve operar até o dia 25 com apenas 370 dos 1,5 mil empregados. As medidas foram previstas em termo de ajustamento de conduta entre a empresa e o MPT.
A situação mais grave é a de Passo Fundo, onde 94 trabalhadores da unidade da JBS testaram positivo para o novo coronavírus e foram registradas sete mortes pela doença após contato com empregados da planta. A unidade, com cerca de 2,2 mil trabalhadores, está interditada desde 24 de abril.
Em Santa Catarina, a interdição do frigorífico de aves da Seara Alimentos, do grupo JBS, no município de Ipumirim (SC), ocorreu na segunda-feira (18).
A interdição ocorreu depois que 86 dos cerca de 1,5 mil empregados da unidade testaram positivo para o novo coronavírus. “Além do frigorífico de Ipumirim, há casos confirmados do novo coronavírus em no mínimo quatro plantas de Chapecó e uma de Concórdia”, afirmou a procuradora procuradora Priscila Schvarcz.
A empresa ainda podera recorrer da medida à Superintendência Regional do Trabalho, mas a ação não permite a retomada das atividades. Um inquérito civil instaurado pela Procuradoria do Trabalho em Joaçaba (SC) apura as irregularidades.
Posicionamento do setor. A Associação Brasileira de Proteína Animal ( ABPA) manifestou-se, por meio de nota, sobre o ocorrido. A entidade afirma que está acompanhando a situação e dando suporte às suas associadas.
Antes do início da adoção da quarentena em vários Estados, as associadas, segundo a ABPA, já haviam adotado medidas preventivas necessárias para proteger e prevenir, ao máximo, o risco nas unidades de produção.
Essas medidas incluem o imediato afastamento de todos os colaboradores identificados como grupo de risco (com idade acima de 60 anos, doenças pré-existentes e outros), a intensificação das ações de vigilância ativa nas unidades frigoríficas e monitoria da saúde dos trabalhadores (com a verificação constante de temperatura), entre outras iniciativas.
As empresas reforçaram todos os cuidados recomendados pela Organização Mundial da Saúde e pelo Ministério da Saúde – grande parte destes cuidados já eram rotina. E, de forma adicional, incluiu várias outras medidas preventivas, como, por exemplo:
- Aumento da rotina de higienização de todos os ambientes dentro e fora do frigorífico, como o transporte e outros;
- Adoção de medidas contra a aglomeração, com a redistribuição de horários de refeição e contratação de mais veículos de transporte;
- Monitoria constante do estado de saúde dos trabalhadores enquanto estão no espaço do frigorífico;
- Reforço nas orientações de cuidados para a saúde por meio de orientações diretas, folhetos e outras formas de comunicação interna.
“O nosso setor faz parte do rol de atividades essenciais ao País. Para que possamos garantir a produção de alimentos seguros e a oferta de alimentos para a população, a saúde das equipes é prioridade indiscutível”, salienta em nota.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 07/11/2024 17:50