Porto Alegre, 30 de setembro de 2015 – O relato de casos de plantas
daninhas resistentes a herbicidas tem aumentado nos últimos anos no Brasil e em
outros países produtores de grãos. O uso incorreto de tecnologias
transgênicas e a falta de rotação de moléculas são os principais causadores
deste problema. De acordo com especialistas, o maior responsável por este
cenário é a desinformação de técnicos, produtores e até mesmo de
professores nas universidades.
Esse tema foi alvo de discussão em uma mesa redonda durante o I Simpósio
Nacional sobre Plantas Daninhas em Sistemas de Produção Tropical, que começou
nesta terça-feira, dia 29, em Sinop (MT).
Conforme apresentação do professor da Universidade Tecnológica Federal
do Paraná (UFTPR) Michelangelo Trezzi, em várias regiões brasileiras já
foram encontradas plantas daninhas como o capim amargoso, o capim pé-de-galinha
e três espécies de buva com resistência a diferentes tipos de herbicidas.
Além de trazer aumento nos custos de produção para o controle, a resistência
pode ocasionar a perda de produtividade das lavouras.
Preocupação maior ainda é com o surgimento de resistência dupla, quando
uma planta adquire resistência a mais de um tipo de molécula.
De acordo com Trezzi, em todos os casos, o manejo correto do sistema
produtivo, com uso de plantas de cobertura e formação de palhada são uma
técnica importante na prevenção do surgimento das plantas daninhas. A
rotação de herbicidas com diferentes princípios de ação também é
fundamental para evitar a seleção de indivíduos resistentes.
Para o professor da Unesp/Botucatu e presidente do Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio), Edivaldo Velini, é preciso maior
conscientização técnica dos usuários das tecnologias, para que possam fazer
o manejo correto.
De acordo com ele, das 23 solicitações de liberação comercial de
eventos transgênicos que tramitam na CTNBio, 14 são referentes a eventos de
soja, milho e algodão resistentes a diferentes tipos de herbicidas. Entretanto,
ele alerta que o lançamento de novas tecnologias não é uma solução para o
problema das plantas daninhas resistentes.
Para que os novos materiais e os herbicidas aos quais são resistentes
tenham longevidade é preciso investir em conhecimento.
“Hoje toda vez que você faz uma inovação, imediatamente você tem que
desenvolver as políticas de preservação desta inovação. As políticas de
longevidade em geral são educacionais. Não faz muito sentido trazer
inovações muito complexas e muito eficazes se não tiver agregado a isso as
políticas de ensino aos produtores, de ensino aos técnicos e até aos
professores de como proteger a longevidade delas”, ressalta Velini.
Amaranthus palmeri
Outra planta daninha que já apresenta resistência a determinado tipo de
herbicida é o Amaranthus palmeri. Apesar de ter relato da presença dela em
apenas uma região em Mato Grosso, os exemplares encontrados eram resistentes ao
glifosato.
O relato deste evento também foi apresentado durante o Simpósio.
Entretanto, de acordo com o agrônomo do Instituto Mato-grossense do Algodão
(IMAmt) Edson Ricardo de Andrade Junior, a ocorrência da planta daninha se deu
em apenas três fazendas vizinhas em uma região isolada do estado. De acordo
com ele, o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea)
tomou as providencias necessárias de controle e combate e está monitorando a
região.
O Amaranthus palmeri é a principal planta daninha das lavouras
norte-americanas e até este ano nunca havia sido encontrada no Brasil.
Lançamento de livros
Na noite desta terça-feira, durante programação social do Simpósio, a
Sociedade Brasileira de Ciência das Plantas Daninhas promoveu o lançamento,
com sessão de autógrafos, de dois livros.
Organizado por Miniram Inoue, Rubem Oliveira Jr., Kassio Medes e Jamil
Constantin, “Manejo de Amaranthus” reúne textos de 24 autores de diferentes
instituições que discutem os aspectos biológicos e de controle deste gênero
em diversas culturas.
Já o livro “Aspectos biológicos e econômicos do uso de herbicidas à
base de 2,4-D no Brasil”, escrito pelos pesquisadores Robinson Osipe e Jethro
Osipe , apresenta uma análise completa sobre a molécula no controle de plantas
daninhas. A obra reúne dados que comprovam a segurança, eficácia e
importância do 2,4-D no controle de plantas daninhas nas culturas da soja,
milho, cana, trigo, arroz e café no Brasil.
Simpósio
O I Simpósio Nacional sobre Plantas Daninhas em Sistemas de Produção
Tropical ocorre simultaneamente ao IV Simpósio Internacional Amazônico sobre
Plantas Daninhas. Os eventos terminam nesta quarta, dia 30. São realizados pela
Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas (SBCPD) e organizados
pela Embrapa, Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade Federal de
Mato Grosso (UFMT) e Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).
Os eventos contam com Apoio da Aeagro, Capes, CNPq, IMAmt e Sindicato Rural
de Sinop; e patrocínio da Bayer, Dow AgroSciences, Banco da Amazônia,
Agrisus, Aprosoja, Crea-MT, Monsanto, Nortox e Senar-MT. Com informações da
assessoria de imprensa da Embrapa Agrossilvipastoril.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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