Porto Alegre, 6 de setembro de 2016 – O Paraná está encerrando a safra
2015/16 com expectativa de produção de 35,6 milhões de toneladas de grãos,
cerca de 6% inferior à do ano passado (2014/15), quando alcançou 38 milhões
de toneladas e teve clima com menos adversidades. Segundo o Departamento de
Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, que
divulgou o levantamento, o resultado final só será conhecido após a colheita
de trigo, que vai até novembro, e o desempenho da safra ainda está sujeito às
alterações do clima.
As duas últimas grandes lavouras do ciclo anual de grãos que estão em
campo são o milho da segunda safra e o trigo. Mas os indicativos já apontam
uma consolidação da projeção que está sendo feita, diz o diretor do Deral,
Francisco Carlos Simioni.
Ele explica que o Paraná teve safra menor neste ano em decorrência do
clima, com um dos invernos mais rigorosos dos últimos 20 anos, que reduziu a
produtividade das lavouras. Além de sucessivas geadas, o Paraná enfrentou
excesso de chuvas no verão do ano passado e seca na sequência.
A expectativa agora é que a comercialização da produção da segunda
safra de milho e dos cereais de inverno, liderada pelo trigo, corresponda aos
anseios dos produtores e que os preços hoje praticados não sofram queda
abrupta devido a uma melhor oferta sazonal, considerando que a produção
brasileira atende apenas 40% das necessidades de consumo. A produção de trigo
deverá entrar em uma fase de disputa com a da Argentina e dos Estados Unidos,
que são os principais fornecedores do Brasil e tiveram boa produção este ano.
“O produtor investiu em tecnologia e agora é hora de colher e vender. O
fator clima e preço neste final de ciclo são determinantes para ele consolidar
o planejamento e fechar o ciclo de produção e comercialização da safra
2015-2016 com margens menores devido à queda dos preços das commodities, mas
sem sobressaltos”, disse.
Segundo Simioni, as lavouras de inverno são recomendadas pela pesquisa e a
assistência técnica para que ocorra rotação de culturas, diminuindo a
incidência de pragas e doenças e também para baixar custos. “É muito caro
para o produtor deixar áreas sem lavouras por quatro meses por ano”, explicou
ele.
Para o milho, a situação se inverte, com tendência de os preços se
manterem firmes em função da menor oferta no Estado e em todo o País e por
ser esse um período de entressafra. Com isso os riscos de queda acentuada dos
preços é menor comparativamente ao trigo.
TRIGO
A expectativa para a colheita de trigo é de uma safra cheia, que pode
atingir um volume de 3,3 milhões de toneladas, quase igual à anterior, que
chegou a 3,28 milhões de toneladas. Porém, nesta safra houve um recuo de 20%
na área plantada.
Este ano, o Paraná plantou um total de 1,08 milhão de hectares. E no ano
passado, a área ocupada alcançou 1,35 milhão de hectares. A produtividade,
maior, que poderá ser alcançada este ano, vai compensar a perda de área, como
explicou o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho. “Apesar dos
sustos com o clima no início do ciclo, como seca, seguido de chuvas e de
geadas, eles não afetaram o trigo que ainda estava em estágio de
desenvolvimento”, disse o técnico.
O trigo está praticamente plantado em todas as regiões do Estado e a
colheita já começou a partir da região Norte, devendo ser finalizada até
novembro na região Sul. Até lá, há duas preocupações, ressaltou Godinho.
Cerca de 80% das lavouras ainda estão em fase suscetível à geada e ainda
há previsões de geadas tardias que podem atingir a região Sul do Estado,
justamente onde se concentram as lavouras de trigo em fase de risco.
Outra preocupação – continuou Godinho – é com a possibilidade de
ocorrência de chuvas na colheita, que prejudicam a qualidade dos grãos e
também podem impor perdas severas às lavouras.
O Deral prevê bom escoamento da produção neste início de safra, apesar
dos preços com tendência de declínio.
Atualmente o trigo está sendo vendido, pelo produtor, por cerca de R$
40,00 a saca com 60 quilos, ligeiramente acima do preço mínimo do governo
federal, que é de R$ 38,65 a saca. Segundo Godinho, a tendência é de queda
nos preços do grão, à medida que se intensifica a colheita e aumenta a
oferta.
Além disso, esse cenário pode se agravar com a entrada de trigo da
Argentina e dos Estados Unidos, que pode baixar ainda mais o preço pago ao
produtor.
“Como o período atual é de planejamento para a safra do ano que vem, em
função da necessidade de comprar já os insumos necessários para a
produção, a expectativa é de queda drástica na área plantada com trigo em
2017”, prevê o técnico.
MILHO SAFRINHA
A segunda safra de milho plantada no Paraná, a de milho safrinha, está em
final de ciclo, com 93% da área plantada já colhida. O volume de produção
deverá atingir 10,9 milhões de toneladas, cerca de 15,7% menor que o volume
esperado.
A sequência de eventos climáticos durante o ciclo de desenvolvimento do
milho safrinha, como falta de chuvas, seguida de geadas, provocou a perda de 2
milhões de toneladas, que está fazendo falta no mercado agora.
Segundo o técnico que acompanha o milho no Deral, Edemar Gervásio, a
região Norte do Estado foi a mais afetada e deixou de colher 1,3 milhão de
toneladas em relação ao esperado.
“Há escassez de produção de milho em todo o País, a produção
nacional tem perdas acima de 15 milhões de toneladas do grão, podendo
ultrapassar 20 milhões de toneladas”, disse o técnico. Com isso, os preços
do grão explodiram no mercado, o que está compensando os prejuízos com a
perda física da lavoura. Os produtores não esperavam a reação dos preços no
mercado.
Cerca de 60% da segunda safra já está vendida e o escoamento total da
produção poderá movimentar um total de R$ 6 bilhões, em preços pagos ao
produtor 50% a mais ao que ocorreu no ano passado, quando a produção total
comercializada rendeu aos produtores cerca de R$ 4 bilhões, estima o técnico
que acompanha o milho no Deral, Edmar Gervásio.
O milho foi comercializado, no ano passado inteiro, por uma média de R$
21,68 a saca com 60 quilos. Já este ano, até agosto, a média está em R$
35,00 a saca, uma alta de 60% em relação ao ano passado.
Além da oferta menor, também influencia no preço a desvalorização do
real ocorrida no início deste ano e também uma elevação no consumo do grão
por parte das principais cadeias produtivas que consomem milho, como a
avicultura e a suinocultura. “Essa combinação de escassez mais aumento de
consumo pelas cadeias produtivas, resultaram na explosão das cotações”,
avaliou Gervásio. Com informações da Secretaria da Agricultura e do
Abastecimento do Paraná (SEAB).
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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R$ 2.040,00Casquinha de soja à vista tonelada
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Atualizado em: 01/11/2024 16:00