Porto Alegre, 23 de janeiro de 2015 – “Daqui a quatro ou cinco anos não
haverá mais produto químico para controle do amargoso ou outras plantas
daninhas com resistência em soja e milho RR. Não existe e não surgirá no
médio e longo prazos um herbicida milagroso e se engana quem pensa o
contrário.” O alerta foi feito pelo engenheiro agrônomo Luiz Henrique
Penckowiski, da Fundação ABC, durante o 15o Encontro de Produtores de Soja
realizado como um dos destaques da Safratec 2015, encerrada na quinta-feira
(22/01) em Floresta, região de Maringá. Promovida pela Cocamar, a feira reuniu
dezenas de empresas participantes e foi visitada por cerca de 6 mil produtores
e técnicos.
Penckowiski ressaltou que o diferencial no manejo da resistência das
plantas daninhas será a busca de informação e que os sistemas de manejo
serão bem mais complexos, demandando que os produtores sejam proativos e não
apenas reajam aos problemas. “Por enquanto as plantas são de resistência
simples a um mecanismo de ação. Mas como será com resistência múltipla? O
produtor tem que voltar a enxergar a planta daninha, conhecer, monitorar, coisa
que deixou de fazer desde o surgimento do glifosato e da tecnologia RR”,
disse.
O engenheiro agrônomo citou que na Austrália os produtores têm usado
fogo para controlar o azevém com resistência múltipla porque nenhum produto
mais controla. Nos EUA, o maior problema da soja já são as plantas daninhas
resistentes. Há mais de 26 milhões de hectares com o problema, com gastos de
US$ 1 bilhão só para manejo da área. “O controle da buva aqui foi fichinha
perto da dificuldade de controle e dos prejuízos causados pelo caruru
resistente lá. O caruru já chegou à Argentina e tem tudo para entrar aqui
também”, destacou.
No Brasil, as plantas daninhas que já apresentam resistência são a buva,
o amargoso e o azevém. “Em 2014, já havia 10 milhões de hectares no Brasil
com o problema, sendo 7 milhões com buva, um milhão e meio com azevém e um
milhão e meio com amargoso. “O Paraná se tornou o Estado com maior número
de área com plantas daninhas resistentes e um dos poucos no país que tem
registro das três”, afirmou Penckowiski.
O engenheiro agrônomo disse que um único pé de buva que sementeie pode
se tornar um problema sério. São produzidas milhares de sementes de fácil
dispersão por até 60km de distância, que têm a capacidade de germinar na
superfície. “É problema nas culturas de verão, mas seu manejo deve ocorrer
no outono e inverno. O limite de controle é com 15 cm, quando a eficiência dos
produtos é de quase 100%. Se feito com 35 cm, a eficiência cai para 50%”.
Como a colheita das culturas de inverno se dá num período seco, o
produtor fica a espera da chuva para fazer o controle da buva e acaba perdendo o
momento certo de combater. “Tem que monitorar e esquecer o clima, fazendo
duas aplicações para controle”, recomendou.
O agricultor tem que pensar o controle do amargoso o ano todo, porque,
diferente da buva, o vegetal germina o ano todo e se o controle não for feito
na época correta, se torna difícil e caro, mais de R$ 300 por hectare, alertou
o engenheiro agrônomo Luiz Henrique Penckowiski. “Com até 45 dias de
emergência e no máximo 20 cm, é relativamente fácil eliminar a buva, com 90%
de eficiência. Mas depois que chega a 1 metro e forma os rizomas, há o
rebrote, fazendo cair o nível de controle para menos de 55%. Tem que evitar que
forme a touceira”, orientou.
O agrônomo comentou ainda que, de todos os graminicidas, apenas dois
controlaram o amargoso e, no Paraná, só um é liberado. E pior, quando ocorre
buva e amargoso resistentes na mesma área, cria-se um novo cenário de
dessecação, já que a combinação de herbicida latifolicida e de graminicida
é antagônica. “Os percentuais de controle caem significativamente com a
mistura dos dois produtos”.
O engenheiro agrônomo Luiz Henrique Penckowiski, da Fundação ABC disse
durante o Encontro de Produtores que as perdas com a infestação de milho RR
voluntário na soja podem ser significativas se não houver controle correto.
Com uma planta por metro quadrado, a produtividade cai 30% em média; com duas
plantas, a perda é de 45% e, quando há quatro espécimes por metro quadrado, a
redução pode chegar a 65%.
Penckowiski orientou que o milho voluntário RR tem dois fluxos para
controlar: o que nasce da semente e o que nasce da espiga, demandando duas
aplicações de graminicida. Alertou ainda que se o controle é feito quando o
milho ainda é pequeno, com até três folhas, há várias opções de produtos
e a eficiência é de quase 100%. Mas se o milho tem até sete folhas, as
opções reduzem bastante e o nível de controle cai para 64%. As informações
partem da assessoria de imprensa da Cocamar e foram divulgadas no boletim
Paraná Cooperativo, da Ocepar-Sescoop/PR.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Atualizado em: 29/11/2024 10:30