Agroindústrias e Cooperativas

Haitianos ajudam a preencher lacuna de trabalho em frigoríficos

16 de maio de 2014
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Os processadores de carne suína e de frango nos Estados do Sul do Brasil estão entre as principais indústrias que empregam um número crescente de imigrantes do Haiti, que fugiram de seu país nos últimos quatro anos, desde que um grande terremoto abalou a ilha em janeiro de 2010, matando mais de 220 mil pessoas e deixando 1,5 milhão de desabrigados.
A demanda pela mão de obra de imigrantes haitianos tem crescido nos últimos anos dentro do agronegócio brasileiro, com as empresas de processamento de carne entre as principais fontes de novos pedidos de visto, segundo a Polícia Federal. O Brasil emitiu 12.352 carteiras de trabalho para haitianos desde 2010.

Destes, 5.670 ainda estão registrados e trabalham no Brasil, mais da metade deles no Sul do país, onde os setores de processamento de carne suína e de aves estão concentrados nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A economia crescente do Brasil ultrapassou a oferta de mão de obra local em inúmeros setores industriais nos últimos anos, resultando em novos recordes de taxas mínimas de desemprego mensais ao longo de 2013. A taxa de desemprego mais recente, de 4,8% em janeiro, subiu ligeiramente ante dezembro mas foi a menor para esse mês desde 2003, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“No Brasil, estamos passando por um período de grave falta de mão de obra”, disse Ciliomar Tortola, diretor da GTFoods Group, depois de uma recente visita de CarneTec à sua planta em Maringá, Paraná. “No Centro-Oeste, tem a oportunidade de aproveitar ótimas condições para o agronegócio, mas não há nenhuma força de trabalho disponível para as indústrias.”

A GTFoods começou a seguir as notícias de imigrantes haitianos que atravessam a fronteira noroeste do Brasil no início do ano passado. Frustrada com a disponibilidade limitada de mão de obra no Paraná, a empresa contatou a Secretaria de Direitos Humanos no Acre e enviou seus gerentes para a cidade de Brasiléia, Acre, perto da fronteira com a Bolívia, onde o governo construiu abrigos de refúgio para receber os haitianos.

Lá, a GTFoods entrevistou e contratou um grupo inicial de 44 haitianos em abril de 2013, um número que cresceu para mais de 450 com a empresa hoje, a maioria dos que permaneceram como funcionários, disse Osni Manteli, gerente de Recursos Humanos.

A companhia pagou para alimentá-los e transportá-los durante uma viagem de ônibus de três dias ao Paraná. A GTFoods alugou várias casas e apartamentos para os imigrantes, equipando-os completamente com utensílios domésticos, móveis e tudo mais, e permitiu-lhes viver lá sem pagar aluguel nos primeiros 30 dias.

Em média, a empresa investe mais de R$ 1,5 mil por imigrante em custos de transporte, hospedagem e alimentação durante esse primeiro mês, disse Manteli. Aqueles que permanecem, pagam R$ 100 por mês em aluguel, além de cobrir suas próprias despesas domésticas.

“Apesar de toda a dificuldade que tivemos para contratar e manter pessoal, pensamos por que não tentar uma experiência com os haitianos”, disse Manteli. “Além disso, isso também se desenvolveu como um programa de ajuda social, para nós ajudarmos algumas pessoas que vêm de uma situação muito ruim (no Haiti).”

Para seu crédito, o governo brasileiro tem racionalizado o processo de registro para os haitianos entrarem em estados como Acre, exigindo apenas uma a duas semanas, em média, para gerar o visto adequado, número de CPF e carteira de trabalho. Um visto de trabalhador imigrante expira a cada seis meses, exigindo que a empresa contratante o leve à Polícia Federal para a renovação.

A legislação brasileira exige que as empresas paguem aos trabalhadores imigrantes os mesmos níveis salariais que os nacionais recebem, e fornecer iguais benefícios. Os haitianos também estão associados aos mesmos sindicatos como os seus colegas brasileiros.

A GTFoods contratou dois funcionários em 2013 que falam espanhol (uma segunda língua comum para os haitianos), o que ajudou a aliviar a transição dos trabalhadores na planta, disse Manteli. Logo depois, a empresa contratou um haitiano que estava vivendo no Brasil há alguns anos e falava português, o que o ajudou a servir como intermediário com os trabalhadores imigrantes em uma base diária.

 

Fonte: Carnetec.

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