Preços dos grãos em alta e repasse aos produtores de aves e suínos em queda, a divergência pode ir de encontro com uma possível retração das vendas de proteína animal devido à queda global do PIB provocada pela pandemia do novo coronavírus. Na visão de Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações, Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal e coordenador do Comitê Aquacultura do CBNA (Colégio Brasileiro de Nutrição Animal), consumidor será forçado a consumir menos proteína animal.
“Nesse caso, menos milho e farelo de soja serão necessários e teoricamente o preço (em dólares) deve arrefecer ainda mais, muito embora esse recuo não vai compensar a desvalorização abissal (quase 50% nos últimos seis meses) da nossa moeda, o Real”, salienta.
Abastecimento. No entanto, o CEO do Sindirações aponta que o abastecimento quantitativo dos insumos (milho e farelo de soja locais, aditivos importados, dentre outros) tem sido suficientes e sequer comprometem a dinâmica ou ritmo da cadeia produtiva.
Zani destaca ainda que respectivamente, os preços do milho e do farelo de soja subiram 45% e 50% em 12 meses (maio de 2019 a maio 2020) e, ao contrário, o preço do quilo do frango, pago ao produtor, já recuou quase 20% de maio do ano passado para cá, enquanto a ração subiu mais de 30%. O preço do quilo do suíno, pago ao produtor, retrocedeu 30% e a ração já subiu 15%, desde dezembro.
Como enfrentar esse período? Em sua análise, o especialista dá algumas sugestões e alternativas para que o setor passe por este momento da melhor maneira possível. No curto prazo, em sua visão, é preciso estar atento à possível diminuição local do ritmo da cadeia produtiva de proteína animal por causa da profunda perda de poder aquisitivo dos consumidores, muito embora a novíssima janela de exportações possa compensar em parte o retrocesso.
Além disso, a mitigação dos efeitos adversos que golpeiam nossa economia doméstica tanto do lado da oferta (parada por afastamento dos colaboradores contaminados, quanto da demanda (fechamento de bares e restaurantes, etc.) pode ser aliviado pelo esforço dedicado ao comércio exterior de proteína animal.
“A reboque da interligada globalização comercial, nossa agropecuária, justamente reconhecida como “de mercado”, conta com a indispensável retaguarda do Ministério da Agricultura, cuja primazia abona oficialmente o cumprimento dos acordos firmados e, em consequência contribui decisivamente para a satisfação e encantamento dos tradicionais compradores”, afirma.
“Novo normal”. Ao traçar um panorama global pós-coronavírus no cenário de alimentação animal de aves e suínos, Zani ressalta que esta situação vai nos conduzir por novos caminhos e perigos ainda desconhecidos, muito embora, ignorar esses novos percursos será igualmente arriscado, se não mais perigoso ainda. “Esse “novo normal” provocará razoável desconforto porque as coisas deverão ser feitas de maneira bastante diversa, outrossim, constituirá oportunidade singular para construção de economias mais inclusivas, sustentáveis e resilientes”, pontua.
Mudanças no hábito de consumo. “De certo o consumidor será mais exigente e preocupado com sua saúde e rastreabilidade dos produtos, com a sustentabilidade e preservação do meio ambiente, e com a sanidade e biosseguridade dos rebanhos e granjas de aves e suínos. Esse pacote de requisitos atribui grande vantagem para a cadeia produtiva de proteína animal brasileira (do campo à mesa), estampada na imagem de um Brasil supridor e celeiro confiável para abastecimento global”.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 22/11/2024 17:50