Porto Alegre, 23 de fevereiro de 2015 – Os protestos promovidos por
transportadores e caminhoneiros contra os baixos preços de frete e os custos
com combustíveis prejudicam o transporte de cargas e o escoamento de produtos
do agronegócio em diversos Estados brasileiros nesta segunda-feira.
Na Fernão Dias (BR-381), principal ligação entre Belo Horizonte e
São Paulo, há pelo menos quatro pontos com bloqueios em Minas e longas filas
de caminhões, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a concessionária
da rodovia.
Já os bloqueios na BR-163, principal rodovia de Mato Grosso, maior
produtor brasileiro de grãos, entraram no sexto dia nesta segunda-feira, com
interrupções em cinco trechos, preocupando agricultores do norte do Estado,
que temem ficar sem diesel para as máquinas que realizam a colheita de soja.
Desde o início da manhã há interrupções para o trânsito de
caminhões na BR-163 em Cuiabá, Rondonópolis, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde e
Sorriso, com formação de filas de três quilômetros em alguns pontos,
informou a concessionária Rota do Oeste.
Também há registros de paralisações em estradas federais no Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná, segundo a
PRF.
REFLEXOS PARA O AGRONEGÓCIO
Produtores de aves e suínos estão enfrentando dificuldades no
abastecimento de insumos e liberação de cargas perecíveis em meio aos vários
piquetes armados por frentes sindicais de caminhoneiros, disse nesta
segunda-feira a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A associação disse que os protestos afetam regiões produtoras de aves
e suínos, no Sudeste e no Sul, e podem comprometer também o transporte e a
exportação de produtos. O Brasil é o maior exportador de carne de frango.
Em Mato Grosso, a BR-163 é responsável pelo escoamento de 70 por cento
da safra de grãos do Estado, principal produtor de soja do país, e também é
a única rota de chegada de insumos para muitos municípios no norte e
médio-norte mato-grossense.
As manifestações ocorrem em um período em que os trabalhos de
colheita estão intensos, preocupando compradores e agricultores.
Em alguns municípios pequenos, como Vera, já há registros de falta de
óleo diesel para abastecer propriedades rurais, relatou o vice-presidente da
Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) para a região norte de Mato
Grosso, Silvésio de Oliveira.
“A preocupação existe, por conta do desabastecimento. Ainda não é
uma coisa generalizada, mas daqui a pouco começa a faltar óleo diesel. Em
alguns municípios mais de fora já há problemas”, disse Oliveira à Reuters.
A colheita de soja em Mato Grosso atingiu até a sexta-feira 25 por cento
da área plantada, contra 45 por cento na mesma época do ano passado.
“O que preocupa é o diesel”, disse o produtor de soja Jucelino
Dalmolin, que na noite de domingo, mesmo sem a luz do sol, coordenava o trabalho
de colheita de suas lavouras em Sinop, recuperando o atraso causado por chuvas
recentes na região.
NEGÓCIOS AFETADOS
Na sexta-feira, fontes do mercado já sinalizavam que os bloqueios na
BR-163 começavam a afetar os negócios com a soja de Mato Grosso.
Grandes tradings, que realizam o processamento e a exportação da soja,
têm oferecido preços menores pela soja no mercado à vista, tentando
precaver-se de possíveis despesas com multas por atraso no embarque de navios.
Enquanto isso, produtores, em geral capitalizados pelas boas safras dos
últimos anos, pedem valores maiores pelo produto, esfriando o fechamento de
negócios.
Os bloqueios em rodovias de Mato Grosso estão sendo organizados por
caminhoneiros e donos de transportadoras que reclamam dos baixos preços de
frete praticados atualmente e dos altos custos de operação –pela distância
em relação aos principais polos de refino, o diesel é ainda mais caro em Mato
Grosso do que em outras áreas do país.
Os manifestantes pedem ações do governo do Estado para reduzir
impostos sobre o diesel e balizar os preços pagos pelo transporte.
A Petrobras elevou ao final do ano passado os preços do diesel na
refinaria, e posteriormente o governo federal reimplementou alguns tributos
incidentes sobre os combustíveis, como a Cide, com impacto no valor da bomba.
As informações partem do site da Reuters.
Revisão: Carine Lopes (carine@safras.com.br) / Agência Safras
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Atualizado em: 17/06/2025 09:45