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MILHO: Entidades alertam que encarecimento ameaça agronegócio de SC

22 de janeiro de 2016
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Porto Alegre, 22 de janeiro de 2016 – Um perigo real e iminente assusta o
agronegócio catarinense, representada no grave quadro de superencarecimento de
milho que assola violentamente as maiores cadeias produtivas de Santa Catarina e
ameaça causar pesados e irreversíveis prejuízos à avicultura e à
suinocultura. Desemprego na indústria, insolvência de criadores e quebradeira
de empresas são os efeitos temíveis se a crise não for contornada.

Documento endereçado aos governos do Estado e da União e firmado pelos
presidentes da OCESC – Organização das Cooperativas do Estado de SC (Marcos
Antônio Zordan), FAESC – Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC
(José Zeferino Pedrozo) e Coopercentral Aurora Alimentos e diretoria de
agronegócio da FIESC (Mário Lanznaster) relata a raiz da crise e reivindica
ações imediatas. Os principais agentes econômicos dessas cadeias produtivas
– os produtores rurais e as agroindústrias – foram surpreendidos pelas
rápidas e imprevisíveis mudanças do mercado, o que fez o preço do milho
saltar de R$ 27 a saca em outubro para R$ 42 em janeiro deste ano, marcado por
forte e persistente viés de alta.

Esse espantoso aumento superior a 50% em apenas 90 dias tem origem na taxa
cambial, fruto da gestão macroeconômica do Governo Federal, que instituiu um
novo parâmetro nesse mercado: “o preço do porto”. À rigor, nesse momento,
não há escassez nem excesso de milho no mercado, mas a opção pela
exportação drenou 30 milhões de toneladas do mercado doméstico para o
mercado internacional. Dessa forma, os criadores de aves e suínos e as
indústrias pagam, desde o ano passado, o valor correspondente à cotação
internacional para comprar milho destinado a sua transformação em carne.

Os dirigentes assinalam que a procura mundial pelo grão tornou o Brasil o
segundo maior exportador de milho do mundo, arrecadando bilhões em divisas
externas. Mas isso tem um preço: a produção interna de carnes sofre pela
elevação do custo. O milho existe no mercado, mas seu preço é absurdamente
elevado: a saca está sendo vendida a até R$ 46 em algumas regiões.

Essa situação afeta todo o País, porém, é mais grave em Santa Catarina
que está longe de obter autossuficiência em milho. Aliás, o Estado é o
maior comprador de milho dentro do Brasil. Santa Catarina possui o mais
avançado parque agroindustrial do País, representado pelas avançadas cadeias
produtivas da avicultura e da suinocultura. Essa fabulosa estrutura gera uma
riqueza econômica de mais de 1 bilhão de aves e 12 milhões de suínos por
ano, sustenta mais de 150 mil empregos diretos e indiretos e gera bilhões de
reais em movimento econômico.

PRODUÇÃO DESPENCA EM SC

Nesse cenário de intenso consumo de milho, a produção desse cereal cai
continuamente há dez anos. Em 2005, 106 mil produtores rurais catarinenses
cultivavam 800 mil hectares com milho e colhiam entre 3,8 e 4 milhões de
toneladas. Nessa década, a área plantada foi se reduzindo paulatinamente e, em
2015, foram cultivados 340 mil hectares de lavouras para uma produção
estimada em 2,5 milhões a 3,0 milhões de toneladas. (Cerca de 40% desse volume
nem sai da propriedade e é transformada em silagem para nutrição do gado
leiteiro).

Esse quadro representa uma equação perigosa: para um consumo de 6
milhões de toneladas haverá uma produção interna de 2,5 milhões e,
portanto, uma necessidade de importação de 3,5 milhões de toneladas de milho.
Insumo escasso representa encarecimento para os produtores rurais e para as
agroindústrias. A conjugação de uma série de fatores contribuiu para
chegarmos a esse ponto, com redução tão drástica da produção. Os
produtores migraram para a soja, um produto com grande liquidez no mercado de
commodities, menor custo de produção e melhor remuneração final aos
agricultores.

A OCESC, FAESC e Aurora alertam que “o elevadíssimo custo do milho está
inviabilizando dezenas de pequenas e médias indústrias frigoríficas e
tornando insolventes milhares de produtores rurais.” E advertem que o governo
cometerá um grave erro se considerar essa crise apenas “um problema do
mercado”. A avicultura industrial e a suinocultura industrial são os setores
que empregam intensa mão de obra no campo e nas indústrias de processamento.

MEDIDAS

As entidades reivindicam duas medidas urgentes formalizadas em documento
entregue ao governador Raimundo Colombo nessa quarta-feira, em Chapecó, que se
comprometeu em levar ao governo federal. Uma, é a intervenção da Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab) no sentido de abrir leilões para venda de
milho e promover a transferência dos estoques do centro-oeste brasileiro para o
sul. A outra, é a concessão de subsídio de R$ 10 por saca de milho
transportada do centro-oeste para Santa Catarina a ser deduzida dos créditos de
PIS e COFINS que as indústrias da carne têm junto à Receita Federal.

Os dirigentes foram categóricos: “Precisamos estancar rapidamente essa
crise do milho, caso contrário, milhares de produtores e muitas agroindústrias
de pequeno e médio porte sucumbirão. Isso representará milhares de novos
desempregados na cidade e nova onda de êxodo rural no campo”.

Zordan, Pedrozo e Lanznaster asseveram que não são contrários ao
produtor de milho ser bem remunerado, mas, explicam, “precisamos de mecanismos
para evitar que esses custos tenham reflexo no aumento do preço da carne e na
inflação”.

Lembram que, em 2011/2012, crise semelhante ocorreu provocada por outros
fatores, e o governo federal permaneceu absolutamente inerte, indiferente e
apático. Em consequência, milhares de criadores quebraram, dezenas de
agroindústrias caminharam para o precipício e fecharam ou foram incorporadas
aos grandes grupos econômicos – em um processo de concentração industrial
sem precedentes. Com informações da assessoria de imprensa das entidades e
cooperativa.

Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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