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MSD: Alterações na temperatura de conservação de vacinas – quais são as consequências

22 de setembro de 2021
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Texto assinado pelo médico-veterinário César Feronato – gerente Técnico da área de Suinocultura da MSD Saúde Animal.

É quase que de conhecimento de todas as pessoas que manipulam ou já manipularam vacinas notar que existe, por parte da maioria dos laboratórios fabricantes, a recomendação de acondicionar as vacinas a temperaturas entre 2º e – 8ºC. Esta recomendação tem por finalidade evitar alterações que ocorrem nos produtos e suas consequências após administradas nos animais. Diante disto, explanaremos quais alterações são estas e suas consequências.

Toda vacina, além do antígeno, é constituída por uma série de material biológico que mesmo que a vacina for purificada ainda estará presente em maior ou em menor quantidade como, por exemplo, os meios de cultura (tanto bacterianos quanto para células que serão cultivados os vírus). Esses meios são ricos em produtos biológicos e entre eles existem a presença de várias enzimas, dos restos celulares que ficaram. As enzimas são solúveis e mais difíceis de serem purificadas, ou seja, eliminadas totalmente. Toda enzima tem o seu pK (onde ela tem sua atividade máxima. Para toda enzima conforme vamos aumentando a temperatura (até um certo ponto é claro) ela vai sendo ativada e conforme reduzimos a temperatura sua atividade diminui. Por exemplo, a maioria das enzimas constitutivas dos mamíferos tem seu pK próximo de 37 graus. Tanto na temperatura ambiente quanto um pouco acima estamos proporcionando que as enzimas presentes (lembre-se como “contaminantes”) sejam ativadas. As enzimas proteolíticas (proteases) têm como seu substrato as proteínas. É claro que elas atuam sobre proteínas também “contaminantes” (não-purificadas). Porém, as vacinas são constituídas por micro-organismos. Os antígenos dos micro-organismos são proteínas ou glicoproteínas que também são substratos para as proteases. As proteases atuando sobre as proteínas da bactéria ou do vírus irão degradar. Se a proteína degrada o(s) determinante(s) antigênico(s) do patógeno ele deixará de induzir resposta imune específica contra aquele epítopo ou determinante antigênico e haverá falha na resposta vacinal específica. Veja bem, a vacina não irá fazer mal ao animal.

Ele deixará de responder ESPECIFICAMENTE contra aquele epítopo desejável que induz, por exemplo, em vírus anticorpos neutralizantes. Ou seja, você reduz a IMUNOGENICEIDADE da vacina (falha vacinal). Esse é o principal motivo, quando ocorre um aquecimento das vacinas.

 

Congelamento

Com relação ao congelamento, são dois os problemas:
Primeiro, temos que nos lembrar que a forma do antígeno é fundamental para a seleção dos clones de T e B, ou seja, a estrutura terciária da proteína é extremamente importante para aqueles antígenos ou determinantes antigênicos denominados não-lineares. Ou seja, que não estão em sequência na proteína (95% dos antígenos são não lineares), ou seja, dependentes da conformação tridimensional ou da forma. O congelamento irá alterar a estrutura terciária da proteína consequentemente alterando a sua “FORMA”. Com a forma alterada o receptor celular (tanto de Linfócito T quanto de B) não reconhecerá o antígeno. (As enzimas assim como no caso do aquecimento, degrada a proteína do antígeno e também irá alterar a sua forma). Com isso, mais uma vez reduzimos a IMUNOGENICEIDADE da vacina……. falha vacinal. O outro problema do congelamento para as vacinas inativadas, de subunidade e algumas moleculares que precisam de adjuvante é a DESAGREGAÇÃO do complexo antígeno-adjuvante.

Na realidade nessas vacinas temos uma emulsão que chamamos complexo antígeno-adjuvante. Quase sempre (na maioria das vacinas) o antígeno fica “escondido” (protegido) dentro deste complexo, por isso a emulsão é fundamental. Ou seja, antígeno e adjuvante não estão soltos lá dentro do frasco, o antígeno está COMPLEXADO ao adjuvante. O problema do congelamento é a QUEBRA desse complexo, ou seja, a emulsão se desestabiliza e o antígeno não é mais apresentado ao sistema imune na forma de complexo antígeno-adjuvante. Com isso reduzimos a ANTIGENICIDADE do antígeno, com isso, a resposta diminui sensivelmente. É como se déssemos uma vacina sem adjuvante. O pico de resposta será muito baixo, pois é essa a função do adjuvante. Potencializar a resposta imune com a apresentação lenta do antígeno.

Fonte: MSD Saúde Animal

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Dália Alimentos* - base leitão

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Alibem - base suíno leitão

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