Artigos Técnicos

MSD: vacinação intradérmica sem o uso de agulhas, quais as vantagens?

24 de novembro de 2021
Compartilhe

Texto assinado pelos médicos-veterinários: Amanda Leticia Omai Camargo – Coordenadora Técnica da MSD Saúde Animal Brasil e Diogo Luis Fontana – Gerente Técnico da MSD Saúde Animal CACCUR.

Uma prática comum e rotineira na indústria de suínos é o manejo de aplicação de vacinas nos animais, sendo que, atualmente, a maioria das vacinas são administradas por via intramuscular (IM) com o auxílio de equipamentos, como seringas e agulhas, para realizar o processo. No entanto, a busca constante por inovação e diferenciação estimularam a pesquisas em novas vias de administração de vacinas por empresas de saúde animal. A boa notícia: dispositivos para realizar vacinação intradérmica (ID) sem agulha, e vacinas específicas para essa via de aplicação estão disponíveis no mercado, combinando os benefícios da vacinação sem agulha e da aplicação intradérmica de vacinas.

O exemplo mais conhecido de um dispositivo de vacinação sem agulhas na indústria de suínos é o IDAL® System, desenvolvido inicialmente na Holanda por especialistas em tecnologia de fabricação de produtos médicos em colaboração com a MSD Saúde Animal, e que apareceu oficialmente pela primeira vez no mercado em 2001. Embora os dispositivos de injeção sem agulha existam na medicina humana desde a década de 1930 e foram introduzidos pela primeira vez na medicina veterinária nos anos 90 na Europa, o desenvolvimento técnico foi adotado e aperfeiçoado por uma empresa alemã em parceria com a MSD Saúde Animal um pouco mais tarde, e essa parceria trouxe ao mercado em 2013 e 2014 os modelos melhorados do IDAL® System I e II, respectivamente, o que traz uma grande vantagem para essa tecnologia, já que o seu desenvolvimento ocorreu juntamente com uma linha de vacinas exclusivas para o uso da via ID.

O doutor Ruud Segers, gerente global de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da linha de produtos biológicos em suínos na MSD Saúde Animal, admite que é “um desafio considerável que exige um alto nível de especialização para obter todo o antígeno e adjuvante necessários em um volume tão pequeno e em uma emulsão estável”. A primeira vacina inativada para administração intradérmica contra Mycoplasma hyopneumoniae (Porcilis® M1 ID), introduzida em 2013, superou uma vacina intramuscular em situação de campo. Em 2016, uma vacina com a mesma tecnologia, mas contra a infecção por Circovírus Suíno tipo 2 (Porcilis® PCV ID) foi introduzida, o que facilita o manejo na granja, já que as vacinas Porcilis® M1 ID e Porcilis® PCV ID podem ser usadas concomitantemente. Essas vacinas foram aprovadas e registradas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e já estão disponíveis comercialmente no Brasil.

Vantagens
A vacinação intradérmica sem agulha reduz o risco de disseminação de doenças entre os suínos, que pode ocorrer devido a reutilização da mesma agulha em vários animais durante o processo de vacinação (transmissão iatrogênica de patógenos). Além disso, elimina o risco de quebra de agulhas, abcessos e condenações de carcaças associadas a esses fatos, além de melhorar a segurança do operador, evitando ferimentos acidentais com as agulhas. Como o dispositivo IDAL® System não utiliza agulhas e regula a dose da vacina e a pressão de aplicação eletronicamente, os erros de volume da dose aplicada e lesão teciduais nos animais são minimizados ou inexistentes.

Mais benefícios. Enquanto as vacinas convencionais são aplicadas com o uso de seringas e agulhas e podem formar um bolus de vacina no fundo do músculo, isto é, uma grande quantidade de líquido, um aplicador intradérmico e sem agulha, como o dispositivo IDAL®, permite uma dispersão da vacina mais ampla na pele. No geral, a resposta imune celular após a vacinação intradérmica pode ser mais rápida e tão boa quanto a vacinação intramuscular tradicional, isso com o uso de um volume de vacina muito inferior do que o usado na vacinação tradicional: 0,2 mL aplicado intradérmicamente ao invés de 2 mL via intramuscular. Além de eliminar a necessidade de troca e descarte de seringas e agulhas usadas, e por ser uma vacina que utiliza uma dose menor de aplicação, apresenta menores exigências de volume de frascarias para ser manejado e controlado nas geladeiras de armazenamento de vacinas, se tornando assim mais conveniente.

Bem-estar animal
Nos dias atuais, o mercado de produção de suínos está buscando cada vez mais o bem-estar animal em todo o processo, inclusive no momento da vacinação. E essa é outra grande vantagem que o IDAL® System pode proporcionar, pois a aplicação de vacinas sem agulhas causa menos dor e estresse. Um estudo recente mostra que a vacinação intradérmica sem agulhas reduz a reação de medo e dor de fêmeas gestantes. “Isto é de particular interesse em animais alojados em grupo, onde um grito de um animal após ser vacinado intramuscularmente, ou seja, após a introdução da agulha, irá imediatamente desencadear excitação e apreensão em toda a instalação ou grupo de animais”, explica Dr. Segers. “A vacinação sem agulha não contribuirá apenas para o bem-estar animal, mas também para um ambiente de trabalho mais calmo e tranquilo para os vacinadores”, completa Dr. Segers. Outro estudo em uma granja comercial de suínos, avaliou os aspectos de bem-estar em leitões após a vacinação com o dispositivo IDAL®. Os resultados mostraram que os leitões no grupo vacinado pela via intradérmica foram mais ativos e tinham maior atividade de mamadas após a vacinação do que os leitões vacinados no pela via intramuscular.

 

Como a vacinação intradérmica funciona?
A pele é muito exposta ao meio ambiente e, dessa maneira, representa uma importante proteção física e imunológica contra lesões e infecções. Portanto, semelhante ao sistema imune da mucosa, a pele tem um sistema coordenado no qual células epiteliais, células imunes, linfa e vasos sanguíneos operam de forma muito mais eficiente se a barreira epidérmica for interrompida. Esta é a base para usar a pele como um local de aplicação de vacinas.

Composta por três camadas principais (epiderme, derme e subcutâneo), a pele tem características especificas que são essências para a eficiência da vacinação intradérmica. A epiderme avascular é composta por várias camadas de queratinócitos escamosos cornificados de espessura. Nos suínos tem 30-140µm de espessura e representa a principal barreira da pele. A epiderme dorsal na região do pescoço é geralmente mais espessa do que na região ventral. Além dos queratinócitos, a epiderme contém um tipo de células apresentadoras de antígenos semelhante às células dendríticas (CD), chamadas células de Langerhans. A derme em suínos é 10-13 vezes mais espessa do que a epiderme e é composta de fibras de colágeno e elastina com muitos vasos linfáticos e sanguíneos, além das células dendríticas dérmicas residentes, mastócitos e fibrócitos. O subcutâneo é a terceira camada e representa a camada gordurosa, que tem aproximadamente 12 milímetros de espessura nos suínos.

“As células dendríticas representam um tipo de célula especializada do sistema imunológico que desempenha um papel importante na indução e orquestração das respostas imunológicas. Portanto, é essencial ter essas células como alvo para uma vacinação eficiente.”

 

As células dendríticas possuem muitos receptores que são capazes de detectar agentes patogênicos invasores, tais como receptores Toll-like que reconhecem padrões moleculares associados a patógenos, como ácidos nucleicos virais ou componentes da parede celular bacteriana. O desencadeamento da ativação das CD por sinais de alarme, como a vacinação, é essencial para a indução de respostas imunes adaptativas. Portanto, as vacinas podem ser suplementadas com componentes imunoestimuladores desencadeando esse processo. Depois de detectar patógenos invasores ou antígenos vacinais, as CD ativadas migram através dos vasos linfáticos para os linfonodos de drenagem, onde as respostas imunes são induzidas.

“A derme representa um excelente local para aplicação de vacinas sendo rica em células dendríticas (CD) residentes, vasos linfáticos e capilares sanguíneos.”

Dentro da pele, a camada dérmica é a parte mais preparada para montar respostas imune, pois contém muitas CD residentes, bem como muitos vasos linfáticos e sanguíneos. Após a deposição da vacina intradérmica, CD residentes reagirão e cumprirão suas funções como sentinelas e células apresentadoras de antígeno como descrito acima. Em contraste com as CD dermal, as células de Langerhans presentes na epiderme são menos eficientes para estimular respostas imunes. Sinais inflamatórios induzidos por componentes das vacinas imunestimuladoras também desencadearão extravasamento de monócitos dos capilares sanguíneos presentes na derme. Esses monócitos serão diferenciados em CD inflamatória e macrófagos, criando assim um grande reservatório de células imunes inatas e participando na indução de respostas imunes. É importante ressaltar que a derme é rica em vasos linfáticos através dos quais CD carregadas de antígenos e antígenos livres serão transportados aos gânglios linfáticos onde as respostas imunes adaptativas serão induzidas.

As CD dérmicas são particularmente eficientes na ativação de linfócitos T, que são ativados apenas pelo processamento de peptídeos antigênicos apresentados em moléculas complexas de histocompatibilidade expressas em altos níveis em CD. Em contraste, os linfócitos B são ativados pelos antígenos livres não processados. Os linfócitos T e B se ativam reciprocamente, processo necessário para a indução da memória imunológica. Estas condições anatômicas e imunológicas representam a base para direcionar a derme como um local de entrega da vacina. Uma revisão da literatura publicada sobre a comparação experimental de injeção de vacina intradérmica (ID) a intramuscular/subcutânea (IM/SC) em vários animais e humanos demonstrou que, embora as vias de vacinação parenteral são altamente imunogênicas com boas vacinas, doses de antígeno necessárias para ativação imunológica são muito mais baixas para a vacinação ID.

Um futuro promissor
“Os fatores higiene/sanidade, bem-estar animal e redução dos efeitos colaterais foram os mais comumente citados como benefícios”, completa Geurts. Atualmente, há cerca de 6.000 dispositivos IDAL® sendo utilizados em granjas de diversos países.

De acordo com um usuário, as vacinas Porcilis® PCV ID e Porcilis® M1 ID, “a aplicação de vacina com o IDAL® System, além de facilitar o manejo, proporciona segurança na dosagem e garante a aplicação correta em todos os animais”. Sobre o bem-estar, ela afirma: “Nos importamos muito com a segurança do colaborador e também com o bem-estar dos animais, por isso se fez necessário buscar uma tecnologia que faz vacinação sem uso de agulha”.
Rodrigo Bosa, que há dois anos faz parte de uma equipe responsável pela vacinação com o IDAL® System de 8.000 mil leitões por semana contra Mycoplasma e Circovirose, comenta que “esse sistema de vacinação possibilita o aprendizado e conhecimento de trabalhar com uma tecnologia nova, diferente e inovadora, menor risco de vacinação acidental, proporciona maior segurança e precisão na aplicação da vacina”.

E mais novidades surgirão em breve. O dispositivo IDAL® continua sendo aperfeiçoado e outras gerações estarão disponíveis, através do registro eletrônico das doses aplicadas, que podem ser visualizadas no display do aplicador IDAL® ou transmitido para aplicativo de celular. Com base nos benefícios imunológicos da vacinação ID via tecnologia IDAL®, essa via de aplicação deve ser considerada para o futuro modelo de produção de suínos.

Vacinação intradérmica sem agulha reduz o risco de disseminação de doenças entre os suínos.

Fonte: MSD Saúde Animal

Cotação semanal

Dados referentes a semana 22/11/2024

Suíno Independente kg vivo

R$ 9,53

Farelo de soja à vista tonelada

R$ 71,50

Casquinha de soja à vista tonelada

R$ 1.200,00

Milho Saca

R$ 1.975,00
Ver anteriores

Preço base - Integração

Atualizado em: 07/11/2024 17:50

AURORA* - base suíno gordo

R$ 6,35

AURORA* - base suíno leitão

R$ 6,45

Cooperativa Majestade*

R$ 6,35

Dália Alimentos* - base suíno gordo

R$ 6,35

Dália Alimentos* - base leitão

R$ 6,45

Alibem - base creche e term.

R$ 5,55

Alibem - base suíno leitão

R$ 6,30

BRF

R$ 7,05

Estrela Alimentos - creche e term.

R$ 6,10

Estrela Alimentos - base leitão

R$ 6,10

Pamplona* base term.

R$ 6,35

Pamplona* base suíno leitão

R$ 6,45
* mais bonificação de carcaça Ver anteriores

Parceiros da Suinocultura Gaúcha

Parceria