Agronegócio

Mulheres rurais: pesquisa de campo indica acúmulo de trabalho doméstico e alto grau de participação em decisões

10 de março de 2022
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Além do trabalho nas atividades ligadas ao campo, as mulheres com residência na área rural do Rio Grande do Sul acumulam quantidade significativa de trabalho doméstico, cuidados com os (as) filhos (as) e idosos e atividades externas à casa em proporções muito superiores às dos homens no mesmo ambiente. Somado ao maior envolvimento no domicílio, as mulheres também têm um alto grau de participação nas decisões relativas aos assuntos de produção na propriedade rural.

Estas e outras percepções sobre a participação feminina no campo constam no relatório técnico “Perfil das Mulheres Rurais do RS”, uma produção do Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG), em parceria com a Emater/Ascar e a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr). A Emater, responsável pelo serviço de Extensão Rural do Estado, levantou os dados a partir de entrevistas com 5.103 mulheres de 461 municípios gaúchos representativos da população de mulheres rurais e realizadas entre os dias 16 de novembro de 2021 e 24 de janeiro de 2022. O questionário contava com cerca de 250 questões sobre a vida da mulher e da pessoa com quem divide as atividades do cotidiano.

Elaborado pelas pesquisadoras Daiane Menezes, do DEE/SPGG, e pela extensionista rural Clarice Emmel Bock, da Emater/Ascar, o material foi divulgado na tarde desta terça-feira (8/3) durante evento na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS). Além das questões relativas ao trabalho dentro e fora de casa, o estudo também abordou aspectos relacionados à violência, participação em espaços sociais e dificuldades enfrentadas com a Covid e representação política.

Para a secretária da Agricultura, Silvana Covatti, que participou da divulgação por videoconferência, a pesquisa reafirma que as mulheres têm um papel fundamental em todos os espaços que ocupam na sociedade. “A mulher gaúcha tem essa força, essa coragem, essa determinação e ela tem que estar onde ela quiser. Elas trabalham muito, trabalham dobrado, para vencer os desafios que se apresentam e para dar às suas famílias toda a estrutura necessária”, destacou Silvana, ao agradecer a participação das mulheres entrevistadas e de todos que se envolveram na pesquisa.

A amostra selecionada na Pesquisa de Campo da Emater buscou seguir as indicações dos dados oficiais divulgados em relatório técnico do DEE/SPGG de novembro de 2021 e apontou mulheres moradoras de propriedades da agricultura familiar (86% do total), com um perfil etário de 50 anos ou mais (53%), com Ensino Fundamental incompleto como escolaridade predominante (45%), majoritariamente brancas (88%) e casadas (73%). Em relação a trabalho e aposentadoria, 37% já está aposentada, 36% possui carteira de habilitação e 43% conta com renda familiar que varia entre dois e cinco salários mínimos.

Extensionista rural da Emater, Clarice Emmel Bock, e pesquisadora Daiane Menezes, do DEE
Extensionista rural da Emater, Clarice Emmel Bock, e pesquisadora Daiane Menezes, do DEE – Foto: Rogério Fernandes/Emater/RS-Asca

Trabalho doméstico

A rotina de afazeres da casa é onde foram registradas as maiores diferenças no envolvimento de homens e mulheres no campo. Na cozinha, as mulheres são as responsáveis mais frequentes por fazer o café da manhã (82%), almoço (90%) e jantar (85%). O cuidado com a louça é feito regularmente pelas mulheres (87%), assim como a limpeza da casa, 89%, contra apenas 4% dos homens que disseram realizar a tarefa com regularidade, 8% dos filhos homens e 22% das filhas mulheres. Os percentuais são similares no cuidado com as roupas, em que há regularidade de 93% para mulheres contra 4% dos homens.

Já a conservação e consertos na casa são tarefas assumidas com maior regularidade por homens, 72% contra 17% das mulheres que disseram realizar o trabalho com frequência, 16% dos filhos homens e 2% das filhas mulheres. Atividades externas, como saídas para pagamentos de contas, são realizadas de forma paritária, aponta o relatório, com 56% de respostas regulares para homens e mulheres sobre a ação. Quando a atividade externa é a de compras no supermercado (79%) e compra de roupas (84%), no entanto, as mulheres seguem sendo as mais frequentes.

O cuidado de crianças, 56% das mulheres contra 36% dos homens, atenção às atividades escolares, 62% contra 17%, cuidados de animais domésticos, 64% a 46%, e atenção aos idosos da residência, 57% a 24%, são outras ações realizadas com maior regularidade por mulheres.

Tomada de decisões

No quesito tomada de decisões, a participação das mulheres é relevante quando o tema são os assuntos domésticos (97%, de média a muito forte), enquanto nos assuntos ligados à produção é um pouco mais baixa, 80% quando o tema é o de investimentos nas atividades produtivas, sendo mais baixa nas compras de ferramentas e utensílios, de 50%.

Participação em espaços sociais e representação

A participação em atividades promovidas pela Emater é maior entre as mulheres do que entre os homens (91% a 68%), assim como em atividades religiosas (91% a 77%) e em atividades da comunidade em geral (86% a 75%). Nesta última, o destaque fica por conta da baixa participação dos filhos das atividades comunitárias (27%). Em espaços como sindicatos e cooperativas, mulheres e homens participam de forma paritária (50% a 49%), com similaridade nas associações (39% a 35%) e em baixa representatividade junto a movimentos sociais (8% a 7%).

Internet e tecnologias

A maior parte das mulheres entrevistadas disse já ter utilizado a internet ao menos uma vez (88%). Das que usam a tecnologia, 97% usa para trocar mensagens instantâneas, 93% para conversar por chamada de vídeo e de voz, 89% para usar redes sociais e 79% para procurar informações e serviços de saúde.

Com a pandemia, a pesquisa mostra uma mudança no hábito de compra e venda de produtos pela internet. Em relação às compras, 16% das entrevistadas disseram que passaram a fazer também pela rede e 32% afirmaram ter intensificado o comportamento. Quanto às vendas, 16% começaram a utilizar o meio e 26% intensificaram o processo.

Violência contra a mulher

Dados da pesquisa mostram que as mulheres entrevistadas consideram ações como tapas e empurrões atos de violência (98%), enquanto 91% das ouvidas indicam ser atos violentos qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. Sobre frases comuns de serem ouvidas relacionadas à violência contra a mulher, 30% das entrevistadas concordam que “Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”, enquanto 2% concorda com a frase “Mulher que apanha é porque merece”.

Entre as demandas das mulheres, 50% responderam que almejam mudanças nos espaços de trabalho, nos estudos, na família, na comunidade ou na política. A esfera política é a principal esfera que as ouvidas na pesquisa almejam maior participação, resposta ouvida em 43% dos casos.

Mais da metade das entrevistadas disseram ainda ter algum problema de saúde, sendo a hipertensão o mais comum deles (30% das que afirmaram ter algo). Problema de coluna (20%), problema de visão (15%) e depressão (13%) estão na sequência da lista.

Em relação à pandemia da Covid-19 e seus impactos na vida no campo, 66% das mulheres confirmaram impacto na saúde emocional e 40% no aspecto econômico.

“Quando questionários detalhados como esse são realizados, é percebido um impacto imediato nas mulheres entrevistadas, pois causam uma reflexão sobre sua própria vida. Muitas delas verbalizaram que não tinham percebido antes quantas atividades exerciam”, destaca a pesquisadora Daiane Menezes.

Clique aqui e veja a apresentação

Fonte: Seapdr

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