Um ano intenso aos criadores de suínos. Assim foi 2021. Os custos de produção figuraram novamente como o principal desafio da produção e os preços de exportação surpreenderam a todos por não acompanharem os altos volumes das vendas para o mercado externo.
Por Valdecir Luis Folador – Presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul – ACSURS e Conselheiro de Relações com o Mercado da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos – ABCS.
O milho e o farelo de soja, principais componentes da alimentação dos suínos, foram os vilões de 2021. Em crescente alta desde a metade de 2020, os produtores visualizaram nos custos de produção seu maior desafio.
De acordo com dados da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul – ACSURS e Embrapa Suínos e Aves, os meses de janeiro e fevereiro apresentaram margens positivas para os suinocultores. Nestes dois meses, os ganhos frente aos custos de produção foram de 8% e 9%, respectivamente.
Em março, o cenário mudou. O preço médio recebido pelo quilo do suíno vivo e o custo de produção ficaram muito próximos um do outro, na média de R$ 6,70 para o primeiro e de R$ 6,67 para o segundo.
Já no mês de abril, uma pequena margem positiva para os suinocultores, apesar dos custos de produção continuarem em alta. Este cenário, no entanto, novamente mudou no mês seguinte, quando houve perda de 6%, ou seja, em maio o produtor pagou para produzir o suíno.
No mês de junho, o ganho e as despesas voltaram ao mesmo patamar, igual ao que aconteceu em março.
Nos meses de julho, agosto e setembro, os custos de produção novamente sobressaíram-se ao valor recebido pelo quilo do suíno, com margens de 6%, 8% e 2,4% acima do preço médio, respectivamente.
Ainda em relação aos custos de produção, enfrentamos problemas com a segunda safra do milho, que é plantada no Centro-Oeste do Brasil. A região enfrentou estiagem, com períodos de até dois meses sem chuva, o que resultou em um pequeno volume na segunda safra do milho.
Quando falamos em mercado externo, a projeção era de que a suinocultura brasileira teria um ano bom para as exportações, de volumes significativos, o que se vem, realmente, se confirmando. O que nos surpreendeu, no entanto, foram os preços de exportação que não acompanharam o volume.
Os preços das exportações caíram, e essa foi a grande surpresa de 2021. Por conseguinte, a queda de valores no mercado externo refletiu no mercado interno, fazendo com que a suinocultura perdesse a força para se manter ao menos para cobrir os custos de produção.
Historicamente, o final de ano vem para melhorar o mercado interno, momento em que as festividades trazem a tradição em se consumir mais carne suína. Há também a entrada do 13º salário, o que oferece ao consumidor algum poder de compra.
Infelizmente, 2021 está se caracterizando como um ano em que o suinocultor precisou usar as reservas que fez em 2020, que foi um ano muito positivo em termos de rentabilidade ao produtor e ao setor.
A suinocultura sempre enfrentou períodos cíclicos. Períodos bons e ruins, e continua sendo assim, pouca coisa mudou. É uma atividade realmente desafiadora e devemos fechar 2021 com esse obstáculo do custo de produção maior do que os preços de venda ofertados ao suinocultor.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 07/11/2024 17:50