Porto Alegre, 24 de abril de 2020 – A combinação de medidas de isolamento
social e restrição a viagens para conter a disseminação do novo
coronavírus ao redor do mundo destruiu a demanda por petróleo, alimentou o
excesso de oferta global e levou a capacidade de armazenamento à beira do
colapso. A falta de elementos para dissipar essa conjuntura deve trazer de volta
um pesadelo recente para o mercado de energia: os preços negativos, que dessa
vez podem atingir não só o WTI como também o Brent, segundo especialistas
consultados pela Agência CMA.
“O que vimos esta semana com o WTI foi uma corrida para fechar posições
antes do contrato expirar. Como o petróleo implica em entrega física, ninguém
naquele momento queria receber um barril em casa”, disse o chefe de
estratégias de commodities da ING, Warren Patterson.
Na segunda-feira, o preço do contrato futuro do WTI com vencimento em maio
– que expiraria no dia seguinte – caiu 306%, terminando a sessão negativo pela
primeira vez na história, a -US$ 37,63, o que significa que foi necessário
pagar para que alguém retirasse os barris das mãos dos traders.
Patterson explica que no caso do Brent – usado como referência no mercado
internacional – é mais difícil que as cotações fiquem negativas, embora a
Intercontinental Exchange (ICE) – bolsa onde os futuros desse tipo de petróleo
são negociados – já tenha emitido um aviso de que está se preparando para o
evento da reversão de preços.
“O Brent não sofre da mesma capacidade limitada de armazenamento como o
WTI, que depende exclusivamente de Cushing, por isso, não há tanta urgência
na cobertura de posições como no caso do petróleo norte-americano”,
acrescentou Patterson, referindo-se o hub de entregas físicas do WTI em
Oklahoma, nos Estados Unidos, que já beira o limite.
O estrategista da ING, no entanto, não descarta a repetição dos preços
negativos do WTI para o contrato futuro atual, que expira em 19 de maio.
“Ainda há espaço para os preços caírem mais e até ficarem no negativo
novamente diante da capacidade limitada de armazenamento em Cushing, que deve
ficar esgotado em maio. Com o WTI negativo novamente, não há como evitar a
pressão sobre o Brent, cujos preços devem ser arrastados por essa onda de
baixa”, afirmou Patterson.
Embora inéditos, os preços negativos do petróleo já eram esperados
diante das pressões de oferta e armazenamento do mercado atual.
“Os preços negativos estão se manifestando cada vez, como previsto em
meados de março. As bolsas estavam se preparando para gerenciá-los, inclusive
no WTI, com o CME informando que isso estaria pronto, se necessário”, disse o
estrategista de commodities do Citigroup, Eric Lee.
No último dia 8, o CME Group – que controla a bolsa onde os futuros do WTI
são negociados – divulgou nota indicando que testaria preços negativos para
os futuros do petróleo.
“A CME Clearing tem um plano testado para apoiar a possibilidade de
opções negativas e permitir que os mercados continuem funcionando
normalmente”, disse a operadora de câmbio na ocasião, em nota.
Lee acredita ainda que esse cenário inédito de preços do petróleo não
deve ser revertido no curto prazo.
“Mesmo com os cortes de oferta entre grandes produtores e com a
diminuição significativa de estoques a partir do segundo semestre, as
próximas quatro a seis semanas serão marcadas pela dificuldade de
armazenamento, provavelmente gerando realizações de preços e desconexões
incomuns, incluindo o super contango e cotações negativas”, afirmou Lee.
O contango ao qual o estrategista do Citigroup se refere ocorre quando os
preços à vista de commodities são inferiores aos preços futuros. Com
informações da Agência CMA.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 01/08/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,07Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.640,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.400,00Milho Saca
R$ 68,25Preço base - Integração
Atualizado em: 31/07/2025 11:10