Suinocultura

Prejuízos passam de R$ 300 por suíno no Rio Grande do Sul

9 de março de 2022
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A suinocultura brasileira atravessa uma das suas fases mais difíceis. Com um crescimento próximo de 40% nos últimos seis anos, se viu imersa neste início de 2022 em uma profunda crise financeira em decorrência do excesso de produção, elevação dos preços dos insumos que compõem a ração e a queda consecutiva dos preços pagos aos produtores.

Presidente da Acsurs, Valdecir Luis Folador

Os prejuízos ultrapassam os R$ 300 por animal vendido pelo suinocultor independente de acordo com a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs). “O que mais tem impactado e pesado no bolso dos produtores elevando o custo da produção é a alimentação. O custo médio de produção varia entre R$ 7,5 e R$ 7,8 para cada quilo de suíno, mas este mesmo quilo está sendo comercializado a R$ 5,28. O produtor vende em média um animal de 125 quilos, o que gera para ele um prejuízo acima de R$ 300 por suíno, então essa discrepância entre os preços pagos pelos insumos e o recebido pelo animal vivo que desencadeou a crise no setor suinícola independente”, lamenta o presidente da Acsurs, Valdecir Luis Folador.

Em entrevista ao jornal O Presente Rural, Folador afirma que essa crise que “explodiu” no início de 2022 já vinha dando sinais desde o segundo trimestre do ano passado, quando iniciou uma série consecutiva de quedas no valor pago pelo quilo do suíno vivo junto com a elevação dos preços do milho, do farelo de soja, das vitaminas e minerais usados na ração. “Essa situação começou a se agravar com a quebra das safras de soja e milho no Sul do Brasil e pela quebra da segunda safra de milho no Centro-Oeste, especialmente no Mato Grosso do Sul, quando o preço desses grãos aumentou bastante, fazendo com que os suinocultores autônomos enfrentassem dificuldades econômicas desde então. Se nós tivéssemos tido uma boa safra de verão teríamos um pequeno recuo de custo, os prejuízos agora estariam sendo menores, mas isso não aconteceu”, pontua Folador.

O presidente da Acsurs ressalta que o país vive uma crise mercadológica, que apesar do consumo interno e das exportações serem em volumes bastante expressivos não são suficientes para dar conta do aumento de produção. Nessa situação, diz Folador, quem mais sente os reflexos do mercado são os produtores fora do sistema de integração, que representam 15% do setor suinícola no Estado gaúcho.

Somente em 2021 os suinocultores autônomos abasteceram a pequena e média agroindústria com quase um milhão de suínos dos cerca de dez milhões que são enviados anualmente para abate no RS. “Estamos em uma situação muito crítica de preços pagos ao produtor e o custo de produção continua subindo, esse é o cenário que nos levou à crise que estamos vivendo. O produtor está tendo prejuízo de 50% em seu negócio”, elenca Folador.

Momento de incertezas

A curto e médio prazo não se vislumbra uma recuperação mercadológica que possa beneficiar o setor suinícola independente, o que deixa os produtores autônomos ainda mais apreensivos, porque não conseguem enxergar luz na imensidão da escuridão que a atividade se encontra. “Não consigo visualizar nenhuma solução de curto e médio prazo, principalmente na recuperação mercadológica dos suínos, porque lá na ponta, no mercado interno, as informações que se têm é que não se consegue repassar preço ao consumidor, visto que nas exportações está sendo pago um valor muito abaixo do necessário para ter uma remuneração melhor do suíno no mercado interno. Caso conseguisse vender com valores bons um grande volume de carne suína para fora poderia trazer um suspiro para o setor, fora isso não vejo nenhuma perspectiva de melhora deste cenário dentro do primeiro semestre de 2022”, pontua o presidente da ACSURS.

Folador diz que os produtores que entraram nesta crise capitalizados estão conseguindo trabalhar de forma mais tranquila, mas não menos apreensivos. Por outro lado aquele que por algum motivo está sem dinheiro busca crédito para seguir na atividade. “São esses que estão pensando mais o seu negócio agora, se continuam, se reduzem a produção ou se param. Como cada produtor está passando por essa crise depende muito do quanto está capitalizado dentro do seu negócio”, afirma.

“Corrida” pelo milho

Neste momento, o Rio Grande do Sul está colhendo o milho que foi plantado mais cedo, com isso os produtores buscando abastecer seus armazéns dentro dos limites que seu bolso suporta. “Estão se prevenindo o máximo para tentar chegar até a metade do ano, quando começa a entrar a segunda safra do milho do Centro-Oeste. O produtor que tiver recurso vai conseguir buscar milho em qualquer lugar pagando o preço que tiver. Faltando milho não está, está escasso, é preciso correr atrás daquele pouco que está sendo colhido”, aponta Folador.

A boa safra de cereais de inverno como trigo, triticale e triguilho garantiu os grãos para as fábricas produzirem ração, o que desafoga um pouco a pressão pela busca do milho.

Fonte: O Presente Rural

Cotação semanal

Dados referentes a semana 22/11/2024

Suíno Independente kg vivo

R$ 9,53

Farelo de soja à vista tonelada

R$ 71,50

Casquinha de soja à vista tonelada

R$ 1.200,00

Milho Saca

R$ 1.975,00
Ver anteriores

Preço base - Integração

Atualizado em: 07/11/2024 17:50

AURORA* - base suíno gordo

R$ 6,35

AURORA* - base suíno leitão

R$ 6,45

Cooperativa Majestade*

R$ 6,35

Dália Alimentos* - base suíno gordo

R$ 6,35

Dália Alimentos* - base leitão

R$ 6,45

Alibem - base creche e term.

R$ 5,55

Alibem - base suíno leitão

R$ 6,30

BRF

R$ 7,05

Estrela Alimentos - creche e term.

R$ 6,10

Estrela Alimentos - base leitão

R$ 6,10

Pamplona* base term.

R$ 6,35

Pamplona* base suíno leitão

R$ 6,45
* mais bonificação de carcaça Ver anteriores

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