A escassez de chuvas que prejudica as lavouras de grãos do Sul do Brasil e da Argentina desde o fim do ano passado foi determinante para a sustentação das cotações de soja e milho na bolsa de Chicago em janeiro. Com a valorização, esses grãos, que têm na América do Sul uma região fornecedora fundamental, com destaque para o Brasil, voltaram a patamares que já não eram observados desde o primeiro semestre do ano passado.
Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega mostram que, no caso da soja, a alta em relação a dezembro foi de 8,73%. O valor alcançado foi o maior desde junho, quando um movimento de acomodação em níveis mais baixos ganhou força. Em comparação com janeiro de 2021 o avanço foi de 2,86%.
No mercado de milho de Chicago, a média de janeiro, a maior desde maio, foi 2,75% superior à de dezembro e 17,78% maior que a de janeiro do ano passado. Para analistas como Pedro Schicchi, da hEDGEpoint Global Markets, o “fator seca” na América do Sul foi precificado nos últimos três meses e seu fôlego para garantir novos saltos para soja e milho está no fim, mas eventuais pioras no quadro climático sul-americano ainda podem influenciar as cotações.
Caso nada de mais grave aconteça, o movimento de acomodação poderá voltar a dar o tom, em parte por causa da China. Maior importador de soja do mundo e cada vez mais importante no ranking do milho, o país asiático, observa Schicchi, está com estoques mais confortáveis de grãos, o que poderá limitar o incremento das compras ainda que o plantel chinês de suínos esteja sendo recomposto.
Ao mesmo tempo, lembra o analista, nos EUA, a redução do mandato dos biocombustíveis também deve manter o consumo mais restrito. Segundo a hEDGEpoint, medidas que estimulem o consumo de combustíveis no país podem alterar o quadro, mas o aumento das taxas de juros americanas sinalizado pelo Federal Reserve para conter a inflação também surge, nesse contexto, como fator de pressão.
Na bolsa de Nova York, o destaque de janeiro entre as “soft commodities” que o Brasil mais exporta foi o suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ). Em plena temporada de geadas na Flórida, principal região produtora dos EUA, e problemas climáticos também no cinturão de São Paulo e Minas Gerais, os contratos de segunda posição do FCOJ fecharam o mês com média 10,68% maior que em dezembro e alta de 20,17% em comparação com janeiro de 2021.
Também o algodão subiu de forma expressiva, com o suporte da lenta recomposição da oferta global em tempos em que o aumento da demanda ganha força, com as economias mundo afora tentando se recuperar dos problemas causados pela pandemia. Segundo o Valor Data, a média de janeiro foi 9,43% maior que a de dezembro e 42,56% superior à de um ano atrás. A média no mês passado foi a maior desde junho de 2011.
O café se manteve praticamente estável, embora as perspectivas para a próxima safra no Brasil (2022/23) também não sejam positivas – mais uma vez, por causa do clima. Ainda segundo o Valor Data, os futuros de segunda posição do arábica encerraram janeiro com discreta variação positiva, de 0,79%, em relação a dezembro. Com isso, o aumento na comparação interanual permaneceu expressivo: a alta, de 86,9%, foi a mais forte entre as principais commodities agrícolas exportadas pelo Brasil e referenciadas nas bolsas americanas.
Desse grupo, apenas o açúcar fechou janeiro com preço médio menor que o de dezembro. A queda foi de 3,3%, mas, em relação ao primeiro mês de 2021, a valorização foi de 20,45%. Para Lívea Coda, analista de açúcar e etanol da hEDGEpoint, em boa medida, a percepção global de risco, causada pelas tensões entre Rússia e Ucrânia, pressionou as cotações do açúcar.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 07/11/2024 17:50