O preço do milho continuará alto, pelo menos, até meados do próximo ano. Mesmo com a excelente expectativa da safra norte-americana, estimada em 383 milhões de toneladas de milho, a cotação do cereal não deve sofrer alterações significativas em curto prazo.
A inserção do Brasil no mercado internacional de milho, estimulada pela valorização do real frente ao dólar, mudou a dinâmica de comercialização do grão no Brasil. O milho brasileiro é hoje o mais competitivo do mundo e, por isso, alvo de compra dos principais países importadores. Das 130 milhões de toneladas de milho importadas todo ano, o grão brasileiro figura no topo da lista.
Essa nova realidade obriga o setor produtor de proteína animal, notadamente os segmentos de suínos e aves, grandes consumidores de milho, a criar e desenvolver novos mecanismos para a compra do insumo. Especialmente investindo na aquisição antecipada do cereal. Nunca o planejamento estratégico e a gestão na compra de milho foram tão importantes para a rentabilidade dos suinocultores como agora.
Essa foi, em síntese, a principal conclusão que se pode tirar da apresentação de André Pessoa, Sócio-Diretor da Agroconsult, diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e membro do Conselho Superior de Agronegócio da Fiesp, no 12º Seminário Internacional de Suinocultura Agroceres PIC.
“O milho brasileiro, posto dentro do navio, é hoje o mais barato do mundo. Só o milho argentino compete com o cereal brasileiro em termos de custo de produção, de logística. Isso significa que quando o mundo precisar de milho quem primeiro vai ser cotado é o Brasil”, afirma Pessoa. “Em outras palavras: a partir de agora sempre vai ter comprador para nosso milho”, acrescenta o especialista.
Segundo Pessoa, por conta dessa nova dinâmica é pouco provável que o mercado brasileiro conte com estoques significativos de milho daqui para à frente. “Estamos numa situação de estoque baixo e vamos permanecer nessa situação. Isso acontece porque o que será produzido em excesso – a menos que o Brasil produza uma safra colossal -, tem espaço no mercado internacional. Nosso milho é extremamente competitivo e, portanto, a paridade de exportação será a normalidade”, afirma.
Compra antecipada – De acordo com Pessoa, a atratividade do milho brasileiro no mercado internacional força o desenvolvimento, por parte dos produtores de proteína animal, de novos mecanismos de aquisição do cereal, principalmente, através da antecipação das compras por parte dos produtores.
Ao contrário do que acontecia até então, argumenta o especialista, os estoques não vão mais estar nas mãos dos produtores de milho e das cooperativas, mas sim nas mãos dos consumidores do grão. “A escassez de milho estará presente no mercado brasileiro se não houver uma mudança da comercialização, se não houver uma antecipação da comercialização. O suinocultor que quiser garantir seu abastecimento de milho no segundo semestre, após a safra de verão, terá que comprar o insumo com um ano de antecedência. Nosso produtor de milho agora tem comprador”, afirma. “A construção de novos mecanismos de comercialização e a realização de um planejamento estratégico para a compra de milho torna-se, portanto, um instrumento essencial para uma maior lucratividade na suinocultura”, finaliza.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 07/11/2024 17:50