Analista de mercado do Itaú BBA vê cenário apertado e difícil, mas diz que exportação pode ajudar a sustentar o mercado em bons patamares.
O preço médio do suíno vivo recuou ao menor patamar real desde julho de 2020, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Só em janeiro, algumas praças acompanhadas pela entidade registraram quedas de até 25%.
Apesar da forte desvalorização no mês passado, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul – ACSURS espera que o quilo do animal volte ao patamar recorde do ano passado, a R$ 8,91 para o produtor independente e R$ 6,04 para o integrado.
“Esta semana, as negociações que estão acontecendo já demonstram uma pequena subida. Se não tivermos força para subir, pelo menos ficaremos estáveis. Mas, aos poucos, o mercado dá sinais de estar reagindo novamente, olhando para o cenário de exportação”, afirma Valdecir Folador, presidente da associação.
Segundo Folador, o valor recebido neste momento está esmagando a rentabilidade da criação, já que o custo de produção é estimado em cerca de R$ 7. “Nesse período, os preços do milho, farelo de soja, vitaminas e minerais não recuaram. Há indústrias falando em reajustes [para cima] dessas matérias primas usadas na ração”, conta.
O analista de mercado Cesar de Castro, do Itaú BBA, vê um cenário complicado para o suinocultor nos próximos dois ou três meses, pois a tendência é que os preços caiam neste período. “Mas apesar do mercado interno ter essa dinâmica, devemos ter boas compras chinesas e é isso que vai sustentar o setor”, acrescenta.
Exportações de carne suína
De acordo com o especialista, a projeção é que os chineses importem 4,5 milhão de toneladas de carne suína de diversos destinos em 2021, o que representa queda de 10% em relação ao ano passado. “É importante dizer que estamos bastante na mão da China, que é quem mais absorve a nossa carne chinesa, então esses negócios precisam acontecer”, diz.
Castro não acredita que o Brasil vai aumentar muito mais os seus embarques para a China. No ano passado, as exportações bateram recorde, passando de 1 milhão de toneladas. “Só cresce se roubar espaço de outros fornecedores, e, como qualquer comprador, a China não vai querer concentrar suas compras em um só país de origem”, argumenta.
Mas isso não é ruim, segundo o analista. Caso mantenha o patamar de 2020, a exportação brasileira deve ser suficiente para sustentar os preços internos e dar condições ao suinocultor.
Folador também enxerga o cenário externo como positivo, mas lembra que 75% da proteína suína é consumida no mercado interno, que demonstra fraqueza após o fim do auxílio emergencial. “Esperamos que venha alguma medida para ajudar neste período de pandemia, para que o mercado tenha força para reagir”, diz. No curto prazo, o pagamento dos salários deve elevar um pouco mais as vendas.
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 22/11/2024 17:50