SAFRAS (22) – Os moinhos de trigo do Brasil preveem volumosas compras do
cereal nos Estados Unidos no segundo semestre do ano, apesar da expectativa de
uma safra recorde no país, diante de incertezas sobre a oferta da Argentina e
da qualidade do produto nacional, disseram representantes da indústria nesta
terça-feira.
O Brasil é um dos maiores importadores globais de trigo, e
tradicionalmente realiza a maior parte de suas importações no Mercosul.
No entanto, as previsões indicam que as compras brasileiras nos Estados
Unidos em 2014 poderão ser novamente elevadas, após importações de atípicas
3 milhões de toneladas em 2013 –no primeiro semestre, as aquisições
nacionais somaram 1 milhão de toneladas nos EUA.
Com a manutenção das restrições a exportações na Argentina,
tradicional fornecedor do Brasil, as previsões são de que o Brasil compre pelo
menos 1 milhão de toneladas adicionais fora do Mercosul, especialmente dos
EUA, no segundo semestre. Os maiores volumes serão importados pelos moinhos do
Nordeste, mais próximos dos EUA, mas as indústrias do Sudeste também tomarão
parte dos carregamentos.
“As importações de trigo extra Mercosul (quase tudo norte-americano)
com isenção da TEC (Tarifa Externa Comum) continuam a todo vapor”, disse o
presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih, acrescentando que o Brasil
precisará comprar no segundo semestre, nos EUA, um volume superior à cota de 1
milhão de toneladas isenta de taxa.
O governo brasileiro isentou uma cota de 1 milhão de toneladas extra
Mercosul da tarifa de 10 por cento, ao final de junho, com o objetivo de evitar
impacto dos custos do trigo na inflação no país.
Mas o prazo para comprar o volume da cota, até 15 de agosto, é curto, e
ela não será toda utilizada, segundo as indústrias. “A minha estimativa é
(de uso da cota) no máximo 700 mil toneladas”, acrescentou Pih, ressaltando
que mesmo sem isenção de tarifas as importações do produto norte-americano
vão continuar nos próximos meses.
“O trigo mais caro é o trigo que não existe”, disse ele, opinando que
a commodity no mercado global, que atingiu uma mínima de quatro anos na bolsa
de Chicago, atingiu um piso e deverá subir a partir de setembro. “A demanda
mundial está em linha com a oferta. Não há muito excesso e qualquer
contratempo climático pode causar um stress nos preços.”
Para Pih, embora as previsões oficiais apontem uma safra recorde de trigo
no Brasil este ano, acima de 7 milhões de toneladas, a qualidade do produto
nacional está sob a ameaça de chuvas na colheita e de eventuais geadas. Ele
argumenta ainda que o Brasil plantou mais trigo “brando”, não adequado para
panificação, o que resulta em mais importações.
Um diretor de um outro moinho paulista, que prefere não ser identificado,
afirmou que o governo deveria discutir a possibilidade de impor uma nova cota
de importação de trigo de fora do Mercosul sem tarifa, com o objetivo de
reduzir os custos das importações.
“Acho que deveria ter nova cota principalmente por conta dessa
dificuldade do Nordeste. Eles vão ter que comprar mais. O que eles compraram
cobre até setembro… vão ter que voltar ao mercado ao final de julho e
início de agosto para fazer a contratação do trigo para setembro”, afirmou.
O executivo, que costuma trabalha mais com o trigo importado da Argentina,
lamentou as indefinições no país vizinho e o impacto da crise para os
negócios.
“Os exportadores na Argentina não têm trigo, os produtores não estão
vendendo, eles se retiraram do mercado para não ficar com dinheiro em banco,
eles preferem ficar com a mercadoria, que é cotada em dólar”, afirmou.
O executivo, no entanto, afirmou que se a safra brasileira tiver qualidade
poderá aliviar a necessidade de importações. As informações partem do site
da Reuters.
(CBL)
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 22/11/2024 17:50