Agroindústrias e Cooperativas

“A suinocultura de SC não será extinta!”, diz vice-presidente da Aurora

16 de junho de 2016
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Terceiro maior grupo industrial do Brasil, a Cooperativa Central Aurora soma números de causar inveja nos setores menos favorecidos que o agronegócio. Em 2015, obteve uma receita operacional bruta na ordem de R$ 7,7 bilhões, dos quais R$1,85 bilhão se deram através das exportações – somando um crescimento mundial na ordem de 35%.

Com matéria-prima oriunda de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, é o porto de industrialização das matérias-primas produzidas pelas filiadas de suínos, aves e lácteos – que contabilizam o abate diário de 18 mil suínos, 1.050 mi aves/dia e cerca de 1.600 mi litros/dia de leite. A produção vem de pequenas propriedade rurais, que representam ao todo 71 mil famílias associadas às 13 cooperativas instaladas entre os Estados onde a empresa atua.

Vice-presidente da Aurora Alimentos, Neivor Canton recebeu a reportagem do Suinocultura Industrial e falou sobre os principais aspectos que envolvem a cooperativa central, onde a produção suinícola representa a principal receita do grupo. “Tivemos uma contribuição ainda considerada principal na área de suínos, onde buscamos agregar valor em maior escala oferecendo um mix ao mercado interno principalmente; no mercado externo ainda é um tanto que irrisório o volume de exportações dos processados”, diz o empresário ressaltando que nas exportações as aves superaram os demais produtos comercializados pelo grupo.

Produção diferenciada – Quanto a integração, cooperativas filiadas e Aurora, o trabalho de desenvolvimento dos produtores é um dos diferenciais que garantem a qualidade na produção. “Não se trata apenas de um quadro de técnicos para cuidarem da produção, temos também um quadro de pessoas qualificadas para implementar um programa de qualidade nas propriedades rurais. Temos basicamente duas etapas nesse programa, a primeira visa melhoria e a segunda é a gestão de propriedade, onde o produtor passa a adotar práticas de gestão permitindo que ele conheça seus custos e os resultados em cada uma das atividades que ele se dedica”, relata Canton. Segundo o empresário, esse empenho tem ajudado a estancar o êxodo rural, que aconteceu em grandes proporções em décadas passadas. “Hoje, um pequeno produtor, basicamente se servindo da mão de obra familiar, tem uma atividade diversificada em sua propriedade, trabalha com duas a três atividades, dessas que incentivamos. Com apoio técnico ele consegue contabilidade para poder acenar com uma perspectiva no futuro para seus filhos e isso tem sido importante”, explica.

Exportação – Para atender as exigências do mercado externo, a cooperativa divide a produção em regiões específicas para atender o mercado interno, tendo em vista as exigências que podem se diferenciar de país para país. “Nosso crescimento no mercado externo não é brutal, mas é contínuo. Hoje embarcamos algo de 30 mil ton/mês de produtos entre aves e suínos. Hoje temos mercados regionalizados de produção e industrialização – indústrias que se voltam a atender determinados mercados” relata Canton ao considerar a questão sanitária de Santa Catarina, um atrativo os mercados externos mais exigentes.

Questionado sobre as expectativas sobre a abertura do mercado sul coreano, o executivo abre parênteses para destacar a dependência burocrática para concretização do comércio. “Quanto a Coréia do Sul, estamos ainda dependentes da burocracia do Ministério da Agricultura. O Mapa ainda está por tomar algumas atitudes que permitam inaugurar aquele mercado, estamos preparados a qualquer momento e desejosos de começar”, pondera, concluindo que não será a Coréia que irá impactar de forma acentuada os números. “Todo novo mercado precisa tatear primeiro, sondar, porque sabemos que é um mercado consumidor de suínos, mas não conhecemos o mercado direito para saber qual o preço que estão praticando e, inclusive, as exigências que eles devem nos impor no processo produtivo. Certamente não podemos estimular nenhum produtor a fazer grandes investimentos e nem nós fazermos investimentos, o ideal é pulverizar as vendas para eliminar riscos. Temos produções regionalizadas exatamente confinando produtores para atender novos mercados e isso traz custos para dentro de casa. Além do mais, a Aurora tem como prática não desistir do mercado interno – no momento de dificuldade precisamos zelar por ele, porque ele é mais seguro, mais estável que qualquer outro mercado externo”, entende.

Produção suinícola – Levando em consideração as atuais dificuldades que os suinocultores catarinenses, principalmente os independentes, estão enfrentando, a reportagem questionou o representante de uma das mais destacadas cooperativas do Brasil sobre as perspectivas para a produção. “Boa parte dessa dificuldade nasce da falta de planejamento dos órgãos, principalmente da Conab, que deveria estar se preocupando nos momentos adequados em armazenar grãos próximos as áreas de consumo. O milho alcançou patamares de preços que está inviabilizando o produtor mais frágil, que é aquele que faz o ciclo completo na produção de suínos. Mas, a maioria dos produtores estão abrigados sob as agroindústrias, estas é que estão suportando os elevados custos da produção animal. Aquelas agroindústrias que estiveram com sua situação econômica financeira frágil, estão ameaçadas”, relata. “A suinocultura de Santa Catarina certamente não vai ser extinta. Acreditamos que ela vai fazer o giro, como já fez em outro momento de crise, mas de cada crise ela sai transformada e, de novo, deveremos ter uma nova concentração de produção, extinguindo , eliminando do processo, aqueles produtores que estiverem sendo apanhados sem condições de capital de giro, principalmente, para suportar esse momento de alta dos custos das rações”, completa.

Mediante ao momento delicada vivido, a Aurora optou por manter os níveis de alojamentos nos patamares habituais, “aves, que tem o ciclo mais rápido, pensamos em reduzir levemente os volumes de alojamento para permitir, inclusive, que o mercado respire – ao nosso ver, esta com uma oferta um tanto exagerada para o momento e há necessidade de se dar uma racionalizada”, revela Canton. Trabalhando com estoques de milho “relativamente suportáveis”, o executivo lamente os custos e afirma estudar importações. “Ainda não consolidamos nenhuma importação, mas estamos examinando as oportunidades do mercado nesse momento; existe essa possibilidade. Infelizmente, as estatísticas oficiais não clareiam para nós se temos de fato estoques confortáveis ou não. Os embarques foram exagerados, ninguém teve a preocupação de armazenar, distribuir, e agora, em virtude desse nervosismo, é uma medida cautelar, de precaução, a gente providenciar importações. Não sabemos exatamente quando e quanto, mas elas precisam ser efetuadas até para deixar que a oferta melhore”, pondera.

Vale destacar – O modelo predominante de produção avícola das cooperativas em Santa Catarina ainda se tem um zelo especial pela manutenção dos pequenos produtores, onde a mão de obra familiar tem sido um aliado muito grande para se atingir bons resultados. Não é uma avicultura de alta tecnologia, mas é um modelo que se adequar ao modelo que o pequeno produtor possa suportar. “Creio que o fator mão de obra familiar é um aliado de manejo de melhor resultado. Se por um lado tem-se a limitação de orçamento, de capacidade de endividamento, por outro lado se tem uma mão de obra adequada e de melhor qualidade que assegura a produtividade das melhores conhecidas ainda nos País”, ressalta Neivor.

Tida como berço da suinocultura independente, hoje o quadro já se transformou, é uma pequena quantidade de produtores que ainda resiste heroicamente a se expor aos riscos da atividade, “mas temos uma suinocultura altamente tecnificada, produtores bastante qualificados, com a limitação realmente do déficit de produção milho mais próximo. Nos suprimos do superávit do milho do Paraná, que gradativamente desaparece – o Paraná passa a produzir bastante aves e suínos e faz com que nosso suprimento de milho precise vir de uma distância maior e isso nos coloca em desvantagem em relação a outras unidades da Federação, mais próximas dos grãos . Mas o Estado sanitário é o melhor possível, as condições de produção, a vocação do produtor, o tipo de mão de obra, faz com que ainda possamos sonhar com um futuro, não apenas como sobreviventes mas como atividade sustentável”, conclui.

Cotação semanal

Dados referentes a semana 28/06/2024

Suíno Independente kg vivo

R$ 6,99

Farelo de soja à vista tonelada

R$ 2.205,00

Casquinha de soja à vista tonelada

R$ 1.300,00

Milho Saca

R$ 63,50
Ver anteriores

Preço base - Integração

Atualizado em: 02/07/2024 14:00

AURORA* - base suíno gordo

R$ 5,55

AURORA* - base suíno leitão

R$ 5,65

Cooperativa Majestade*

R$ 5,55

Dália Alimentos* - base suíno gordo

R$ 5,50

Dália Alimentos* - base leitão

R$ 5,65

Alibem - base creche e term.

R$ 4,70

Alibem - base suíno leitão

R$ 5,55

BRF

R$ 5,35

Estrela Alimentos - creche e term.

R$ 4,52

Estrela Alimentos - base leitão

R$ 5,60

JBS

R$ 5,30

Pamplona* base term.

R$ 5,55

Pamplona* base suíno leitão

R$ 5,65
* mais bonificação de carcaça Ver anteriores

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