Porto Alegre, 8 de janeiro de 2016 – O ano de 2015 foi positivo para alguns
setores do agronegócio brasileiro, apesar da crise econômica enfrentada pelo
País, que acabou resultando em uma leve queda no Produto Interno Bruto da
agropecuária. Mesmo assim, o segmento deve fechar o ciclo com desempenho acima
do PIB nacional, segundo avaliação do vice-presidente da Sociedade Nacional de
Agricultura Hélio Sirimarco.
Para embasar sua análise, ele cita dados do Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,
da Universidade de São Paulo (Esalq/USP). A entidade mostra que, no acumulado
de janeiro a setembro (dados mais recentes), o PIB do setor agropecuário caiu
0,51%, projetando uma queda anual de 0,7% em relação a 2014. A redução
atinge tanto a agricultura (- 0,49%) quanto a pecuária (- 0,54%).
“As quedas mais expressivas, segundo o Cepea, ocorreram no segmento
industrial (-1,31% até setembro), mas os resultados do segmento primário e de
serviços do agro, no mesmo período, também recuaram 0,30% e 0,64%,
respectivamente. O único setor que cresceu foi o de insumos (1,22%), puxado
pela alta dos preços dos fertilizantes causada pela alta do dólar”, aponta
Sirimarco.
O vice-presidente da SNA ressalta que o Brasil vem aumentando a produção
agrícola, há mais de duas décadas, e hoje é o maior exportador mundial de
soja, carne bovina, café, açúcar e suco de laranja.
“Segundo estimativa do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento), com a ajuda dos preços internos mais altos, a renda da
agricultura (Valor Bruto de Produção – VBP) deverá atingir um volume
recorde de R$ 487.3 bilhões em 2015, e crescer mais 0,2%, para R$ 488.1
bilhões em 2016.”
Sirimarco destaca também que o dólar segue como fator positivo para as
exportações, “mas sua valorização, unicamente, não tem sido suficiente
para compensar a queda registrada dos preços internacionais”.
Segundo o balanço de 2015, divulgado pela Secretaria de Comércio Exterior
(Secex), as exportações das principais commodities da agricultura brasileira
registraram um novo aumento, que vem garantindo o crescimento da produção
agrícola. O volume embarcado de milho e soja (grão e farelo) totalizou 98.07
milhões de toneladas.
A estimativa é que, em 2016, o volume exportado deva ultrapassar a
barreira das 100 milhões de toneladas, seis anos depois de ter ultrapassado 50
milhões de toneladas. As 98 milhões de toneladas de 2015 representam um volume
duas vezes maior que as 48.6 milhões de toneladas de 2009, ou seja, o volume
dobrou em seis anos.
As exportações de soja em grão nos 12 meses de 2015 atingiram um recorde
de 54.32 milhões de toneladas contra 45.6 milhões de toneladas em 2014.
A queda nas cotações da oleaginosa na Bolsa de Chicago influenciou na
receita em 2015. No período, o saldo obtido com as exportações foi 13,43%
menor que o valor registrado em 2014. No acumulado do ano, o faturamento foi de
US$ 20.1 bilhões contra US$ 23.2 bilhões do ano anterior.
“A surpresa ficou por conta do milho, que teve as estimativas elevadas
nos últimos meses do ano passado, fechando o período com 28.9 milhões de
toneladas exportadas, o maior volume já registrado”, comenta Sirimarco.
O aumento das exportações mostra-se surpreendente mesmo, destaca o
vice-presidente da SNA, quando comparado ao crescimento da produção. Para
dobrar a colheita de grãos de 100 milhões para 200 milhões de toneladas, o
País levou 14 anos, ou seja, o dobro do tempo necessário para duplicar as
exportações das principais commodities agropecuárias. “Isto indica que o
crescimento da produção é voltado justamente ao mercado externo.”
As exportações devem continuar crescendo em 2016 devido justamente ao
aumento da produção. A safra de soja se aproxima pela primeira vez de 100
milhões de toneladas na temporada 2015/16 e a produção total de milho (verão
e inverno) tende a manter-se acima das 80 milhões de toneladas.
PARCEIROS
Em relação às exportações do agronegócio brasileiro por blocos
econômicos e regiões geográficas, no período de janeiro a novembro de 2015,
a Ásia permaneceu como principal destino dos produtos brasileiros, seguida da
União Europeia.
No que diz respeito aos países, a China continua como principal importador
do agro nacional, totalizando US$ 20.65 bilhões, de janeiro a novembro de
2015. Os Estados Unidos foram o segundo maior importador, com US$ 5.89 bilhões.
Em terceiro lugar aparece a Holanda, com US$ 4.64 bilhões.
PERSPECTIVAS PARA 2016
Para 2016, a maior preocupação do setor produtivo é o crédito, acredita
o vice-presidente da SNA. “A liberação dos recursos do Plano Safra 2015/16
está atrasada e os produtores têm encontrado dificuldade na contratação de
empréstimos a juros subsidiados previstos no Plano Plurianual Agrícola.
Segundo as instituições bancárias, a queda dos depósitos à vista e da
poupança tem limitado o atendimento. São preocupantes as informações que o
crédito para investimento estaria sofrendo forte queda, o que pode vir a
comprometer o crescimento de 2016”, destaca Sirimarco.
Ele ainda cita avaliação do professor Geraldo Barros, coordenador do
Cepea, apontando que “a agropecuária brasileira é movida essencialmente por
tecnologia, que alcança os produtores rurais por meio de novos insumos
(sementes e melhoria genética animal, agroquímicos, maquinários, etc.) e
novas práticas agronômicas e administrativas capazes de enfrentar ou mitigar
os contínuos desafios ligados ao clima e à incidência maior de pragas e
doenças e à volatilidade dos mercados”.
Conforme o professor, são fatores que tornam o segmento bastante intensivo
no uso de crédito. “O prolongamento da crise econômica e política tem
grande potencial de atingir o processo de crescimento do agronegócio brasileiro
ao reduzir o volume e aumentar o custo do crédito e de outros instrumentos de
política agrícola (seguro e apoio à comercialização, pesquisa e extensão),
dado o constrangimento fiscal”, comenta Barros, no documento do Cepea.
LOGISTICA
No que diz respeito à logística de escoamento das produções agrícolas
do País, Sirimarco cita observação da Associação Brasileira das Indústrias
de Óleos Vegetais (Abiove), apontando que, com seguidas safras recordes, como
a estimada para 2016, “continuará havendo dificuldades de escoamento, em
função da infraestrutura inadequada e do crescimento da produção de grãos
nas novas fronteiras do Centro-Oeste e na região do Matopiba (que inclui
municípios dos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia)”.
“As condições críticas de escoamento se encontram no trecho
Sinop-Miritituba-Santarém e na BR-158/155, que leva a soja de Mato Grosso ao
Pará”, destaca.
“Os gargalos para a exploração da hidrovia do Tocantins, o ano todo,
são a falta de asfaltamento e a manutenção de suas rodovias, bem como a
necessidade de derrocamento do Pedral do Lourenço. Também causa preocupação
a indefinição sobre o modelo de exploração de ferrovias, pois o trecho
Palmas (TO)-Anápolis (GO) não está sendo usado. A produção no Matopiba
deve crescer, em 2016, cerca de 9%, para 11.5 milhões de toneladas. No Pará,
prevê-se estabilização em torno de 1 milhão de toneladas.”
Segundo Sirimarco, a exportação pelo Arco Norte é uma realidade. “Em
2014, as exportações agregadas dos portos de São Luís (MA), Barcarena (PA),
Santarém (PA) e Manaus/Itacoatiara (AM) totalizaram 6.5 milhões de toneladas.
Em 2015, os dados oficiais indicam que as exportações deverão ultrapassar as
10 milhões de toneladas. Esse crescimento advém da posição geográfica
favorável da região em relação às regiões produtoras e aos centros
consumidores. Partindo desses portos, os navios economizam vários dias em
viagens ao exterior.”
DÓLAR EM ALTA
Para o vice-presidente da SNA, a alta ainda maior na cotação do dólar no
mercado interno, deve ser a forma de compensar a queda dos preços agrícolas
internacionais.
“É sempre bom lembrar que a tendência mundial do dólar é de
elevação, o que pode impactar negativamente os preços internacionais. Existe
um consenso no mercado que o recrudescimento da inflação fatalmente levará as
autoridades monetárias a elevar mais os juros, causando prejuízo ao
agronegócio.” Com informações assessoria de imprensa da Sociedade Nacional
de Agricultura.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 19/12/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,59Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.930,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.000,00Milho Saca
R$ 68,50Preço base - Integração
Atualizado em: 19/12/2025 08:45