Porto Alegre, 31 de outubro de 2017 – A preservação dos recursos
hídricos disponíveis na região oeste da Bahia foi pauta de um debate
promovido pela Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Jaborandi, que
reuniu, na última sexta-feira (27), na Câmara de Vereadores daquele
município, irrigantes, representantes de órgãos ambientais e da sociedade
civil, além de prefeitos e vereadores de Jaborandi, Correntina e Coribe.
O diretor de Águas e Irrigação da Aiba, Cisino Lopes, compôs a mesa de
debate e defendeu o direito ao uso democrático da água, o que inclui a
irrigação de forma eficiente e consciente. As palavras equilíbrio e
sustentabilidade deram a tônica do seu discurso. Segundo ele, é possível
continuar produzindo alimentos minimizando os impactos ambientais.
“Acho pertinente essa preocupação com os recursos naturais, só não
podemos ser radicais. A palavra-chave é fazer o uso racional daquilo que
dispomos. As pessoas têm uma visão equivocada da agricultura e, sobretudo, da
irrigação. E as veem como vilãs, mas esquecem que foram elas que trouxeram
desenvolvimento e progresso para a nossa região; que transformaram o cerrado em
terra agricultável; que gerou emprego e renda para a nossa população. Basta
comparar o Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios onde há o
agronegócio com os que não há para perceber que a atividade traz muitos
benefícios”, argumentou o agrônomo, defendendo o uso consciente da água,
sobretudo nesse período prolongado de estiagem.
Para Cisino, o momento atual é de alerta, por conta do baixo volume dos
rios, ocasionado pela falta de chuva, razão que tem levado a Aiba a orientar os
seus associados a adotarem algumas medidas preventivas. No entanto, ele
acredita que cenário deve mudar nos próximos dias. A previsão de chuva foi
confirmada pelo meteorologista e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas,
PhD em Meteorologia e pós-doutor em Hidrologia de Florestas, Luiz Carlos
Molion, que palestrou no evento.
Segundo o especialista, as restrições hídricas enfrentadas não só no
oeste, mas em outras regiões do País, têm mais a ver com o ciclo climático
do que com a própria atividade de irrigação. O professor da Ufal é otimista
quanto à próxima safra. De acordo com suas perspectivas, a chegada do
fenômeno la niña vai garantir a boa distribuição das chuvas, promovendo boa
produtividade, bem como a normalização do nível dos rios.
“Está previsto o fim de um ciclo e o começo de um outro, pois na
natureza nada é definitivo. Vejo uma boa previsão para os próximos dez anos,
mas a curto prazo posso adiantar que os anos de 2018 e 2019 serão melhores em
termo de chuvas”, disse.
O produtor rural Denilson Roberti classificou a iniciativa de “excelente
oportunidade de informar, com embasamento científico, as reais causas para os
longos períodos de seca que podem influenciam o regime de chuvas e a oferta de
água pelos rios da região”. Em sua opinião, “encontros como esse são
importantes para esclarecer as lideranças e a população de um modo geral, que
geralmente colocam a culpas no agronegócio e ignoram os fatores cíclicos”,
pontuou o agricultor, que está há 29 anos em Jaborandi, onde cultiva soja,
milho e algodão, sendo 75% com o plantio de sequeiro, ou seja, cultivado
somente com o regime das chuvas. Com informações da assessoria de imprensa da
Aiba.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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