Porto Alegre, 5 de abril de 2023 – A indústria de alimentação animal é a maior consumidora
de milho e farelo de soja, um elo da cadeia produtiva de proteína animal, modulada pela demanda
doméstica e global. E a demanda mundial deve aumentar nas próximas décadas. Em 2050, a previsão
é de que haja 10 bilhões de pessoas no planeta e espera-se que o Brasil mantenha o abastecimento
mundial de alimentos. Isso demandará mais insumos e matérias-primas para a produção animal.
A avaliação é do CEO do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal
(Sindirações), Ariovaldo Zani, que abriu a programação de palestras do 23o Simpósio Brasil Sul
de Avicultura (SBSA).
O milho e a soja são os dois grãos básicos da avicultura, mas as oscilações na produção e
a dinâmica de preços têm impactado a cadeia produtiva de aves. Buscando soluções, discute-se o
uso de cereais alternativos na formulação de rações. Além disso, os consumidores têm novas
exigências, como preservação do meio ambiente, bem-estar animal e produtos seguros para consumo,
fatores que são inflacionários para a produção, já que exigem investimentos da indústria.
Zani destacou que, além de abastecer o mercado interno, o milho e a soja são commodities
exportadas e cujo preço varia de acordo com o câmbio. Outra questão abordada por ele é a
produção de energias renováveis com os grãos, o que, de certa forma, compete com a produção
animal no que se refere à disponibilidade de insumos. “Se levarmos em consideração os números
atuais, a partir de 2024 deve haver um déficit em farelo de soja. Por isso, temos que fomentar, na
medida do possível, a produção de outras culturas, como cereais de inverno. Temos conhecimento e
área para produção”, destacou o palestrante.
O presidente do Sindirações comentou que o trigo, o triguilho, a cevada e o centeio são
encarados como alternativos. “Porém, são verdadeiros cereais como o milho, muito embora geralmente
exijam adição de gordura vegetal”, frisou. Zani destacou alguns aspectos que devem ser
considerados ao se levar em consideração aumentar a produção desses cereais. Um deles é o
layout das fábricas de rações, que é configurado para uso do milho no tocante ao recebimento,
classificação, armazenagem, dosagem, moagem etc. “A infraestrutura adequada para processamento e
armazenamento é fator crítico de sucesso para a manutenção de qualidade, inclusive o tempo de
armazenamento afeta sobremaneira o valor nutricional do trigo”, alertou, ao acrescentar que se deve
levar em consideração também o valor nutricional e econômico dos cereais, entre eles
digestibilidade, adequado processamento e impactos no processo de produção e na performance
animal.
Tanto o agricultor que produz os grãos quanto a pecuária que consome precisam continuar
discutindo o tema, estar alerta e planejar. É preciso entender para onde está correndo a
indústria de proteína animal para saber que rumo seguir, concluiu Zani.
CARNE CULTIVADA
A segunda palestra do primeiro dia do 23o SBSA foi com a médica veterinária Ana Paula Almeida
Bastos. Ela apresentou informações sobre o que é de fato a tecnologia da carne cultivada, onde
está inserida, em que nível de maturação tecnológica se encontra o Brasil e o mundo e qual
seria o potencial consumidor dela.
Também desmistificou alguns mitos, como o que a carne cultivada veio para substituir a carne
convencional. De acordo com Ana, trata-se de um produto a mais que vem para o mercado, que o
consumidor pode escolher e um produto que não é para veganos, vegetarianos, mas para quem consome
proteína animal.
A palestrante explicou que a carne cultivada faz parte de um grupo de proteínas alternativas.
“Você coleta a célula de animais vivos e é possível coletar por meio de ovos férteis. Essas
células são cultivadas num ambiente laboratorial, controlado, inerte, o que diminui bastante o
risco de contaminação microbiológica. A partir dessa tecnologia do cultivo de células animais é
que se obtém um produto”.
De acordo com a médica veterinária, a tecnologia não é nova, pois já se falava da
possibilidade de carne cultivada em 1930. O primeiro hambúrguer de carne sintética foi produzido
em 2013 e, desde lá, gigantes da agroindústria estão de olho nesse segmento, sendo que alguns
países já liberaram a carne produzida em laboratório para consumo humano.
As possibilidades de formulações de novos produtos são diversas por que não,
necessariamente, a carne cultivada tem que mimetizar ou produzir de forma análoga a algo que
existe. “Isso dá possibilidade de criar produtos novos. Nada impede de criar um produto com
células de frango e de bovinos, por exemplo. Então, o interessante desse produto é que você pode
trazer novos sabores e algo diferente do que existe”, finalizou Ana.
As informações são da assessoria de imprensa do Simpósio Brasil Sul de Avicultura, que é
promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet).
Revisão:Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 20/06/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,43Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.750,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.300,00Milho Saca
R$ 66,25Preço base - Integração
Atualizado em: 17/06/2025 09:45