Agronegócio

Agronegócio foi o único a resistir à desaceleração

13 de maio de 2016
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Considerado um “oásis” em meio à desaceleração econômica, o agronegócio vem, nos últimos anos, colecionando grandes números e cravando sua competitividade no cenário internacional. No governo petista, o País bateu recordes de produção e virou o principal exportador mundial de soja. Mas infraestrutura deficitária e incertezas em relação a crédito e câmbio causam preocupações.

De 2003 a 2015, a produção de grãos no País cresceu mais de 70,0%. Parte desse avanço se deveu, além do investimento pesado em tecnologia, à política de crédito favorável. Do primeiro mandato de Lula ao ano passado, o montante de recursos do crédito rural, reajustados pela inflação de dezembro, cresceu quase 140,0%, segundo o Banco Central.

“Houve ao longo do período razoável liberação de crédito, pois o sistema financeiro teve expansão bastante grande nos últimos 14 anos”, diz Fabio Silveira, sócio-diretor da MacroSector. “O agronegócio acabou crescendo. O mérito do governo foi não interferir demais.”

Por uma década, o setor também foi alavancado pelo boom das commodities, com preços valorizados pela crescente demanda da China. “Exportações do agronegócio foram fundamentais para o crescimento das reservas brasileiras de 2003 a 2013, o que também contribuiu para a estabilidade do câmbio.”

Mas a expansão expôs a deficitária infraestrutura do País, com gargalos nas logísticas de transporte, armazenagem e escoamento. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), 9,0% a 13,0% da soja é desperdiçada no transporte até os portos e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não conseguiu reverter esse quadro, já que boa parte das obras não saiu do papel.

Outra crítica do setor no governo Dilma foi ao controle do preço da gasolina. “A produção de álcool, que vinha crescendo de forma significativa nos anos de 2005, 2006 e 2007, teve grande retrocesso”, diz Bruno Lucchi, da CNA. Usinas de açúcar e etanol encerraram a safra 2015/16 com endividamento recorde de R$ 95,00 bilhões.

No fim do primeiro mandato de Dilma, além da paradeira das obras de infraestrutura, a queda do apetite chinês e a recuperação mundial dos estoques provocaram baixa nos preços de commodities em dólar. A rentabilidade da safra 2014/2015 foi mantida graças ao câmbio.

Com a recessão, o volume e o preço do crédito para as próximas safras também causam apreensão. “Somos eficientes da porteira para dentro, mas o custo de escoamento aumenta a cada dia”, diz João Martins, presidente da CNA. “Plantamos com um dólar a R$ 3,80 e podemos colher com R$ 3,00”.

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