São Paulo, 19 de abril de 2022 – O ICOMEX analisa os principais resultados
do primeiro trimestre da balança comercial, onde se destaca o aumento de
preços das importações liderado pelas importações dos bens intermediários
da agropecuária e de bens da indústria extrativa. Ademais, é ressaltada a
queda da participação da China nas exportações do primeiro trimestre do ano,
interrompendo a trajetória de crescimento, iniciada em 2016.
Os choques de oferta causados pela pandemia da COVID 19 e mais a guerra
entre a Rússia e a Ucrânia estão levando a um aumento da taxa de inflação
mundial. No setor externo brasileiro, esses choques se fazem presente,
principalmente nas importações, embora os preços das exportações também
registrem aumentos de dois dígitos.
Entre março de 2021 e 2022, as exportações aumentaram, em valor, 19,4% e
as importações, 21,5%. O volume exportado cresceu 0,9% e as importações
recuaram em 7,0%. O aumento do valor é, portanto, explicado pelo comportamento
dos preços: uma elevação de 17,8% nas exportações e 30,3% nas
importações. Esse mesmo resultado se repete na comparação internanual dos
primeiros trimestres de 2021 e 2022, conforme ilustrado no primeiro gráfico do
release. Em volume, as exportações cresceram (9,5%) e as importações caíram
4,3%. Os preços aumentaram 32,8% nas importações e 18,2% nas exportações.
As exportações de commodities, em março, cresceram, em valor, 15,8% e as
de não commodities 28,0%. A maior variação das não commodities é explicada
pelo aumento no volume (8,0%) e nos preços (18,1%). As vendas, em volume, das
commodities recuaram em 2,7%, mas os preços aumentaram com percentuais
similares aos das não commodities, 18,3%. Quando se observa o resultado do
trimestre, porém, os percentuais do aumento do volume e dos preços das
commodities e não commodities estão próximos (Gráfico 2 do release). No caso
do volume, o aumento das commodities foi de 9,6% e das não commodities de
9,4%. E nos preços, os percentuais foram de 18,4% e 17,3% para as commodities e
as não commodities.
O aumento dos preços importados é liderado pelo grupo das commodites,
que, em março, cresceu 52,9% em relação a março de 2021. No caso das não
commodities o aumento foi de 28,0%. Em volume, as compras de não commodities
recuaram (8,9%) e das commodities aumentaram em 25,2%. Na comparação entre os
primeiros trimestres de 2021 e 2022, o Gráfico 3 do release mostra que o mesmo
comportamento é observado com uma elevação de 53,1% nos preços das
commodities e de 30,8% das não commodities. Em volume, as não commodities
registraram queda de 5,7% e as commodities, aumento de 18,9%.
O Brasil é exportador líquido desse grupo de commodities e, no primeiro
trimestre, registrou saldo positivo de US$ 3,7 bilhões, o que representou 31%
do superávit global da balança brasileira. Não obstante o crescimento em
volume e preços das exportações desse grupo de commodities, as variações
nos preços das importações, 71,1%, e no volume, 25,0%, superaram as das
exportações. No mês de março, o aumento dos preços importados desacelerou
em relação às comparações interanuais entre 2021 e 2022 dos meses
anteriores, que foram de 72,4% (janeiro), 89,7% (fevereiro) e 53,9%(março). A
valorização do real pode ajudar, mas o fator principal é o efeito da Guerra
entre a Rússia e a Ucrânia e não se espera movimentos de deflação nos
preços do petróleo.
A agropecuária liderou o aumento, em valor, das exportações (32,1%),
seguida da indústria de transformação (28,2%), entre março de 2021 e 2022,
enquanto a indústria extrativa registrou queda de 6,7%. Na comparação entre o
primeiro trimestre do ano de 2021 e o de 2022, a agropecuária confirmou a sua
liderança, com aumento, em valor, de 72,6%, seguida da transformação (33,6%)
e da extrativa (0,2%).
Os índices de volume, em março, mostraram recuo em relação a março de
2021 para a agropecuária (2,5%) e extrativa (8,2%) e aumento para a
transformação (6,9%). Em termos de preços, porém, todas as variações são
positivas, mas a agropecuária saiu na frente com aumento de 36,9%, seguida da
transformação 19,5% e da extrativa 1,0%. Na indústria extrativa, o óleo
bruto de petróleo explicou 48,8% das suas exportações, seguido do minério de
ferro, com participação de 44,1%. O volume exportado de petróleo caiu e
volume e preços recuaram para as exportações de minério de ferro, o que
explica o pior desempenho desse setor em comparação com os outros.
Nas importações, a liderança vai para a indústria extrativa em termos
de preços (81,9%) e volume (11,2%), pois os volumes importados da agropecuária
e da indústria de transformação caíram em relação a março de 2021. A
pauta de importações da extrativa está concentrada em produtos do setor de
energia, como explicam as participações de três produtos no total das
importações do setor: petróleo (42,3%); gás natural (30.7%); e, carvão
(21,4%). Todos os três registraram aumento no preço médio US$/tonelada,
segundo os dados da Secretaria de Comércio Exterior: 43,5% (petróleo); 57,7%
(gás natural); e, 199% (carvão). No volume medido por quilograma, as
importações de petróleo aumentaram 114% e as de gás natural e carvão
caíram, respectivamente, 15,3% e 31,7%.
Ressalta-se o caso das exportações, onde a pauta do setor é
diversificada. O principal produto exportado foi o óleo combustível, com
participação de 7,1% nas vendas do setor, seguido de carne bovina (6,7%) e
farelo de soja (5,7%). Todos os três produtos registraram aumento no volume e
nos preços e pertencem ao grupo das commodities. Os dados se referem aos
resultados do primeiro trimestre de 2022 e comparações para igual período de
2021.
Os índices de preços e volume das importações de bens de capital e de
bens intermediários da indústria de transformação são indicadores que
ajudam na análise do nível de atividade desses setores. O mesmo resultado se
repete na comparação trimestral, com exceção da agropecuária que registrou
um aumento de 29,3% nas importações de bens de capital.
Os preços se elevaram na análise mensal e trimestral, mas chama a
atenção o aumento acima de 100% para a compra de bens intermediários pelo
setor agrícola, o que está associado às importações de adubos e
fertilizantes. No primeiro trimestre de 2022, foram as principais importações
na pauta da indústria de transformação com aumento de 128% nos preços e
recuo de 8,0% em relação ao acumulado do ano até março de 2021. Nesse
quadro, o aumento das compras de bens de capital pela agropecuária é o único
sinal positivo em relação à expectativas favoráveis.
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 20/06/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,43Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.750,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.300,00Milho Saca
R$ 66,25Preço base - Integração
Atualizado em: 17/06/2025 09:45