
Por Guilherme Brandt sócio proprietário da GBR Consultoria, Consultor do Agronegócio
Esta provocação de Conrado Schlochauer em seu livro Lifelong learners (O poder do aprendizado contínuo) me fez refletir mais profundamente sobre aquilo que acho que sei…
Durante quase 40 anos tenho vivido intensamente a suinocultura. Decidi entrar neste mundo no primeiro mês de aulas na veterinária graças a uma palestra do nosso querido colega Werner Meincke. Desde lá venho aprendendo. Neste período o Brasil passou por grandes transformações e hoje recebo vários questionamentos sobre o porquê da nossa atividade ter dado certo. Nas décadas de 70/80 ouvia que o Brasil seria o país do futuro, época em que comíamos frango aos domingos como um luxo (às vezes acompanhados por uma Coca-cola de 1 litro), nosso estado do Rio Grande do Sul tinha um problema sério de erosões nas lavouras, éramos um país importador de muitas coisas, mas principalmente alimentos e uma frase que ouvia constantemente na televisão era: “Exportar é o que Importa”. Meu aprendizado de suinocultura nesta época era no CTC (Centro de treinamentos da Cotrijuí), na criação extensiva a campo de suínos faixa branca (Wessex) sobre um pasto de grama bermuda e a reprodução era monta natural, mas já experimentando a Inseminação Artificial com doses de sêmen que chegavam na rodoviária, vindas de Estrela. De lá para cá, um salto. A produção da nossa suinocultura cresceu mais de 5 vezes, e as exportações (aquelas que importava que exportássemos) cresceram 1.200 vezes! Números extraordinários que devem ser motivo de orgulho para todo suinocultor. Vivemos crises, altas e baixas nos preços, grandes desafios, mas nos tornamos uma potência mundial, competindo com grandes produtores, atrás de China, o bloco da União Europeia e os Estados Unidos.
Conseguimos aprender muito bem as lições básicas de um sistema produtivo. A busca mais do que indicadores zootécnicos, mas acima de tudo do resultado econômico nos colocou numa posição de destaque. Interessante observar que durante este percurso mais atividades do agro tiveram destaque positivo, impulsionando nosso país para as primeiras colocações em produção de café, açúcar, frango, suco de laranja, bovinocultura, milho, soja… Porém também tiveram algumas que sucumbiram, o que nos faz refletir ainda mais sobre o modelo vitorioso que foi construído na nossa produção. O profissionalismo, segmentação da produção em sítios, a seriedade dos controles sanitários, evolução de manejos como inseminação artificial, escalas de produção, avanços na nutrição, genética, ambiência, gestão, fortalecimento de associações e canais de comercialização foram fundamentais para este sucesso.
Importante salientar que nosso aprendizado deve ser constante, saber nunca é demais e nunca é tarde para aprender, frases que ouvíamos das nossas sábias avós. Hoje um dos nossos maiores desafios é justamente a mão-de-obra, em quantidade e qualidade. Eis aí uma grande oportunidade para revisarmos o que deu certo até agora, avaliarmos o como foi feito e fazermos o balanço de como será a partir de agora. Mais do que nunca temos a responsabilidade de manter o aprendizado colocando o conhecimento para fora, compartilhando as boas informações e direcionando nossos novos colaboradores a partir do que já temos alcançado com a experiência, aliados à modernização, capacidade, novas alternativas e a energia das novas gerações.
Estamos prontos para alimentar o mundo e sempre é importante relembrar que nossa cadeia produtiva da suinocultura faz coisas boas, para comer e para as pessoas.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 26/09/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,65Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.600,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.400,00Milho Saca
R$ 69,88Preço base - Integração
Atualizado em: 25/09/2025 09:30