Agronegócio

Área de grãos na safra 2020/21 pode chegar em 70 milhões de hectares

9 de setembro de 2020
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O relatório Focus (Bacen 28 de agosto) mostra expectativas para o IPCA de 2020 em 1,77% e de 2021 em 3,00%. O PIB deve fechar este ano em -5,28% e +3,50% em 2021. Já para taxa Selic se esperam 2,00% e 2,88%, respectivamente, e no câmbio, R$ 5,25 no final de 2020 e 5,00 no final 2021.

No mais, os radares começam a se voltar para as eleições nos EUA, que mostram favoritismo do candidato Democrata Joe Biden, mas em se tratando de 2020, tudo pode mudar, até porque a distância entre os dois vem caindo. No Brasil também a situação política oscila com as contínuas especulações da permanência do Ministro Paulo Guedes e os anúncios de programas na área econômica. No lado da pandemia, os números no Brasil começam a ceder, apesar de ainda extremamente altos. No fechamento desta coluna, foi anunciado a continuidade do apoio mensal, mas agora em R$ 300 por mais 4 meses, e a Bolsa operava acima de 100.000 pontos com o Real se valorizando a 1 US$ a R$ 5,35.

A safra 2019/20 de grãos caminha para seu fechamento com novo recorde na produção de 253,7 milhões de toneladas, incremento de 4,8% frente ao ciclo passado, de acordo com 11º levantamento da Conab. As culturas de primeira safra já foram totalmente colhidas, as de segunda estão em fase de conclusão, remanescendo ainda as de inverno e terceira safra. Para soja e milho houve produção recorde: a oleaginosa com 120,9 milhões de toneladas (+5,1%), e o grão amiláceo com 102,1 milhões de toneladas (+2,1%). Para o algodão, são estimadas 2,93 milhões de toneladas de pluma (+5,4%) com previsão de finalização da colheita em setembro. A maioria das culturas de inverno já foram semeadas, crescendo 12,1% em área; o grande destaque vai para o trigo que aumentou 14,1% sua área e deve produzir 6,8 milhões de toneladas. Resta ver os efeitos da geada que atingiu o RS no final de agosto.

A grande aposta agora é quanto será plantado nesta safra que começa. A CONAB estima que a produção brasileira saltará de 254 para 278 milhões de toneladas (8% a mais) e a área deve aumentar entre 2 a 2,5 milhões de hectares. Esse volume representa a produção de 15 grãos, sendo que milho, soja, algodão, arroz e feijão participam com 95% do total. No caso da soja, a área aumenta de 36,84 para 37,85 milhões de hectares, a produção salta de 124 para 133,50 milhões de toneladas com uma produtividade 4,4% maior (3.530 t/há) e as exportações de 82 para 86,8 milhões de toneladas. Seu uso para biodiesel aumenta de 44,6 para 47,3 milhões de toneladas e a China deve importar 100 milhões de toneladas, a grande maioria vinda do Brasil. No caso do milho, a área aumenta 7,2% para 19,8 milhões de hectares, a produção salta 12,3% para 113 milhões de toneladas (apesar da produtividade 1% menor), a exportação vai a 39 milhões de toneladas (7% maior), e a demanda interna fica em 72 milhões de hectares. São números que impressionam, torcer para que se realizem.

No comparativo entre as safras 2018/2019, a área cultivada no Brasil (respeitando-se a dupla contagem das segundas e terceiras safras) foi de 65,9 milhões de hectares, um crescimento impressionante de 2,64 milhões. Vendo a euforia que os preços atuais tem trazido, principalmente a soja e o milho, neste momento de preparo de solos e tomadas de decisões de plantio, com vendas antecipadas de parte das safras futuras e ainda avanço dos grãos na área de cana e pastagens, é possível que cheguemos bem perto dos 70 milhões de hectares, um aumento impressionante.

As exportações do agro chegaram à incrível marca de US$ 10,0 bilhões em julho, um crescimento de 11,7% em relação ao mesmo mês de 2019, representando 51,2% de toda exportação do país, de acordo com dados do MAPA. A soja em grão segue sendo a locomotiva da nação, exportando 10,4 milhões de toneladas (+39,4%) e US$ 3,61 bilhões (+39%). Somente a China comprou 76% desse volume. As carnes ocuparam a segunda posição em vendas, com US$ 1,5 bilhão, destaque para bovina com US$ 776 milhões (+23%), enquanto que a carne de frango caiu 27,2%, chegando a US$ 490 milhões. Também houve queda nas vendas externas de produtos florestais (-10,5%), totalizando US$ 925 milhões; e dos cereais, farinhas e preparações também (-26,4%), chegando a US$ 1,07 bilhão. No tocante às importações, estas totalizaram US$ 982 milhões (queda de 16,3%), consolidando o saldo da balança do mês em US$ 9,03 bilhões (+15,9%). No acumulado desde o início do ano, o setor já exportou US$ 61,19 bilhões, 9,2% a mais que em 2019, evidenciado valor recorde na série histórica que começou 1997. Com as importações acumuladas em US$ 7,22 bilhões, o saldo da balança do agro é de US$ 53,97 bilhões.

Nestes números, a China segue preponderante. As exportações de soja e carnes para lá somaram US$ 24 bilhões entre janeiro e julho de 2020, 29% a mais que a o mesmo período do ano passado, chegando a 39,2% do total exportado pelo Brasil. Somente neste julho, a China importou cerca de 7,9 milhões de toneladas de soja, segundo o MAPA, com negócios em torno de US$ 2,75 bilhões. Nas carnes, o país asiático comprou cerca de US$ 375,50 milhões, aumento de 143,3% em comparação ao mesmo mês de 2019. No total, a China representou 38,4% de participação nas exportações de agro-produtos brasileiros, frente aos 32% do mês anterior.

O MAPA elevou as estimativas para o valor bruto da produção (VBP) agropecuária no Brasil em 3,5% na comparação com o previsto em julho. O valor deve ser de R$ 742,4 bilhões (10,1% maior que em 2019), sendo que soja deve responder por R$ 181,5 bilhões (24%) e as cinco cadeias da pecuária por R$ 248,5 bilhões (33%). Já a CNA aponta crescimento de 12,5% no VBP da agropecuária, que deve alcançar R$ 770,3 bilhões em 2020. Na produção agrícola, a Confederação estima um aumento de 17,1% em comparação à 2019, com R$ 493 bilhões, e na pecuária de 5,2%, que deve fechar em torno de R$ 277,3 bilhões. São quase R$ 85 bilhões a mais que a safra passada.

De acordo com ABPA, a produção brasileira de carne de frango deve alcançar 13,7 milhões de toneladas (+4%) com expectativa de exportação de 4,45 milhões em 2020. Já para carne de porco, a associação estima produção de 4,25 milhões (+6,5%) e exportações chegando a 1 milhão.

Após o comunicado de contaminações por COVID-19 em embalagens de asas de frango brasileiro, pela China, o Ministério da Agricultura negocia um novo protocolo de regras com país asiático, a fim de evitar quebras nas relações comerciais e novos episódios como esse. Mesmo sem evidências claras sobre a contaminação o governo Chinês já havia suspendido as importações de 6 frigoríficos do Brasil e foi seguido pelas Filipinas. Precisamos aprender com este evento visando neutralizar futuros problemas.

De acordo com o CNA, as propostas em debate no Congresso Nacional podem aumentar a carga de tributos no agronegócio e prejudicar a competitividade do Brasil. A PEC 45/2019, por exemplo, pode exigir a cobrança de impostos aos insumos agrícolas, atualmente isentos. Caso aprovado, o projeto elevaria os custos de produção em até 20%. Dados do Imea apontam que, se aprovada, a PEC 45/2019 poderia causar um aumento de R$ 6,3 bilhões em custos anuais na produção agrícola do Mato Grosso. Isso significaria um aumento de 15% nos custos de produção da pecuária, 11% para a de soja e 10% para o milho. A proposta sugere uma alíquota de 25% como Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) para o setor no estado. Há problemas também na atual reforma que podem tornar muito difícil o processamento de oleaginosas no Brasil. Ponto de imensa atenção, creio ser difícil onerar a agricultura para nossa missão de seguir conquistando mercados internacionais.

Segundo a ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos), o volume total de fertilizantes vendidos em 2020 deverá crescer 2%, chegando à 37 milhões de toneladas. Desse total, cerca de 27,8 milhões (75%) já foram negociados, volume 10% superior aos 25,2 milhões registrados em agosto passado. Em 2019, o Centro-Oeste consumiu 36,5% do total de fertilizantes, o Sul do país 26%, o MATOPIBA 12,8% e a região Sudeste com 22%, de acordo com a associação. Dados da StoneX apontam que o volume de fertilizantes comercializados no Brasil em 2020 chegou à 77% do total projetado para o ano. O destaque fica com as regiões Sul e Centro-Oeste, com alcance de 80% do volume total projetado, e o MATOPIBA, com 74%. A consultoria também aponta que 31% do volume estipulado para os primeiros 6 meses de 2021 já foram comercializados.

Um estudo feito pela WRI (World Resources Institute) mostrou o imenso potencial do Brasil para pauta de economia verde. A organização aponta que o PIB brasileiro pode crescer em até 15% na próxima década em função da priorização de tecnologias de baixo carbono. Em termos reais, esse aumento traria um acréscimo de 2,8 trilhões de reais para a economia brasileira, e poderia gerar mais de 2 milhões de empregos. Temas como produção sustentável, agricultura de baixo carbono (ABC) e créditos de descarbonização devem ganhar cada vez mais espaço no mercado. Segundo o MAPA, o potencial de investimentos em agricultura sustentável pode chegar a US$ 692 bilhões até 2030. A construção pelas organizações e pelo setor de uma “agenda verde” é prioridade absoluta daqui pra frente.

Grandes organizações do agro vêm dando passos no combate ao desmatamento ilegal. Cargill e Marfrig se comprometeram a monitorar suas cadeias de suprimentos, até 2030, vetando fornecedores que apresentem inconformidades ambientais. A medida é importante para garantir a originação sustentável da produção, corroborando com a imagem ambiental do Brasil e dando certo, pode servir de benchmark para outras empresas.

A pandemia do Covid-19 intensificou a corrida por novos fornecedores internacionais de alimentos, favorecendo a abertura de novos mercados ao Brasil. De acordo com o MAPA, apenas neste ano, 50 novas iniciativas foram evidenciadas, contra 35 do ano passado. Em julho, o Egito liberou a entrada das carnes de aves, Mianmar a carne de porco e seus derivados, além de aberturas em Cingapura, Vietnã, México, Coreia do Sul, Irã e Peru. É muito importante esta expansão e diversificação de mercados.

 Os cinco fatos do agro para acompanhar agora diariamente em setembro são:

  • As expectativas de plantio e as previsões do clima para a safra 2020/21 de grãos no Brasil;
  • O comportamento do clima na safra dos EUA que vem até o momento sem problemas, bem como as relações China e EUA e importações chinesas;
  • Retomada e programas de apoio dos Governos nas economias mundiais e do Brasil, com a redução das infecções e outros números da pandemia;
  • Os resultados das ações do Governo na questão do desmatamento ilegal e impactos nas pressões contra o Brasil;
  • Necessidades e volumes de importações de grãos pelo Brasil para cobrir a lacuna de estoques baixos e necessidades do setor de carnes e ovos;

 

Cotação semanal

Dados referentes a semana 22/11/2024

Suíno Independente kg vivo

R$ 9,53

Farelo de soja à vista tonelada

R$ 71,50

Casquinha de soja à vista tonelada

R$ 1.200,00

Milho Saca

R$ 1.975,00
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Preço base - Integração

Atualizado em: 22/11/2024 17:50

AURORA* - base suíno gordo

R$ 6,35

AURORA* - base suíno leitão

R$ 6,45

Cooperativa Majestade*

R$ 6,35

Dália Alimentos* - base suíno gordo

R$ 6,35

Dália Alimentos* - base leitão

R$ 6,45

Alibem - base creche e term.

R$ 5,55

Alibem - base suíno leitão

R$ 6,30

BRF

R$ 7,05

Estrela Alimentos - creche e term.

R$ 6,10

Estrela Alimentos - base leitão

R$ 6,10

Pamplona* base term.

R$ 6,35

Pamplona* base suíno leitão

R$ 6,45
* mais bonificação de carcaça Ver anteriores

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