Porto Alegre, 11 de abril de 2017 – Em artigo divulgado à imprensa, o
presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul
(Federarroz), Henrique Dornelles, destaca que o baixo preço praticado para o
arroz inibe o produtor de comemorar bons resultados em 2017, apesar deste ano
ser marcado pelo menor volume de estoques em dez anos. Acompanhe maiores
informações abaixo.
A safra de arroz 2017 será de recuperação de volume e reflexão. Os
preços praticados estão fazendo muitos produtores repensarem o negócio. Como
presidente de uma entidade representativa do setor, estou passando a acreditar
que nosso eterno “problema do arroz” também é cultural, envolvendo aspectos
públicos/políticos e da sociedade.
Ao produtor de arroz não tem sido facultado comemorar resultados. 2017,
apesar dos menores estoques dos últimos dez anos, sem oferta expressiva, os
preços caíram abaixo dos custos de produção. Está sendo mais um ano de
descapitalização. Apesar das cotações de 2016 terem ultrapassado as máximas
históricas, houve quebra de 16% da safra, não permitindo aos produtores
realizarem robusto lucro, com exceções. No atual período, a recuperação da
produção trouxe interpretação equivocada de super safra, acarretando na
derrocada dos preços, também pressionada pela falta de capital de giro de
parcela importante dos produtores, novamente frustrando a expectativa de
capitalização.
A ausência do governo federal no mercado agrícola não é de hoje, atinge
todas as culturas e tende a ser completa, em função da atual situação
financeira do país. Com isso, questões características do setor arrozeiro
estão se agravando. Custos de produção sempre foram pauta. Entretanto, há
produtores pagando 20% da produção ou mais a título de arrendamento, e o
pior, por terras que não possibilitam a renda necessária. Além disso, casos
de produtividades históricas muito abaixo da média, por qualquer questão,
não tem a justificativa necessária para a manutenção do negócio. Devido a
complexidade da produção do arroz irrigado, de elevadíssimo custo e
investimento, capital de giro próprio e de terceiros já são determinantes
para o sucesso do empreendimento, principalmente se o segundo não for ligado ao
próximo elo, o industrial. Apesar do assunto recorrente, houve agravamento,
pois os custos com energia elétrica para irrigação, secagem e despesas com
manutenção de equipamentos cresceram desproporcionalmente.
O setor já possui consolidada avaliação sobre seus problemas.
Entretanto, historicamente o Rio Grande do Sul garante ao mercado a certeza da
produção de 1,1 milhão de hectares, sempre no mesmo modelo econômico,
culturalmente. Na safra há forte desvalorização dos preços, pois
tradicionalmente o produtor oferta antes da demanda, ainda agravado por certa
organização do setor industrial. Mesmo prevendo resultado negativo, pelo
tradicional preço de safra abaixo do custo, o arrozeiro gaúcho não se permite
abandonar a terra ou mesmo adequar área plantada à capacidade de capital.
Assim, tudo se repete, certeza de oferta ao mercado, arrendamentos
inflacionados, garantia de preços baixos ao elo subsequente da cadeia e setor
permanentemente descapitalizado e em crise.
O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) objetiva, além de pesquisa e
extensão no campo, contribuir para atenuar problemas setoriais e da cadeia
produtiva. Apesar de público, possui robusta arrecadação, hoje 1,5% da
receita bruta do produtor (taxa CDO). Porém, está permanentemente imerso na
eterna crise pública gaúcha e sujeito às influências políticas e
ideológicas. Porém, fazendo justiça, diferentemente do governo passado, o
governador José Ivo Sartori possibilitou aos produtores a escolha do presidente
e diretores, sem comprometimento ideológico da gestão. Entretanto, pelo
minguado repasse de recursos da CDO e sofrendo o vínculo com a massa pública
falida, está deixando de cumprir seus objetivos e perdendo capital intelectual.
O arroz é um forte e importante setor econômico do Rio Grande do Sul.
Responde por mais de 3% da arrecadação de ICMS, possui Instituto (Irga)
dedicado e com recursos, mas apresenta-se permanentemente em crise. Nossa
tradição gaúcha farroupilha parece atrapalhar a perfeita evolução da
sociedade, muitas vezes levando à auto sabotagem. Não se permite observar ou
mesmo vislumbrar o crescimento do próximo sem desmerecê-lo ou até
atrapalhá-lo. O gaúcho possui a vocação para ser arrozeiro, mas a tradição
farroupilha parece limitá-lo.
Henrique Dornelles
Presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul
(Federarroz)
As informações partem da assessoria de imprensa da Federarroz.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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