Porto Alegre, 1 de novembro de 2022 – Um dia depois das eleições e a menos de uma semana do
início da COP-27, no Egito, o Ministério de Minas e Energia (MME) propôs uma meta de
descarbonização dos transportes para 2023 menor que a vigente deste ano.
A Pasta apresentou uma meta de 35,45 milhões de toneladas de carbono de emissões mitigadas,
1,4% abaixo do objetivo traçado para 2022, que é de 35,98 milhões de toneladas de emissões
evitadas.
As metas fazem parte do RenovaBio e têm que ser cumpridas pelas distribuidoras de combustíveis
com a compra de Créditos de Descarbonização (CBios) dos produtores de biocombustíveis. Cada CBio
equivale à mitigação de uma tonelada de carbono.
Desde 2019, quando o RenovaBio começou a funcionar, é a primeira vez que o governo propõe
reduzir a meta de um ano para outro. A medida vai na contramão da proposta inicial do programa, de
ampliar gradativamente a redução de emissões e ampliar a participação dos biocombustíveis na
matriz.
A meta proposta para 2023 também ficou 16,3% abaixo do centro do intervalo que havia sido
indicada em 2021 para o próximo ano, que era de 42,35 milhões de toneladas de carbono mitigadas. A
proposta se aproxima do piso da banda, que era de 33,85 milhões de toneladas de carbono. O topo da
meta era 50,85 milhões de toneladas.
Todo ano, além da meta de descarbonização do ano seguinte, o governo sinaliza as metas do
próximo decênio, com uma faixa com valores mínimos e máximos. Para a próxima década, o MME
não alterou as bandas, e acrescentou a meta para 2032, de 99,22 milhões de toneladas – com piso de
90,79 milhões de toneladas e teto de 107,72 milhões de toneladas de carbono.
A preocupação apresentada pelo governo é com o impacto das metas sobre os preços na cadeia.
Em nota técnica, o MME calculou que a meta legará um impacto de cerca de R$ 0,03 sobre o litro da
gasolina e do diesel no próximo ano.
Segundo a Pasta, se a proposta fosse a do centro da banda indicada anteriormente, o litro da
gasolina vendido aos motoristas seria R$ 0,021 ainda mais caro. Já o diesel ficaria marginalmente
mais caro (R$ 0,002 o litro acima do impacto da proposta atual).
A Pasta adotou como premissa a perspectiva de que a mistura do biodiesel ao diesel continuará
em 10%, ignorando o plano do Programa Nacional de Biodiesel de elevar a mistura a 15% até 2023. O
MME também considera que haverá um pequeno acréscimo na produção de etanol, similar ao deste
ano.
O ministério estimou que serão gerados 35,4 milhões de CBios em 2023. Com mais 4,8 milhões
de CBios que o MME estima que deverão sobrar de 2022, a oferta total chegaria a 40,3 milhões.
Agentes que participam desse mercado já esperavam alguma redução da meta para 2023. Para o
segmento distribuidor, a relação entre oferta e demanda ainda é justa. Para uma fonte do ramo, a
meta é desafiadora, mas factível. A preocupação é se alguma distribuidora comprar mais CBios do
que sua obrigação.
Já os produtores de biocombustíveis manifestaram indignação. Para a Associação dos
Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), a redução proposta para a meta é um
retrocesso.
Esse desmonte desincentiva a ampliação da produção de biocombustíveis e a busca de melhoria
de processos no sentido de garantir a ampliação da geração de CBios, além de tornar mais
distante o processo de transição para uma matriz energética mais limpa, afirmou a Aprobio, em
nota.
No curto prazo, poderá haver uma redução da demanda por CBios, diz Bruno Cordeiro, analista
de energia da StoneX. Na nossa visão, a medida vem como tentativa de frear os preços no curto
prazo.
A proposta será submetida a consulta pública, que ficará aberta até 14 de novembro. Depois,
o Comitê RenovaBio, encaminhará a recomendação ao Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE).
As informações partem do Valor Econômico.
Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) – Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 20/06/2025
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R$ 1.750,00Casquinha de soja à vista tonelada
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Atualizado em: 26/06/2025 13:30