Porto Alegre, 28 de abril de 2022 – Não é novidade que o Brasil busca a
redução da utilização do diesel, advindo do petróleo, apostando no
biodiesel proveniente de óleos vegetais, uma opção mais sustentável e menos
poluente. Essa busca pela utilização do biocombustível envolve políticas que
foram idealizadas para que esse ramo pudesse crescer com segurança, já que se
trata de uma tática para promover o desenvolvimento da economia e das
indústrias de produção de biodiesel no Brasil.
Comercialização de mistura do biocombustível decresce em 2022
Em 2022, a comercialização da mistura de biodiesel com o diesel deveria estar
na proporção de 14% do biocombustível e 86% de diesel nas bombas de postos de
gasolina, porém, atualmente o governo mantém a mistura em 10% de biodiesel,
mostrando um decréscimo em relação aos anos anteriores que seguiam os
percentuais obrigatórios da mistura com o biocombustível.
Além disso, esse déficit na comercialização do biocombustível atinge
diretamente as indústrias que investiram na produção do mesmo, como diz o
diretor da Ubrabio, Donizete Tokarski, “Esse é o pior dos mundos, um desastre
para o setor. Os empresários confiaram e investiram na ampliação da
produção e agora estão com uma ociosidade maior que 50% nas indústrias”,
relata.
Governo considera importação de biodiesel
O governo Bolsonaro, recentemente, examinou a alternativa de importar
biodiesel de outros países com a esperança de reduzir o valor dos
combustíveis no mercado internacional, uma vez que houve um aumento rigoroso
dos preços. A proposta para a indústria do biodiesel seria acabar por
inviabilizar a atividade no país.
Como relata o diretor da Ubrabio, a importação do biocombustivel geraria
um prejuízo vasto para o setor; “Essa situação de importação do biodiesel
é uma destruição do setor, pois a indústria brasileira estava preparada
para avançar. Estamos diante de um quadro de 10% na mistura e escassez de
diesel no país já alertada pela própria ANP. Mesmo diante de tudo isso, ao
invés de intensificar a produção de biodiesel, estão buscando uma solução
paliativa, que gera emprego somente em outros países”.
Ociosidade na indústria do biodiesel
Segundo o Canal Rural, uma das considerações em relação ao setor do
biocombustível, no que diz respeito às políticas governamentais, é o
percentual de somente 10% na mistura, sendo que a indústria do biocombustível
ganhou investimento suficiente para o aumento desse percentual.
Atualmente, o Brasil possui capacidade para 12,8 bilhões de litros de
biodiesel por ano, porém a produção estimada para 2022 foi somente de 6,2
bilhões de litros, gerando uma ociosidade de cerca de 52% na indústria do
biodiesel.
Segundo Flavio Negrão, gerente geral do Grupo Potencial, que possui uma
unidade de produção de biodiesel localizada no município da Lapa, em
Curitiba, houve um movimento por parte do setor de biodiesel para que este
estivesse preparado para atender à mistura de biodiesel e diesel.
Como Flávio pontua, a indústria se preparou, investiu, mas a mistura não
aconteceu. O Grupo Potencial, indústria com capacidade de 900 milhões de
litros de biodiesel por ano, é a maior unidade produtora de biodiesel nacional.
Para chegar nesse patamar, foram necessárias três ampliações, sendo a
última em 2020 com investimento de R$ 50 milhões.
Déficit no percentual de biodiesel deixa de utilizar cerca de 5,2 milhões
de toneladas de soja
O baixo percentual do biocombustível na mistura para comercialização gera
impacto direto no campo, uma vez que a soja é a principal matéria-prima do
biodiesel. Desse modo, o percentual de 10% de biodiesel presente no diesel,
considerando que o CNPE garantia um percentual de 14% de biodiesel em 2022, traz
consequências negativas para produção do campo.
Dentre a composição do biocombustível, o óleo de soja responde por
71,4%, outros óleos vegetais respondem por 17,3% e a gordura animal corresponde
à 11,3%. Essa proporção varia ao longo do tempo, uma vez que depende da
disponibilidade e do preço desses insumos.
Como pontua Luiz Eliezer Ferreira, técnico do DTE (Departamento Técnico e
Econômico), a participação da soja na composição do biocombustível será
cada vez menor no futuro, tendo em vista o crescimento e a produção de outras
matérias-primas e da ascensão do preço da soja para a indústria do
biodiesel.
Ainda segundo Luiz, se o percentual de biodiesel na mistura fosse aumentado
o percentual na ordem de 4%, 2,8% viriam do óleo de soja. Esse adicional
acarretaria no aumento de 5,2 milhões de toneladas do grão de soja ou 750 mil
toneladas de óleo de soja.
As informações partem do portal Click Petróleo e Gás.
Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Atualizado em: 17/06/2025 09:45