Porto Alegre, 25 de agosto de 2021 – Após 2019 e 2020 com números
extraordinários, quando o Brasil superou o patamar de 4 milhões de sacas de 60
kg e bateu recordes em volume na exportação de café solúvel, as indústrias
do setor, filiadas à Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel
(Abics), acendem o sinal de alerta diante de um novo panorama de mercado, no
qual a união de diversos fatores – clima, logística, elevação de custos e
câmbio, entre outros – contribuem para a perda da competitividade brasileira.
O Brasil nunca exportou tanto café, incluindo solúvel, como em 2020, ano
de pandemia mundial. Com o equivalente superior a 4 milhões de sacas do produto
industrializado remetidas a mais de 100 países, a receita cambial obtida foi
de aproximadamente US$ 600 milhões. “Muito competitivo, com câmbio
favorável e consumo em alta, projetávamos estimativas otimistas para 2021, que
iriam desde a manutenção do volume exportado a até um crescimento de 3%, mas
o cenário mudou”, revela Aguinaldo Lima, diretor de Relações
Institucionais da Abics.
Após um primeiro quadrimestre com exportações crescentes, o desempenho
começou a declinar a partir de maio em relação ao mesmo período de 2020.
“Com essa mudança de tendência, o setor de solúvel reviu seus números para
uma possível queda considerável no volume embarcado em 2021 frente a 2020,
interrompendo três anos de evolução contínua”, aponta.
Segundo o diretor da Abics, o setor, que projetava a possibilidade de até
3% de crescimento, atualmente já observa uma queda de 7,4% no volume das
exportações realizadas de janeiro a julho frente ao mesmo intervalo de 2020.
“Esse recuo se deu em função principalmente da elevação dos preços
do café no mercado interno e problemas logísticos de escassez de contêineres
e navios se tornando rotineiros, com picos de agravamento pontuais e que
perduram até hoje, o que gerou dificuldades e elevação nos custos para todo
setor exportador brasileiro”, explica.
Ele completa que há cenários apontados por especialistas de até um
provável caos logístico, com falta de navios que deverá se estender até
2022, o qual já afeta, inclusive, as exportações de café em grãos.
Lima anota que, aliado a isso, também ocorreram os problemas climáticos
que afetaram a produção brasileira de café. “Primeiramente, a seca e as
altas temperaturas e, mais recentemente, o frio e as geadas formam um quadro de
incertezas quanto à próxima safra e geraram uma disparada nos preços internos
e internacionais do café, o que dificulta a comercialização e causa
arrefecimento da demanda em determinados mercados”, analisa.
O diretor da Abics recorda que, com o encerramento da colheita brasileira
de café ocorrendo normalmente no segundo semestre de cada ano, as indústrias
nacionais de café solúvel iniciam o período de comercialização mais intensa
com os clientes mundiais, visando o ano seguinte.
“Geralmente a comercialização de café solúvel é realizada com
antecedências que variam de quatro a 18 meses, o que determina que as
indústrias precisam, para não correr riscos, travar seus preços, em boa
parte, com a aquisição física de matéria-prima. E é a partir da leitura
mais lenta e desaquecida dessas comercializações que passamos a rever nossas
projeções, inclusive para 2022, acendendo o sinal de alerta para o setor”,
conclui.
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 25/04/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,42Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.885,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.100,00Milho Saca
R$ 73,25Preço base - Integração
Atualizado em: 24/04/2025 09:50